Fazer gestão agora – mais do que nunca – ficou essencial, primordial. De uma hora para outra, os profissionais viram rotinas e cronogramas mudarem devido a imposições de uma pandemia. Seja o formato home office ou a redução de equipes, a zona de conforto foi rompida. Se para os colaboradores a mudança foi grande, para gestores a situação não foi de menor impacto. Saíram na frente aqueles líderes já adeptos de gestão flexível, que prioriza controle de metas em detrimento a controle de carga horária. Na contramão estão gestores menos abertos, que ficaram com o formato de trabalho de décadas atrás.
Janaína Manfredini, especialista em Evolução & Estratégia, tem no currículo anos acompanhando o trabalho e a evolução de líderes e liderados. Para ela, uma alusão bem lúdica exemplifica bem como pensam e agem aqueles que estão à frente de times. Há dois perfis bem específicos: Gestores 4.0 e Gestores Jurássicos. “Em tempos de pandemia, a Gestão Jurássica está enlouquecendo muita gente. Tem gestor que liga às 8h para checar se o colaborador está de fato cumprindo horário em home office. Tem colaborador, com receio de perder o emprego, submetendo-se a rotinas desumanas, com carga de trabalho desumana”, explica.
Outro fato destacado por Janaína é a eliminação de separação física entre casa e trabalho, que acaba comprometendo produtividade e saúde mental. E mais, para entender como melhorar a relação home office x colaborador x gestão está na identificação de como as equipes são conduzidas. Veja algumas características de acordo com Janaína:
Nível 1: é um dinossauro, ainda acha que não dá pra fazer as coisas a distância; não consegue saber se as pessoas estão trabalhando se não estiverem sob seus olhos; precisa ver pra crer nas pessoas; não sabe o que realmente precisa ver ao final de cada período para saber se as coisas estão indo como deveriam; ainda não é percebido como o principal parceiro do seu time; faz gestão sob demanda, marca reuniões ou conversas reativamente; vive estressado e sobrecarregado.
Nível 10: seu time já roda sozinho; lhe procura quando não consegue resolver algo, pois sabem que você vai apoiá-los; bate-papo com eles fazendo perguntas do tipo “como você está?” ou “o que você precisa de mim?”; tem uma rotina de gestão que contempla encontros de acompanhamento de projetos, reuniões de apresentação de indicadores, bate-papo individual para entender o momento de cada um e falar sobre performance, encontro para perguntar ao seu time sobre como você pode melhorar a gestão; flui diante de um dia a dia intenso.
Gestão Jurássica | Gestão 4.0 |
Controla o horário do colaborador | Controla o resultado do colaborador |
Faz gestão de tarefas | Faz gestão de projetos |
Treina | Desenvolve |
Diz o que precisa ser feito | Diz o porquê e pergunta como e o que pode ser feito |
Informa | Co-cria |
Mantem por benefícios | Mantem por parceria e valores |
Fala mais do que ouve | Ouve mais que fala |
Não tem tempo para o time | Tem tempo para apoiar o time |
Está disponível para o chefe | Está disponível para o time |
Quer o tempo do colaborador | Quer a dedicação |
Entende que se não estiver disponível não é comprometido | Entende que as pessoas têm vida, que a rotina precisa ser equilibrada então não estar 100% disponível não quer dizer não ser 100% comprometido |
Ignora que as pessoas têm vida além do trabalho | Entende que a vida é uma só e que o equilíbrio melhora foco e produtividade |
Não confia que a pessoa trabalha se não estiver vendo | Confia no ser humano e baseia isso na entrega, não na presença |
Tem dificuldade em gerir a distância | Faz gestão adaptativa |
Avalia indicadores no início do mês, do trimestre, ou do ano! É engessado | Avalia indicadores dia a dia, semana a semana, ajusta a gestão o tempo todo. Flexível |
Focado no resultado | Foco em resultado e pessoas felizes |
Empatia com o chefe | Empatia com todos os stakeholders |
Cobra as tarefas | Acompanha indicadores e pessoas |