Habilidades básicas garantem a adaptabilidade necessária
Colunista Mundo RH, Fabrício Garcia, CEO da Qstione
Recentemente, alguns artigos e estudos têm me chamado a atenção ao anunciarem que determinadas profissões serão extintas nos próximos anos. Esse tipo de matéria pode levar a um certo desespero que, na maioria dos casos, só aumenta a insegurança das pessoas em relação ao seu próprio futuro no mercado de trabalho.
A extinção de profissões sempre aconteceu no decorrer da história da humanidade. Há apenas quarenta anos, o datilógrafo era um profissional extremamente requisitado na maioria das empresas e no setor público. A profissão foi totalmente extinta, graças à evolução dos computadores portáteis.
Outro possível exemplo, ainda não concretizado, é o caso dos programadores (desenvolvedores de sistemas). Atualmente, essa é uma das profissões mais valorizadas no mercado de trabalho, mas, com o avanço das tecnologias de inteligência artificial, a atividade de programação pode sofrer mudanças profundas que possivelmente impactarão a profissão de forma irreversível.
Alguns podem afirmar que, nos dias atuais, essa volatilidade é maior do que foi em um passado recente, mas esse não deve ser o cerne da discussão. O fato é que o fenômeno caracterizado pela extinção de profissões e surgimento de novas atividades faz parte da dinâmica social do mercado de trabalho. Nesse contexto, o avanço da tecnologia e as mudanças dos costumes, inerentes à evolução natural da sociedade, são os principais fatores desencadeantes desse fenômeno.
Até poderíamos aprofundar a discussão sobre as causas ou as injustiças sociais provocadas pela extinção de profissões, mas isso nos levaria a um lugar comum, no qual nos debateríamos contra a própria evolução da sociedade. Vale ressaltar que o avanço social e tecnológico pode até fechar algumas portas, mas abre muitas outras. Assim, quando uma profissão é extinta, geralmente muitas outras surgem no mercado.
Portanto, a nossa discussão deve estar centrada em como os profissionais podem se adaptar e transitar entre as diversas profissões. Mas, como fazer isso?
O primeiro passo é incorporar uma mentalidade aberta em relação ao aprendizado contínuo, já que dificilmente você irá se aposentar seguindo na mesma profissão ou desenvolvendo as mesmas atividades do início da carreira. Adicionalmente, é preciso planejar a sua própria educação. Para começar, foque na aquisição de habilidades básicas, como comunicação, escrita, lógica e domínio de diferentes linguagens. Muitas dessas habilidades devem ser fortemente trabalhadas ainda no ensino básico. Se você não fez isso, não se desespere, corra atrás do prejuízo!
São as habilidades básicas que vão alicerçar a sua capacidade de aprendizado e adaptabilidade às mudanças profissionais, pois elas atuam como componentes aceleradores da aquisição de novos saberes. Se você não domina o básico, dificilmente vai conseguir adquirir conhecimentos mais especializados.
Outro ponto de atenção é a administração do tempo. Não desperdice dinheiro e tempo fazendo cursos ou adquirindo habilidades desconectadas da realidade de mercado. Lembre-se: a sua educação deve ser planejada de forma racional e estratégica, com um olhar fixo para as necessidades sociais e mercadológicas. Além disso, boa parte do aprendizado não depende de agentes externos, pois você mesmo, de forma autodidata, pode adquirir novas habilidades e conhecimentos.
Por fim, leia todos os dias (pelo menos 30 min), tenha sede por novos conhecimentos e não desperdice seu tempo nas redes sociais. A mudança positiva de hábitos pode gerar efeitos grandiosos na sua vida pessoal e profissional, mas, não esqueça, a disciplina e a constância das ações são características marcantes da maioria dos profissionais de alta performance