Muitas vezes, por exemplo, um subordinado é completamente incapaz de se colocar no lugar do chefe
Uma das mais eficientes formas de gestão de conflitos em qualquer contexto, ou seja, não apenas no ambiente de trabalho mas também em outras situações, consiste na busca de uma solução de consenso, a qual permita superar os impasses. Ou seja, optando por esse caminho, é preciso desenvolver um processo de negociação, com ou sem a participação de um terceiro neutro que possa ajudar no diálogo.
E para o desenvolvimento da negociação existem algumas técnicas que podem ser trabalhadas. Uma delas consiste na inversão de papeis.
Parece algo simples, mas muitas vezes negligenciado, que conta com grande potencial para contribuir com a solução do conflito, a partir da mudança de percepções e comportamentos.
Promover a inversão de papeis consiste em provocar um dos lados do conflito a se colocar no lugar do outro.
Muitas vezes, por exemplo, um subordinado é completamente incapaz de se colocar no lugar do chefe, ao não conseguir enxergar que esse conta com outros subordinados, bem como superiores, sendo que posturas e decisões que atendam o subordinado envolvido no conflito podem trazer grandes impactos nas outras relações.
Da mesma forma, muitas vezes o superior não consegue perceber a realidade além da sua perspectiva de chefe, entretendo a situação específica e pessoal de determinado subordinado.
Um dos recursos importantes para a adoção da técnica de inversão de papeis consiste na formulação de perguntas, com elementos factuais que contribuam para que uma das partes visualize mentalmente e chegue o mais próximo possível da experimentação da situação pela qual passa a outra parte. Isto tende a significar provocar a parte a se colocar naturalmente e voluntariamente no lugar da outra, ao invés de provocar tal comportamento por meio de afirmações.
Portanto, quando estiver diante de uma situação conflituosa, tente parar e dar um passo atrás de modo a se colocar no lugar da outra pessoa. Da mesma forma, se você está mediando o conflito, avalie se uma das partes está simplesmente cega a realidade da outra, sendo que, diante de tal cenário, procure provoca-la a se colocar no lugar da outra.
Por Rogério Neiva, juiz auxiliar da vice presidência do Tribunal Superior do Trabalho, e Membro da Comissão Nacional de Incentivo à Conciliação do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do Comitê Gestor Nacional da Conciliação do Conselho Nacional de Justiça; Mestre em ciências do comportamento pelo Departamento de Processos Psicológicos Básicos do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília e tem doutorado em ciências do comportamento do Departamento de Processos Psicológicos Básicos do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.