Segundo *relatório anual do Fórum Econômico Mundial (WEF), The Future of Jobs, responsável por mapear empregos e habilidades do futuro, até 2025 a automação substituirá 85 milhões de empregos no mundo e um novo direcional de trabalho no qual a convivência entre máquinas, algoritmos e humanos criará 97 milhões de empregos.
E nesse contexto, há uma série de habilidades que serão mais demandadas para o profissional do futuro. “Podemos dizer que estamos tratando de um profissional do amanhã, pois as demandas profissionais já se configuram e trazem necessidades que precisam ser endereçadas neste momento e em um curto espaço de tempo”, afirma Ana Kuller, especialista de educação do Senac São Paulo.
Skills dos campos de pensamentos crítico e analítico, resolução de problemas, autogestão, autorregulação em termos de aprendizagem e inteligência emocional foram apontadas pelo Fórum Econômico Mundial. E sobre as habilidades que se destacam com maior crescimento de demanda foram destacadas pelo report: aprendizagem ativa e estratégia de aprendizagem; criatividade, originalidade e iniciativa; design e programação de tecnologia; inteligência emocional; liderança e influência social; solução de problemas complexos; soluções de UX (experiência do usuário); pensamento crítico e análise.
“Considerando que o desenvolvimento tecnológico exponencial vai continuar modificando a natureza das tarefas e as próprias ocupações e postos de trabalho, os profissionais precisarão estar aptos a continuar sempre aprendendo e adaptando suas competências às novas configurações que se apresentam”, explica a especialista.
Ana Kuller acrescenta que é importante que além de uma área de especialidade, os profissionais desenvolvam conhecimentos em uma gama ampla de assuntos, de modo a convocarem estes conhecimentos ao desenvolver propostas e projetos. Além disso, o desenvolvimento de capacidades relacionais torna-se essencial, uma vez que o trabalho em equipe se configura como prevalente, então apostar no desenvolvimento de inteligência emocional, comunicação, colaboração também é essencial.
Carreira, um novo conceito
O conceito de carreira está sofrendo profundas transformações. De acordo com a especialista de educação do Senac São Paulo, a lógica de acúmulo e sequenciamento linear de cargos em hierarquias cada vez mais elevadas já vem sendo posta em xeque há algum tempo e com o mundo do trabalho se transformando cada vez mais rápido passou a existir a necessidade de aprendizado contínuo. Muitas vezes, estas transformações alteram profundamente a configuração do campo de trabalho, o que obriga o profissional a se reinserir de novas maneiras.
“Em um mundo não linear, conectado, multidisciplinar, exponencial e não previsível, carreiras lineares passam a ser ainda mais raras. O que passamos a verificar são caminhos variados a partir de oportunidades que vão sendo identificadas e acabam construindo um percurso no qual a experiência anterior funciona de base para o passo seguinte”, afirma Ana Kuller.
A partir dessas características, deixa de fazer sentido uma lógica na qual há prescrições de cargos com tarefas e responsabilidades pré-definidas e passa a vigorar uma lógica em que as oportunidades são criadas, identificadas e aproveitadas em função de uma situação emergente, num processo que chamamos de invenção ocupacional.
Para ela, a experiência e competências desenvolvidas e aprimoradas em uma experiência são o ponto de partida para a construção dos próximos passos, configurando um percurso não linear, muitas vezes com duas carreiras em sobreposição. Portanto, a carreira deixa de ser um percurso rígido e com começo e fim pré-definido e passa a ser um percurso não linear e múltiplo e que é construído ao longo do processo.
“A carreira não existe a priori, mas vai sendo construída a partir das escolhas e experiências em função das oportunidades identificadas ou desenvolvidas numa perspectiva de ciclos de aprendizado que se articulam”, finaliza a especialista.
Fonte: https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2020.pdf