Saber se adaptar a esse novo perfil de talentos pode ser um diferencial para que as companhias se destaquem
O País viverá, nos próximos meses, diversas mudanças no mercado de trabalho, já que em novembro entram em vigor as novas regras da Reforma Trabalhista, e em janeiro será a vez do eSocial, programa de unificação de dados do Governo Federal. Somado a essas mudanças está um novo perfil de mão de obra de trabalho: os Millennials.
Nascidos entre 1980 até meados de 1990, essa geração cresceu com a evolução da tecnologia, com o desenvolvimento da economia e com um novo nível de informação. O ambiente digital influenciou a maneira como foram para o mercado de trabalho e a interação deles com outras gerações. Entender a maneira como pensam e o que desejam em termos de carreira é um desafio para muitas empresas, e as que conseguirem cativar esses jovens se destacarão no mercado em um futuro próximo.
O desafio torna-se ainda maior quando começam a existir diferenças de pensamentos e de opiniões entre os próprios Millennials. Segundo a pesquisa da ADP, Evolution of Work – realizada em junho deste ano em empresas com mais de 50 funcionários, presentes em 13 países – quando o assunto é entrevista de emprego, por exemplo, o e-mail perdeu seu apelo com os mais jovens da geração: apenas 37% dos com idades entre 18 e 26 anos gostam de usá-lo durante o processo, se comparado com os 49% dos mais velhos, com idades entre 27 e 35. Sendo que a comunicação presencial é a preferida por todas as gerações.
Por causa da tecnologia, a vida dos jovens está mais globalizada e os dispositivos móveis, sempre conectados, acabaram com a divisão entre o trabalho e a casa, deixando a separação entre vida pessoal e carreira cada vez mais fragilizada. Hoje em dia é possível acessar os e-mails corporativos de qualquer lugar e a tendência é que a jornada de serviço precise ficar cada vez mais flexível.
Essa geração sempre vai buscar empresas mais colaborativas e com mais liberdade, com ferramentas e ambientes dinâmicos. Muitos dos jovens de hoje em dia têm um perfil mais empreendedor ou um desejo de ascender na carreira mais rapidamente. Do lançamento de aplicativos até a abertura de startups, a busca por mais autonomia comprova o desejo por trabalhos nos quais consigam mais versatilidade e ter as rédeas de suas próprias rotinas.
De acordo com Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos para América Latina da ADP, se adequar a essa nova rotina é uma forma de cativar os jovens colaboradores. “As empresas estão começando a olhar para isso agora, mas não estão 100% focadas”, afirma. “As corporações que souberem se adaptar a essas mudanças vão conseguir atrair e reter mais talentos”, completa a executiva.
Além disso, segundo Mariane, é preciso deixar para trás o antigo hábito de impor algumas regras, como horário certo para tomar um café da tarde ou escolher qual curso o colaborador deve fazer. Os millennials buscam sempre por rotinas flexíveis e pela liberdade de escolher o que estudar. “Outro costume que as empresas precisam abandonar é a proibição do uso de redes sociais. Para uma geração que já nasceu digital, não é mais possível negar o uso delas durante o expediente”, explicou. “Se parecer muito complicado se adequar a tantas mudanças, incluir dias de home office na jornada de trabalho é um bom começo”, acrescentou Mariane.
Em diversas empresas, os Millennials já são a maioria e muitas companhias começam a enxergar mudanças nos processos e rotinas. Essa geração é movida por propósitos e não hesitam em sair do trabalho se não sentem empatia com os chefes. “Eles são protagonistas da sua própria carreira”, completou Mariane. Diferente do que se pensava, os novos profissionais estão muito mais preocupados em trabalhar em empresas inovadoras do que em companhias de renome.
É importante medir o pulso de sua própria força de trabalho regularmente e reconhecer que diferentes estágios de vida trazem preocupações diferentes aos colaboradores. Olhar para essa geração com atenção faz com que a empresa consiga ser atraente e competitiva. Um dia eles serão os líderes e ditarão as regras, e as companhias que não começarem a se atualizar agora podem estar perdendo grandes talentos.