Uma enxurrada de notícias, áudios no WhatsApp, gráficos sobre o assunto e vídeos que alarmam sobre a pandemia. A ficha caiu! O COVID 19 chegou no Brasil.
Embora tivéssemos muita informação a respeito do que vinha ocorrendo lá fora, a chegada devastadora por aqui deverá mexer e muito com o emocional das pessoas. E como será que o cérebro reage neste tipo de situação?
E se eu me contaminar? E se eu perder meu pai ou alguém querido com a infecção?
E se faltar comida no mercado? E se meu remédio não chegar na farmácia? E se eu tiver que entrar em quarentena? Como vou conseguir trabalhar se tudo esta parando? Como vou manter minha empresa faturando? E se eu não conseguir ganhar dinheiro nesses meses, como vou sobreviver? O que será da economia mundial?
“A eminência de algo ruim ocorrer nos assombra, e difícil pensar que uma pessoa informada e sensata, nesse momento, não se sinta com medo. Estranho seria não sentir o temor diante de tudo que vemos e ouvimos nesse período de crise. O problema é que o receio e o medo podem dominar nossa mente e adoecer nosso cérebro”, exemplifica Dr. Saulo Nader, neurologista do Albert Einstein e USP.
Segundo o médico, o sistema límbico, que é a grande central das nossas emoções no cérebro, funciona através de partículas químicas, os neurotransmissores (como serotonina, noradrenalina e histamina, por exemplo). Acontece que, com o medo e o receio, essa química cerebral pode entrar em colapso. Saulo reforça que o excesso da adrenalina e noradrenalina produzida pelo pavor pode levar nosso cérebro a adoecer, levando a ansiedade, angústia, depressão ou pânico.
Pior ainda, o médico conta que com o emocional fragilizado, as nossas defesas também caem: e assim podemos ficar ainda mais expostos e menos resistentes ao temido COVID-19. E outra, ansiedade e angústia excessiva pode dar falta de ar e até mesmo se confundir com uma dificuldade para respirar pelo COVID-19.
“Em momentos de crise, pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas podem piorar (descompensar) ou ainda, algumas pessoas podem desenvolver doenças psiquiátrica reativas ao momento de pavor”, enfatiza a psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani.
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A psiquiatra alerta sobre a overdose de informação. Se você sente que o contato constante com notícias sobre o COVID-19 (pelas redes sociais e TV) estão gerando estresse e ansiedade, evite contato excessivo com o tema.
“Existe muito Fake News e mentiras sobre cura. Infelizmente há muitos profissionais de má fé aproveitando o momento do temor para vender falsas notícias e curas milagrosas. Isso gera ainda mais ansiedade”, diz a especialista.
Mas como reconhecer que esse momento de crise está fazendo mal para o seu cérebro? Os especialistas fizeram uma lista de situações que podem estar acontecendo com você:
• Preocupação excessiva e desproporcional com o tema;
• Necessidade de ficar checando diversas vezes estatísticas e notícias sobre o assunto, de forma incessante;
• Pensamentos repetitivos e intrusivos sobre isso a todo momento. Toda hora se pega pensando sobre a chance de infecção em você ou alguém de sua família;
• Medo exagerado. Sensação de aperto no peito, angústia ou ansiedade a ter contato com o tema e as notícias sobre o assunto;
• Rigidez excessiva nas medidas de prevenção. Incomodo excessivo em pensar que mãos ou partes do corpo podem estar contaminadas levando a comportamentos repetitivos e exaustivos de lavagem de mãos ou partes do corpo;
• Aparecimento de sintomas como tristeza sem motivo aparente, perda de interesse em coisas que antes davam muita satisfação, queda na energia para realizar tarefas, ansiedade alta durante atividades do dia a dia, alterações no sono (ou insônia ou sonolência demais), alteração de apetite (ou aumento ou perda), crises de angústia, dificuldade em controlar as emoções, irritabilidade excessiva, intolerância e impaciência excessivas, entre outros.
Dra. Maria Fernanda e Dr. Saulo são unânimes em algumas dicas essenciais: -Seja realista. -Cuidado com pensamentos muito negativos e catastróficos. Mantenha o foco em se prevenir seguindo as recomendações da OMS. Lide bem com a “solidão”. Se você está isolado (em quarentena por suspeita ou com a doença, ou aderindo ao evitamento do contato social), encare isso como algo passageiro e necessário. Aproveite esse tempo valioso com lazer e entretenimento, ou ainda para colocar em dia uma tarefa de casa ou assuntos pendentes.
“Momento ótimo para ver filmes, séries, leitura, jogos, etc. Mate a saudade com a tecnologia: abuse e use das vídeos chamadas para colocar o papo em dia com quem você gosta (o vírus não vai passar pelo celular, costumo brincar com os pacientes ) Meditação também pode ser uma boa pedida”, ressalta Dra. Fernanda.
Já o neurologista fiz que atividade física é fundamental para a qualidade de vida e saúde do cérebro: “Não abandone os exercícios semanais. Caso não possa mais frequentar a academia ou encontrar seu personal, pratique atividade em casa ou ao ar livre. Vale caminhada no quintal, esteira dentro de casa e pular corda no jardim. Manter a atividade física é importante, pois a produção de endorfina que ela produz, ajuda, e muito, no equilíbrio de suas emoções, finaliza Nader