De acordo com diretora de Tendências de Aprendizagem na Afferolab, Daniela Libâneo, as lideranças devem ter agilidade com pausa e com reflexão. O momento atual vivido pelas empresas traz muitas questões com o recolhimento e reflexão, logo, a busca pelo autoconhecimento e o equilíbrio emocional são essenciais. A calma deliberada e otimismo limitado são fundamentais para lidar com a equipe. É necessário ter empatia, acolher a equipe e apoiar a liderança para gerenciar os erros e as vulnerabilidades. Trabalhar a questão comportamental dos líderes é tão importante quanto investir em ferramentas tecnológicas. A executiva traz também tópicos importantes relacionados a gestão das equipes, como:
Prontidão para crise como vantagem competitiva
De acordo com a Pesquisa de Crise Global da PWC de 2019, 69% das empresas em geral sofreram pelo menos uma crise corporativa nos últimos cinco anos, enquanto as empresas com mais de 5 mil funcionários provavelmente sofreram mais de cinco crises, equivalente a uma por ano. As empresas que melhor se situam nesses cenários possuem lideranças que criam planos de crise constantemente revisitados, sendo ágeis em tempo real, com planos de comunicação internos e externos competentes, planos de continuidade de negócios, exercícios de cenários realistas, flexibilidade aos erros que vão acontecer, rapidez nos reajustes de rotas e sempre, acima de tudo: foco e cuidado com as pessoas.
Comitês multidisciplinares ou redes de equipes
Durante uma crise, os líderes devem abandonar a crença de que uma resposta de cima para baixo gerará estabilidade. Com comitês multidisciplinares ou redes de equipes que se reúnem diariamente e com informações advindas de fontes confiáveis, tomadas de decisões, compartilhamentos de problemas, angústias de áreas e colaboradores realizadas em conjunto garantem a disseminação de informação coesa e sem os ruídos que ocorrem frequentemente em silos. “Em muitos casos, a rede de equipes incluirá um centro nervoso integrado que abrange quatro domínios: proteção da força de trabalho, estabilização da cadeia de suprimentos, envolvimento do cliente e teste de estresse financeiro” (Mckinsey)
Equilíbrio emocional: o valor da ‘calma deliberada’ e do ‘otimismo limitado’. O ciclo de pausa-avaliação-antecipação de ação deve ser contínuo, pois ajuda os líderes a manter um estado de calma deliberada e a evitar exagerar nas novas informações à medida que elas chegam. Enquanto em alguns momentos durante a crise a ação imediata será requerida, em outros será necessário refletir, juntamente com a rede de equipes e o estudo das fontes confiáveis de informações, antes da tomada de decisão e posterior comunicação.
Comunicação eficaz
Repetidas vezes, vemos líderes assumindo um tom otimista e confiante nos estágios iniciais de uma crise – e levantando suspeitas das partes interessadas sobre o que os líderes sabem e quão bem eles estão lidando com a crise. É fundamental iniciar logo um plano de comunicação, manter a transparência e fornecer atualizações frequentes, promovendo a segurança psicológica das pessoas. Criar rotinas de informação e comunicação sobre a empresa, o trabalho e as vidas das pessoas – não no mesmo momento e nem utilizando os mesmos canais é uma estratégia primordial. Demonstrar empatia, lidar com a tragédia humana como primeira prioridade para que as pessoas possam discutir abertamente ideias, perguntas e preocupações sem medo de repercussões permite que todos entendam a situação e como lidar com ela através de um debate saudável.