Estabelecendo limites e responsabilidades: o papel do gestor na criação de um ambiente de trabalho saudável.
Por Gustavo Malavota – sócio fundador do Grupo Mola
O comportamento das pessoas no ambiente de trabalho está intimamente relacionado ao que o gestor permite. Quando um líder não define claramente o que é aceitável ou não, atitudes indesejadas podem se tornar comuns. Frequentemente, isso ocorre por uma falha na gestão de expectativas. Portanto, é essencial que o líder estabeleça limites claros e os comunique eficazmente à equipe. Isso cria um ambiente onde todos conhecem as regras do jogo e os comportamentos esperados, melhorando a dinâmica de trabalho e aumentando a produtividade.
Contudo, muitas vezes as empresas, especialmente aquelas com equipes mais jovens, tendem a culpar os millennials por comportamentos imaturos ou por uma falta de resistência a críticas e pressões. Essa perspectiva ignora o papel fundamental dos gestores na formação do comportamento dos colaboradores. Se um líder não for firme e consistente em suas ações, cria-se um ambiente onde o “mimimi” — reclamações constantes e excessivas — se torna cada vez mais comum. Quando isso ocorre, não é justo responsabilizar apenas uma geração sem considerar a responsabilidade do gestor em criar um ambiente mais equilibrado e respeitoso.
A palavra “mimimi”, frequentemente usada pejorativamente para descrever aqueles que estão constantemente reclamando, reflete sobre o ambiente de trabalho. Embora muitas vezes associada à falta de resistência ou maturidade, essa atitude também pode ser uma forma de busca por compreensão ou validação. Quando as pessoas se sentem ignoradas ou desprezadas, podem recorrer a esse tipo de comunicação informal para expressar suas frustrações. Portanto, é vital que os gestores saibam ouvir as queixas de sua equipe e busquem soluções para os problemas de forma construtiva, em vez de simplesmente ignorar ou ridicularizar as reclamações.
Ao estabelecer limites claros e comunicar eficientemente o que é aceitável e o que não é, o gestor cria uma cultura de respeito e transparência. Se a equipe já estiver acostumada a um comportamento de “mimimi”, pode haver resistência inicial, mas, com o tempo, entenderão que as regras foram estabelecidas e que qualquer reclamação será tratada conforme os parâmetros definidos. A chave aqui é a consistência. O líder precisa agir de acordo com as regras que impôs para que a equipe confie no processo e compreenda que as expectativas são justas e claras.
Assim, a comunicação eficaz e o estabelecimento de limites são ferramentas fundamentais para um gestor criar um ambiente de trabalho saudável. Com esses dois elementos presentes, as chances de surgirem comportamentos imaturos e reclamações excessivas diminuem consideravelmente. O resultado é uma equipe mais produtiva, com uma dinâmica mais positiva, onde as pessoas sabem o que se espera delas e como devem se comportar para contribuir com o sucesso do grupo. Em última análise, a responsabilidade pela criação de um ambiente de trabalho respeitoso e eficiente recai sobre o gestor, que deve ser firme, claro e coerente em suas ações.
