A melhor maneira de medir seu desempenho é pedir feedbacks constantemente da liderança
Já estamos no meio do ano e, apesar da promessa de recuperação econômica prevista no início do ano, as incertezas eleitorais e a greve dos caminhoneiros tornaram 2018 uma caixinha de surpresas. Todo esse contexto torna a negociação de aumento de salário ainda mais delicada. Apesar disso, é possível conquistar um reajuste na folha de pagamento que esteja à altura dos resultados que foram entregues no primeiro semestre.
A maioria das pessoas acha que o aumento de salário precisa estar atrelado ao aumento de trabalho, mas a verdade é que a negociação é feita em cima do quu já foi entregue, e não como uma promessa para entregar mais. Nesse sentido, o primeiro passo para conseguir negociar um aumento é fazer um bom trabalho dentro das funções que você já tem. E, por fazer um bom trabalho, entende-se planejar metas e prazos, mensurar resultados e fazer as entregas dentro ou acima do esperado.
Quando se está diante da liderança pleiteando uma remuneração maior, ou uma promoção, você precisa “provar” porquê merece aquele reconhecimento. Nada melhor do que números para sustentar seu argumento. Sempre sugiro que o profissional faça um levantamento de seus resultados, projetos concluídos, os desafios que surgiram e como foram superados, e metas atingidas. Mostre o que tem feito pela empresa, pela área, pelos seus colegas.
O marketing pessoal também faz diferença nessas horas. A maneira como o profissional é visto e se expõem diante dos pares e líderes, influencia no tom de sua negociação. Como a imagem que passamos não se constrói do dia para a noite, mas sim ao longo do relacionamento, a dica é manter-se bem visto por todos.
A melhor maneira de medir seu desempenho é pedir feedbacks constantemente da liderança. Isso mesmo que você leu, peça por feedbacks, não fique esperando as reuniões de calibração anuais, até porque ainda não são todas as empresas que incluem esse tipo de oportunidade como parte dos processos internos.
Dessa forma, o termômetro estará sempre regulado e o profissional conseguirá escolher o time perfeito para ter essa conversa. Outra variável que precisa ser coloca no papel é o momento econômico da empresa. Se o mercado não está indo bem, demissões estão acontecendo por falta de dinheiro, não adianta reunir dados sólidos e argumentos convincentes. O “não” será uma resposta certa nesses casos. Vale o bom senso entre as metas que o profissional alcançou e o impacto que a empresa está sofrendo com a crise ou incertezas do mercado.
Se para a maioria dos profissionais o assunto ainda gera frio na barriga, do outro lado da mesa a liderança também precisa se preparar para ter essa conversa. De modo geral, durante a negociação, além de avaliar os resultados, a empresa também vai olhar o conjunto da obra. Ou seja, quais as habilidades comportamentais e técnicas, se ele busca assumir riscos e responsabilidades, se possui bom relacionamento interpessoal, se investe em treinamentos e aperfeiçoamento profissional.
Quando a empresa não tem uma política de remuneração clara, plano de carreira definido, a negociação pode demorar um pouco mais, uma vez que o líder precisará analisar com calma a demanda profissional. Em muitos casos, o líder direto também precisará submeter o pedido para uma gestão superior ou diretoria. Para não criar expectativas que talvez não possa cumprir, é importante acolher os argumentos sem fazer promessas.
Nem sempre o profissional receberá um “sim” como resposta e, caso isso aconteça, o melhor caminho é entender e alinhar com o seu superior o que precisa ser feito para alcançar essa meta. O “não” precisa ser seguido de um feedback bem estruturado, acompanhado dos motivos e de novos alvos a serem buscados. Caso contrário, o funcionário ficará desmotivado e certamente irá se descolar do propósito empresarial.
Terminar 2018 com um salário maior do que o começou requer, acima de tudo, muito trabalho e dedicação. A boa notícia é que estamos entrando no segundo semestre. Aqueles que alcançaram as metas precisam mensurar seus resultados e defender o aumento. Os que ainda não alcançaram, tem tempo para virar o jogo e buscar uma remuneração maior ainda esse ano.
Por Marcelo Olivieri, bacharel em psicologia e possui MBA em Gestão Estratégica. Com mais de 10 anos de experiência no recrutamento especializado nas áreas de marketing e vendas, Olivieri é diretor da Trend Recruitment.