Atualmente, uma das melhores maneiras de impedir a rotatividade de profissionais nas empresas é garantir um bom ambiente de trabalho que, além de ajudar os funcionários a serem mais eficientes, também reflita o modo como a marca se destaca no mercado, local ou regionalmente.
Para conseguir manter uma equipe motivada, existem diversas estratégias que vão desde criar espaços de atividade física e serviços que proporcionam experiências de colaboração e diversão até a conveniência de trabalhar em casa, entre outras medidas.
No entanto, uma das estratégias mais simples e que também atrai novos talentos para as empresas é o recrutamento e a integração de pessoas com deficiência ou com diferentes capacidades na equipe de colaboradores.
De acordo com o Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), 15% da população mundial tem alguma forma de deficiência – ou seja, aproximadamente um bilhão de pessoas enfrentam constantemente falta de oportunidade de trabalho. No entanto, começam a surgir empresas que demonstram mudanças e abertura em suas políticas de contratação e apostam na inclusão no ambiente profissional.
No Brasil, 12,7 milhões de cidadãos (6,7% da população) são pessoas com deficiência (PCDs) de acordo com o último Panorama Nacional e Internacional da Produção de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, 418,5 mil estavam empregadas em 2016 segundo dados do Ministério do Trabalho. Esse contingente vem crescendo ano a ano, mas ainda há barreiras a serem transpostas.
Para os brasileiros, o principal mecanismo de inserção laboral é o artigo 93 da Lei nº 8.213, de 1991, para que empresas de qualquer natureza com 100 ou mais empregados preencham de 2% a 5% dos seus postos de trabalho com Pessoas com Deficiência e/ou beneficiários reabilitados pela Previdência Social.
Diante desse cenário, diversas organizações privadas e órgãos públicos concordam que é necessário aprofundar as políticas do governo para eliminar essa vulnerabilidade. Ser uma empresa inclusiva requer tomar uma série de medidas para promover a diversidade entre os profissionais com ações diárias concretas.
Sugerimos abaixo algumas recomendações para alcançar esse objetivo:
- Conscientizar os colaboradores. É necessário comunicar às equipes as medidas de inclusão que serão tomadas pela empresa, sensibilizá-las sobre diversidade e orientá-las sobre como integrar os novos colegas.
- Treinamento dos novos funcionários. Ainda que a equipe de RH tenha anteriormente orientado os candidatos com deficiência sobre as políticas da empresa, é necessário que, antes da sua integração formal, seja oferecido um treinamento com uma breve descrição dos processos, da área em que entrarão e da importância de seu trabalho.
- Adaptação dos espaços. No caso da contratação de pessoas com deficiência física ou motora, devem ser criadas rampas e ajustados os espaços em que desenvolverão seu trabalho para facilitar a mobilidade, além de instalar corrimãos para fornecer suporte àqueles com dificuldade de locomoção.
- Acompanhamento das atividades. Durante o primeiro mês, é recomendável fazer um acompanhamento intensivo do trabalho dos novos funcionários a fim de apoiá-los na adaptação ao local de trabalho. Pouco a pouco, eles serão capazes de realizá-las sem apoio extra e não será mais preciso acompanhar suas tarefas
- Punição de ações discriminatórias. É necessário deixar claro que não será permitido zombar, discriminar ou excluir profissionais com deficiência dentro da empresa. Assim se construirá uma verdadeira cultura de integração.
Devemos reconhecer que talentos surgem de diferentes maneiras. Cada pessoa tem uma habilidade diferente e, independentemente de deficiências, o trabalho pode ser eficiente e competitivo. É preciso que as empresas mostrem abertura à integração. E, ao fazer isso, terão várias vantagens: além de gerar ambientes produtivos e diversificados com um clima melhor, terão benefícios fiscais oferecidos pelo governo.
Claudia Gomes é diretora jurídica da Unisys para América Latina