A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) está nos preparativos finais para o CONARH — Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, que acontece nos dias 13, 14 e 15 de agosto. A conferência está consolidada como um dos maiores e mais importantes do gênero no mundo: na edição de 2018, 20 mil profissionais frequentaram o evento. Para além dos conferencistas de calibre internacional, a Feira de Negócios é uma atração à parte, reunindo expositores com as mais avançadas tecnologias para gestão de pessoas.
Mercado em expansão — Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT) e dispositivos vestíveis, os wearables. Estas são apenas algumas das tendências que serão demonstradas por empresas de HRTech. É sinal de que a transformação digital em breve alcançará a velocidade máxima: tecnologia digital inovadora está sendo criada e adaptada para resolver problemas em todos os aspectos da gestão e das operações.
Hoje existem pelo menos 120 startups de RH no Brasil, segundo estudo desenvolvido pela Liga Ventures. O mais impressionante é que, dentre as empresas mapeadas, mais da metade (56%) nasceu após 2015. Como contraponto, empresas já consolidadas do setor — como a catarinense Ahgora — estarão presentes no evento para mostrar continuam à frente do mercado.
No mercado desde 2010, evoluiu desde a fabricação de relógios de ponto eletrônico (REP) para mergulhar em ciência de dados. Enquanto 34% das empresas identificadas pelo estudo apostam no processo de recrutamento e seleção ou cursos e treinamentos, a Ahgora faz parte dos 5% da pequena elite que começa a explorar outros caminhos.
A tecnologia invade o RH — Cada vez mais, o papel e as planilhas tendem a ficar para trás — especialmente para grandes companhias com operações complexas e equipes espalhadas. Para tornar a operação escalável, empresas dependem de automação e inteligência artificial para gerenciar o contingente de funcionários.
Quem passar pelo estande da Ahgora (Avenida D, Rua 11 do São Paulo EXPO), por exemplo, poderá ver um pouco do potencial tecnológico e aplicações em funcionamento:
1) Planejamento de escalas, turnos e plantões: A rápida organização de turnos de trabalho com o apoio de inteligência artificial facilita a gestão de recursos humanos com a composição de equipes em atendimento aos intervalos previstos pela lei trabalhista.
Softwares inteligentes utilizam o aprendizado de máquina (machine learning) para analisar o histórico de turnos e plantões para pré-configurar as próximas escalas de trabalho. Cabe ao gestor apenas aprovar ou ajustar as sugestões — contudo, a principal vantagem não é, necessariamente, a praticidade. O algoritmo calcula o saldo de horas de modo a reduzir as horas extras a serem pagas pelo Departamento Pessoal e contribui, também, para prevenir a fadiga dos profissionais.
2) Qualificação de tempo destinado a projetos: O uso de computação em nuvem (cloud) para registrar e conciliar informações acerca tempo dedicado por times a tarefas durante a jornada de trabalho — com o apontamento de atividades e classificação como custo ou investimento — auxilia gestores a identificar quais projetos, clientes e times são rentáveis à empresa.
Com opções móveis como o aplicativo de celular, é possível fazer o registro de qualquer lugar, apoiando a área de recursos humanos a gerir os colaboradores que realizam atividade externa, como técnicos de campo ou representantes comerciais.
3) Detecção de presença a gestão de crise: Para localizar profissionais em tempo real, tecnologia vestível e sensores por radiofrequência (RFID), Bluetooth, Wi-Fi e satélite são aplicados a crachás e equipamentos individuais de segurança (EPIs). Sistemas de controle de acesso com catracas IoT, por exemplo, permitem a dupla verificação e validação dos registros geolocalizados.
O valor é imenso para empresas que possuem ambientes perigosos, como minas ou canteiros de obras, principalmente no caso de acidentes ou necessidade de evacuação. O censo e identificação de empregados conforme última localização ocorre de maneira imediata.
4) Controle de acesso lógico: Talvez o mais inovador conceito a ser lançado na feira, pode fazer a associação de recursos físicos (como o leitor biométrico) a recursos lógicos (programação) para garantir aos colaboradores o cumprimento de intervalos, férias e afastamentos bloqueando o acesso a arquivos, sistemas e armazenamento em nuvem. Departamentos de gestão de conhecimento e capital humano podem parametrizar as tecnologias para determinar níveis e restrições de acesso com base em territórios virtuais. Ativos digitais importantes, a exemplo de informações confidenciais como protótipos e contratos são preservados mais facilmente. Novos sistemas de segurança conseguem garantir as permissões de acesso adequadas aos colaboradores, ora bloqueando, ora permitindo acesso a arquivos, aplicações, etc. Em outras palavras: para além das atuais preocupações jurídicas e fiscais, as empresas têm na tecnologia que apoia também questões de privacidade, governança e compliance.
Especificamente no RH, o objetivo é delegar às máquinas tudo aquilo que não exige pensamento crítico. Desta forma, profissionais da área se vêem mais livres para se dedicar à humanização da gestão. A tecnologia já está em funcionamento e a mudança de paradigma deve se consolidar no futuro próximo; a cultura digital está implantada, mas planos de ação efetivos ainda precisam ser traçados pelas organizações que desejam permanecer competitivas.
Mesmo com todas as inovações, dados alarmantes foram identificados pela KPMG na pesquisa “O futuro do RH” (The future of HR, em inglês), conduzida com 1,201 executivos líderes da área em 64 países. Apesar de 70% reconhecerem a necessidade de uma transformação da força de trabalho, apenas 40% dos líderes de RH têm um plano de ação para a transformação digital implementado. Mais um motivo para visitar o CONARH e, quem sabe, acumular as referências necessárias para traduzir o desejo em prática.
Foto: Freepix