Se você não trabalha em “empresa de uma pessoa só”, certamente tem que lidar, diariamente, com duas ou mais pessoas. Eventualmente, rompem-se as barreiras do profissional para que haja um contato, conexão ou vínculo com um ou mais colegas. Essa é a definição, para a psicologia e para a sociologia, de relacionamento interpessoal.
E, no ambiente de trabalho, todos os relacionamentos devem ser saudáveis, e não só para garantir a produtividade. A saúde mental dos colaboradores também está intimamente ligada com a forma com que eles se conectam a seus pares no dia a dia.
É fato: quem bate ponto em uma empresa de 9h às 17h vai, invariavelmente, passar um terço de sua vida adulta no serviço. Portanto, é importante que as relações interpessoais no ambiente de trabalho sejam as melhores possíveis, já que ninguém quer gastar tanto tempo lidando com pessoas das quais não gosta.
O começo do desenvolvimento do relacionamento com colegas de trabalho é a partir da empatia e do respeito. Isso parte de todos os lados: líderes, diretores, do funcionário com mais tempo de casa ao estagiário que está no primeiro emprego, todos devem contar com esses valores para que os relacionamentos interpessoais sejam frutíferos.
A partir daí, muitos outros se desdobram para que a conexão entre pares não seja efêmera. Paciência, humildade, imparcialidade e clareza em critérios técnicos são características de quem sabe desenvolver relações saudáveis em qualquer ambiente, inclusive o de trabalho.
Por que fazer o esforço?
Ninguém no mundo é capaz de ter apenas dias bons, muito embora esse seja o desejo de sempre.
Todo mundo, ao menos uma vez na vida, já passou por uma dor de cabeça, um mal-estar, uma briga em casa que abala a energia dentro do trabalho. Isso é perfeitamente normal. E, quando se trata de uma equipe que cultiva boas relações entre si, são momentos passageiros.
Justamente por isso é crucial desenvolver as relações interpessoais no ambiente profissional: quando não estamos nos melhores dias, dependeremos do histórico de atitudes anteriores para termos a quem recorrer.
Você já deve ter visto empresas que são firmes em seu propósito de ajudar a desenvolver a relação entre seus colaboradores. Não precisa ser uma gigante de nenhum ramo, nem ter orçamento ilimitado, para conseguir esse resultado. O relacionamento interpessoal é melhor trabalhado a partir da cultura da empresa, acima de tudo.
Assim, uma empresa que se dedica a mostrar que todos são parte importante de uma engrenagem, cada um a seu modo, vai conseguir dar um passo além. Negócios que atuam dessa forma têm o funcionário por inteiro, durante o período de trabalho, e criam verdadeiros advogados da marca quando a equipe está em seus momentos de lazer.
Vale lembrar que uma boa relação de trabalho não significa, necessariamente, amizade. Pessoas que não teriam atividades em comum fora do escritório podem, ainda assim, ser perfeitas companhias de trabalho uma para a outra. Não há nenhuma regra que diga que é preciso ser amigo dos colegas; apenas ser um/a bom/boa colega para os pares.
E se eu não melhorar as relações interpessoais dentro da minha empresa?
Os relacionamentos, para funcionar bem, precisam de uma série de fatores, dentre eles a colaboração entre os envolvidos, a resiliência e o bom senso. Se não houver essas características, não há muito o que possa ser feito. Dessa forma, trate para que a empresa priorize esses valores na tentativa de melhorar as relações de trabalho.
Mas uma organização sobrevive sem que exista a melhoria nas relações interpessoais? Até sobrevive, pois o coleguismo entre os colaboradores não é a única variável do sucesso empresarial. Contudo, não se pode definir até quando.
Já reparou que, às vezes, alguém sai de uma empresa falando em como o local era chato, as pessoas eram desagradáveis e ela não conseguia explorar todo seu potencial por sempre ter alguém querendo travá-la? Essa queixa, comum em relacionamentos interpessoais pouco saudáveis de trabalho, pode fazer com que a atração de talentos se torne um obstáculo.
Quem não quer desenvolver bons relacionamentos dentro do horário comercial, ou não quer fomentar essa atitude na equipe, corre o risco de perder pessoas boas de serviço e não encontrar peças de reposição à altura. Também pode ter problemas caso o colaborador desenvolva transtornos psicológicos a partir de um ambiente de trabalho ruim.
É por isso que dizemos, sempre, que não adianta tratar o funcionário apenas como alguém que bate ponto para cumprir tarefas. O olhar ao lado pessoal e humano de cada um é indispensável para que problemas, que talvez nem existam hoje, possam sempre passar bem longe da sua porta.
Relações de trabalho: responsabilidade do RH
A lógica diz que, se um não quer, dois não brigam. Mas, para que essa frase deixe de ser apenas um ditado para se tornar uma constante no ambiente de trabalho, o esforço começa no setor de Recursos Humanos.
A maneira principal de fazer com que as relações interpessoais sejam facilitadas é fazer a seleção de colaboradores com o perfil que a empresa julga ser o ideal. Mesmo com personalidades diversas, se todos os funcionários estiverem alinhados com o que é importante para a empresa e, em consequência, para os colegas, é pouco provável que surjam, no caminho, problemas de relacionamento.
Outra responsabilidade do RH é gerenciar os conflitos assim que eles aparecem, mas, principalmente, deixando claro as regras do jogo assim que cada novo colaborador entra na casa.
Por exemplo: uma pessoa X pode achar ruim que uma pessoa Y chega sempre uma hora depois do horário de trabalho, mas como o RH pode endossar ou refutar essa reclamação se não há um sistema de controle de entrada e saída? Os colaboradores têm o direito de pontuar desvantagens, sob seu ponto de vista, e o dever do RH é fazer com que a empresa tenha ferramentas para lidar com toda a gama de insatisfações.
A melhoria nas relações interpessoais de trabalho exige uma perícia e tato que só um bom profissional de RH tem. Empresas que dão carta branca para que os profissionais de recursos humanos trabalhem com as melhores soluções para gestão de pessoas dificilmente – para não dizer “nunca” – se arrependem de tomar essa decisão.