A etimologia da palavra crise tem origem do latim “CRISIS” e do grego “KRISIS” que significam julgamento, seleção ou resultado de uma avaliação. Ou seja, ela tem uma aplicação semântica didática, onde se faz necessário selecionar por meio da experiência das atitudes assertivas (ou não), e trilhar novos caminhos virtuosos e exitosos com base nos ensinamentos pretéritos.
A crise tem característica sistêmica, atingindo um profissional em diferentes aspectos simultaneamente, quer seja em esfera individual ou coletiva. A crise não necessariamente tem origem de um ato não valoroso, mas sim uma interpretação de esgotamento de um patamar, um estágio.
Pensemos na figura de uma escada. Quando subimos um degrau (patamar) somos deparados com outro degrau (obstáculo), como somos inerciais continuamos no mesmo patamar pois a zona de conforto nos governa, e quando insistimos em não subir um novo degrau (patamar) nos confrontamos com os obstáculos naturais, gerando frustração. É este o momento que precisamos subir outro degrau, crescermos e elevarmos o nosso patamar por meio do desafio apresentado. E quando subirmos este patamar, enfrentaremos novos obstáculos que nos farão coercitivamente evoluirmos ou estarmos sujeitos a estagnação. Como dizia Sêneca: “O destino conduz o que consente e arrasta o que resiste.”
A crise apresenta, portanto, uma característica de desconstrução de uma premissa de visão, construindo um novo cenário pautado em novas premissas mais valorosas e assertivas. A saída da crise é o aprendizado.
E quais os caminhos para superar uma crise?
- Assumir a indelegável responsabilidade no seu crescimento
Segundo Marco Aurélio na sua Teoria da Responsabilidade: “Já te estava reservado, desde toda a eternidade, tudo quanto te acontece. Na mesma trama, tua existência e este acidente serão tecidos, segundo o encadeamento inevitável das causas.”
A teoria da responsabilidade nos remete que as crises que nos são confrontadas e atraídas são indissociáveis para o crescimento. Se não fosse uma situação, seria outra; se não fosse o chefe mal-humorado; seria outro etc.
Devemos assumir a responsabilidade pelos nossos problemas e situações adversas, não terceirizar nossas derrotas ou frustrações.
- Paciência
“Aquele que tiver paciência terá o que deseja.” (Benjamim Franklin)
Esse é o problema de muitos profissionais, eles não têm paciência. Eles não têm vontade de resolver algo lento, clara e nitidamente em suas estratégias, de modo que possam realmente “sentir que funciona”. Eles querem experimentar sua primeira ideia imediatamente; e o resultado é que eles gastam muito tempo, dinheiro e energia apenas para descobrir que estão trabalhando na direção errada. Todos nós cometemos erros e é melhor cometê-los antes de começar.
Antes de começarmos quaisquer iniciativas é fundamental a construção de bases sólidas edificada por nossa experiência com seus erros e acertos. A paciência, portanto, se mostra fundamental para encaramos as frustações de uma maneira mais saudável e adotarmos caminhos mais exitosos.
- Consistência
“Se você está atravessando o inferno, não pare.” (Winston Churchill)
Muitos profissionais quando são confrontados por uma crise, como resposta entram em pânico e permanecem inertes, catatônicos.
Não deixe que a crise corte seu canal de redenção, no compromisso do movimento. Segundo a Física dinâmica, a força para quebrar o atrito da inércia é muito mais intensa comparada ao atrito dinâmico, ou seja, quando um objeto está em movimento. Permanecermos em movimento na busca da evolução e crescimento para superar uma crise é fator essencial em sua superação e alcance de novos patamares.
A consistência é fundamental: decidir fazer algo por um dia e refazer essa decisão todos os dias, incansavelmente, até esta atividade se tornar um hábito que materializa o objetivo desejado. O significado de consistência vai ainda mais além e está diretamente ligado à ideia de “continuidade”, pois ser consistente é o que faz com que todas as nossas atividades, tanto pessoais, quanto profissionais, continuem seguindo o fluxo, até serem finalmente concluídas.
- Evite o catastrofismo
Segundo William James: “Pessimismo leva à fraqueza, otimismo ao poder.”
A mídia nos impacta diariamente com notícias catastróficas, todos os dias somos impactados por vários formatos de uma mesma notícia (pandemia, economia, violência etc.) em formatos diferentes. Obviamente precisamos estar atualizados com as últimas informações no Brasil e no mundo, mas não necessariamente precisamos ser “inundados” por estas notícias, principalmente as com morbidez sensacionalista.
O catastrofismo também pode ser evitado nas nossas crises pessoas e profissionais, focar no problema, mas com otimismo e esperança é o caminho para melhores soluções. Considero pertinente a passagem de Henry Ford: “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência.” A crise devidamente digerida e traduzida para iniciativas práticas e mais coerentes em nossas ações, deve ser balizador para identificação de falhas no caminho e direção de novas ações mais exitosas.
A solução e o caminho de saída para uma crise existem, sendo necessário atenção, senso de oportunidade, foco e principalmente, otimismo.
- Coragem e lucidez para governar as emoções
“Nem tanto ao mar, nem tanto ao céu.” (Marinho Guzman)
Os excessos não são benéficos e o que diferencia o remédio do venenoso é a dosagem. Há momentos que precisamos ser lúcidos e as emoções devem estar serenas para tomarmos decisões com maior racionalidade. Mas existem horas que não podemos ser “máquinas” incapazes de reagir aos estímulos e acontecimentos.
Precisamos ter coragem e bom equilíbrio emocional para em certos momentos manifestarmos emoções e sentimentos, com capacidade de governá-los e até mesmo usar em prol da produtividade e como combustível para superar uma crise. O equilíbrio das ferramentas humanas que somos dotados precisa ser balizado em nossa tomada de decisão.
- Criatividade
A criatividade é a maior ferramenta para superar uma crise, na diferenciação e na geração de valor. Porém, o processo de manifestação criativo não é algo muitas vezes simples, ele demanda repertório e disciplina. Por meio da interdisciplinaridade e repertório devemos desenhar soluções autênticas que contribuam na edificação do processo criativo.
Os homens mais imaginativos da história souberem trilhar caminhos nos quais ninguém trilhou, não estavam dentro das expectativas da massa que corriam sempre em direção ao pânico e não lucidez. Historicamente, foram os criativos que revolucionaram o mundo com criações e soluções nunca pensadas.
´Não podemos querer que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a maior benção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia assim como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera a si mesmo sem ter sido superado.” (Albert Einstein).
Por Bruno Pedro Bom, Consultor de Negócios e Especialista em Marketing Jurídico. Fundador e Diretor de Atendimento na BBDE Comunicação. Palestrante e Autor da obra Marketing Jurídico na Prática. Advogado pela PUC/SP, Publicitário pela ESPM/SP e MBA em Gestão Empresarial pela FGV/SP.