Um ano e dois meses após o começo da pandemia no Brasil, muitos profissionais continuam trabalhando de casa – de acordo com a Pnad Covid (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios sobre a pandemia e os seus impactos), em setembro de 2020, quase 8 milhões de brasileiros estavam em trabalho remoto.
Essa situação tem sido desafiadora para muitos, especialmente para os que moram em casas pequenas e/ou têm filhos fora da escola (muitas vezes, também por conta da pandemia).
Ao mesmo tempo, quem está indo trabalhar presencialmente, seja em escritórios, no comércio, na indústria ou em qualquer outro espaço, lida com o estresse diário da possibilidade de ser contaminado.
Ou seja, a pandemia tem impactado a força de trabalho de diferentes maneiras. Um relatório recente da Udemy, chamado The Portrait of a Pandemic at Work (em português, algo como “O Retrato da Pandemia no Trabalho”), aborda o assunto.
Um dos resultados do relatório é que 72% dos pesquisados se mostraram preocupados que o “novo normal” tenha um impacto negativo duradouro na sua qualidade de vida e nas suas expectativas para o futuro. No total, foram ouvidos mais de 1.000 profissionais que trabalham em tempo integral normalmente em escritórios, nos Estados Unidos.
Outro resultado importante a ser mencionado é que 92% das mães entre os profissionais pesquisados afirmaram que têm se esforçado mais para conciliar a vida profissional e a vida doméstica do que os seus parceiros.
Então, o que os gestores das empresas podem fazer para liderar com empatia neste e em outros momentos de crise? Respondo como instrutor de liderança na Udemy.
A empatia é essencial para a liderança de alta performance e deve estar inserida na cultura organizacional da empresa. Uma cultura organizacional totalmente baseada em processos ou produtividade não dá conta de todas as facetas e necessidades dos profissionais, principalmente nos tempos atuais.
Uma liderança empática gera reconhecimento, confiança e engajamento por parte dos profissionais. Um exemplo é o de um funcionário que tem um desempenho fantástico e está com um parente doente (algo infelizmente tão comum nos dias atuais) e é dispensado mais cedo pelo seu gestor para cuidar da família. Isso gera reconhecimento.
Outro é o de um líder que, quando ouve as reclamações de um funcionário que não foi promovido e gostaria de ter sido, se oferece para trabalhar junto com ele para que a promoção aconteça. E trabalha. Isso gera confiança e engajamento.
Algo importante a ser destacado é que não basta o líder falar que vai fazer, ele precisa de fato fazer. Com ações positivas por parte da liderança, o profissional desenvolve um melhor relacionamento com a empresa – e permanece no emprego por mais tempo.
A empatia reduz a rotatividade de mão de obra nas empresas, porque os funcionários, quando pensam em trocar de emprego, não comparam apenas salários, mas também experiências, aprendizados, ambiente e pessoas (líderes e colegas).
Além disso, a empatia atrai talentos. Uma empresa que se preocupa com os sonhos dos seus funcionários e quer ajudar na realização desses sonhos, criando planos de carreiras e desenvolvendo esses funcionários, se destaca entre as empresas que oferecem o mesmo salário para a mesma vaga.
Principalmente em tempos como os atuais, em que muitos de nós estão mais tristes e sobrecarregados, uma liderança empática faz toda a diferença para o sucesso do profissional – e para o sucesso da empresa.
Por Gustavo Farias – instrutor de liderança na Udemy e na Udemy for Business (braço de treinamento corporativo da plataforma).