Nesta época singular da história, a transformação passa por criar modelos e práticas para a comunicação no trabalho. Os desafios são muitos e devem permanecer por algum tempo como um dos principais temas do ambiente corporativo. O distanciamento social prolongado, a necessidade de gestão remota e a execução de tarefas profissionais em casa por colaboradores que precisam conciliar vida privada e profissional no mesmo espaço são apenas algumas das situações inéditas para as empresas. Some-se a isso a ameaça sanitária que nos atinge e temos um cenário único, que requer resiliência (talvez uma das “melhores” formas de enfrentar os desafios, essencial para o momento), criatividade e comprometimento de todos.
Dentro deste contexto ímpar, surgem atitudes e aprendizados que são essenciais na comunicação interna. A questão que se impõe, logo no começo desse processo, é como manter os colaboradores informados, motivados, engajados e acolhidos, mesmo à distância. De imediato, as ações de comunicação interna foram colocadas no centro deste debate. A premissa é ouvir, acolher e melhorar a experiência das nossas pessoas nesse momento.
Nestes três meses, aprendemos na prática algumas lições valiosas:
Colocar a cultura da empresa no centro
Todas as iniciativas devem ser orientadas pela cultura da empresa: visão, missão, valores e jeito de ser. Esse é o pilar que sustenta a comunicação interna.
Participação no Comitê de Crise
Montar um Comitê de Crise, com reuniões diárias, é a melhor forma para avaliar, de forma contínua, as medidas preventivas para garantir o bem-estar dos colaboradores. Desde o início, a comunicação interna precisa participar das reuniões diárias para identificar pontos críticos e novos conteúdos para disseminação. Os principais objetivos são a preservação da saúde, segurança e a tranquilidade dos colaboradores e, por extensão, de seus familiares e demais públicos de contato.
O Comitê de Crise também gera as diretrizes e prioridades de comunicação e é um fórum importante para alinhar e validar as mensagens, que devem ser unificadas para não criar ruído em um momento já naturalmente tenso.
Com as diversas áreas da empresa estruturadas rapidamente para enfrentar esse momento, a comunicação interna precisava criar um repositório único de informações e disseminá-las para a operação, além de procurar formas de manter o moral das equipes elevado.
Foco na credibilidade
Em um mundo em que as fakes news circulam livremente, é necessário combater a desinformação. Na Claro, logo percebemos que as comunicações ganharam uma grande relevância entre nossos colaboradores. São o filtro de realidade pelo qual conseguem separar o joio do trigo e entender melhor o que acontece em um momento muito crítico de nossas vidas.
Essa percepção foi comprovada em uma pesquisa, pela qual detectamos que as informações de comunicação interna são consideradas mais relevantes até que as dos meios de comunicação de massa, superando a TV e as redes sociais. Ficou comprovado que a transparência e a clareza na linguagem geraram credibilidade para as mensagens da empresa.
Criar e organizar canais
Criar canais suplementares ao que a empresa já dispõe é uma forma de organizar melhor as entregas de informação, tanto as de decisões e processos da empresa quanto as que visam gerar um maior bem-estar para o colaborador e enriquecimento de suas vidas pessoais. Na Claro, todos estão recebendo informações diárias sobre a Covid-19 por diferentes meios de comunicação interna, como a newsletter #Xô Corona, que foi criada especialmente para esse período. A ideia é abordar o assunto de forma leve e didática.
É recomendável fazer lives com executivos e gestores de equipes para explicar exatamente as medidas tomadas pela empresa neste momento e quais cenários se desenham no horizonte.
Criamos também o Book do Gestor, com informações atualizadas sobre as principais medidas de reforço à prevenção e cuidado com a saúde das nossas pessoas. Os funcionários também recebem boletins diários por e-mail e WhatsApp. Implantamos ainda uma assistente virtual que tira dúvidas por WhatsApp sobre a Covid-19, que pode ser acessada por um QR Code pelo próprio celular.
Em um momento em que o bem-estar é a prioridade na agenda das pessoas, passamos a transmitir o “Conectados com a Saúde”, uma programação semanal de lives, também extensivas às famílias, com especialistas em temas variados, como saúde mental, autoconhecimento, integração, conciliação de trabalho e família em ambiente doméstico, orientações sobre atividades físicas e bem-estar das crianças. Os colaboradores relataram que as lives trazem uma sensação de segurança, ao mesmo tempo em que reforçam o orgulho de pertencimento à companhia.
Mais frequência e pesquisas Com tantas novas iniciativas, uma das preocupações que surgem é se não estamos “comunicando demais”. Aqui, vale a pena recorrer a uma pesquisa interna para aferir se a frequência da informação está adequada. Na Claro, a resposta foi positiva. Com tantas reviravoltas, mudanças no cenário externo, a ansiedade de deixar de saber alguma coisa (o que os americanos chamam de FOMO- Fear of Missing Out”) aumentou e ninguém quer ficar desconectado.
Estimular a solidariedade
A comunicação interna pode também dar maior visibilidade às iniciativas solidárias que a empresa apoia e estimular a generosidade das pessoas. Foram feitas campanhas para doação de sangue e para a arrecadação de recursos financeiros para o “Mães da Favela”, projeto da CUFA de cunho social que visa amenizar os impactos da pandemia na vida de mães que sustentam lares em comunidades brasileiras. Estão sendo feitas ainda divulgações de instituições parceiras que estão realizando trabalhos importantes para diminuir os impactos do coronavírus.
Alívio de ansiedade
O momento é sério e exige sobriedade. Porém, mecanismos e momentos de descontração são importantes para combater a ansiedade. Por isso, é importante reservar espaços na agenda para entretenimento. Estimular o diálogo entre os colaboradores por meio dos aplicativos sociais também é fundamental, já que a separação física é estressante. Na Claro, promovemos, por exemplo, um pocket show realizado no Dia das Mães, e ainda criamos stickers (figurinhas) temáticas para serem compartilhadas nos mensageiros instantâneos.
De toda essa experiência, criamos soluções que esperamos que se transformem em legado e apontem algumas soluções para o futuro das corporações.
De fato, o mundo do trabalho está mudando e a Covid-19 acelerou esse movimento. A humanização nas relações corporativas é uma tendência e nunca foi mais necessária. Estamos cada vez mais atentos a formas de valorizar as pessoas, com incentivo ao seu desenvolvimento pessoal e à criação de ambientes mais colaborativos. A hierarquia está mais horizontalizada, o clima mais informal.
Com o home office, percebemos também que o princípio da autonomia é fundamental. O gestor deixa de exercer um papel de controle de resultados para assumir a responsabilidade de distribuir atividades, administrar fluxos e, principalmente, orientar sua equipe.
Os colaboradores continuam produtivos e fazem um trabalho extraordinário em circunstâncias tão inesperadas. São muitas as histórias de sucesso e superação que, esperamos, sejam a base para esse novo mundo que está por vir.
Colunista Mundo RH – Daniely Gomiero é diretora de Comunicação, Responsabilidade Social Corporativa da Claro e vice-presidente de Projetos do Instituto Claro.
