A Comunicação Não Violenta como chave para ambientes de trabalho saudáveis, colaborativos e empáticos
Colunista Mundo RH, Lilian Giorgi é Managing Director da A&M
A comunicação é o instrumento que permite que as relações humanas se estabeleçam e se desenvolvam. É a escolha das palavras, dos gestos e das expressões corporais que adotamos para que nossa mensagem seja transmitida e compreendida de maneira assertiva.
Comunicar-se bem tem um peso ainda maior quando se trata do mundo corporativo. Por isso, muito se fala sobre o uso da Comunicação Não Violenta (CNV) como recurso precioso para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho saudável. O conceito, criado na década de 60 pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg (1934-2015), foi inspirado na ação de líderes como Martin Luther King Jr e Gandhi, que utilizaram da resistência não-violenta para transformar radicalmente suas realidades extremamente violentas.
Grande aliada na prevenção e resolução de conflitos, a CNV consiste basicamente em criar um estado de consciência no qual desenvolvemos e exercitamos a empatia durante a comunicação. Não é preciso muito: dedicação e interesse são suficientes para transformar atmosferas desconfortáveis e desarmar posturas defensivas.
No ambiente de trabalho, aderir à CNV pode transformar eventuais ocasiões difíceis em momentos de troca e aprendizado, além de estabelecer confiança entre colaboradores. Seja durante um feedback ou uma reunião de equipe, adotar uma comunicação clara e empática cria um espaço respeitoso e agradável para se trabalhar.
Vale lembrar que CNV não é sinônimo de passividade, mas de assertividade. Quando escutamos atentamente e explicamos o que sentimos, damos ao outro a possibilidade de rever atitudes que nos incomodam, além de criar um espaço confortável e sincero para discutirmos as emoções que nos levam a certas condutas.
A CNV funciona porque, independentemente do canal ou ambiente, sempre que nos comunicamos expressamos nossas necessidades. Como cada pessoa é única, comportamentos variados podem ser manifestados na tentativa de suprir uma mesma necessidade. Ou seja, se estivermos abertos é possível compreender e nos conectar com o outro, uma habilidade extremamente útil para fortalecer o trabalho em equipe e potencializar as individualidades de um time.
Os benefícios de aderir à CNV são muitos e conhecidos em todo o mundo. Foi este reconhecimento que levou Marshall Rosenberg a participar de acordos de paz em mais de 60 países e a treinar centenas de mediadores de conflitos. Em 1999, o psicólogo escreveu o livro “Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, que se tornou best-seller mundial e se mantém relevante e atual.
Satya Nadella, ao assumir a liderança da Microsoft em 2014, comprou centenas de cópias do livro e distribuiu entre seus principais líderes como forma de transformar a empresa em um ambiente de mais empatia e solidariedade. No livro, Marshall apresenta o conceito da seguinte forma: “A Comunicação Não Violenta se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. […] Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando”.
Em resumo, assim como no aprendizado de uma nova língua, exercitar a comunicação não violenta é fundamental para nos tornarmos fluentes em expressar nossas necessidades e sentimentos com mais consciência. Quanto mais praticamos a CNV, mais nos tornamos capazes de agir a partir da colaboração e da compreensão em nosso dia a dia, dentro e fora do ambiente de trabalho.
