Ásia lidera o ranking, com 4 das 5 cidades mais caras do mundo
Como consequência da era digital, envelhecimento da população, escassez de competências e contextos políticos e econômicos imprevisíveis, o panorama global de negócios está se transformando. As multinacionais estão assumindo essa transformação focando na mobilidade de talentos e avaliando o custo de pacotes para seus funcionários expatriados. Segundo a 24a Pesquisa Anual de Custo de Vida da Mercer, fatores como instabilidade dos mercados imobiliários, baixa inflação e flutuação de preços de bens e serviços influenciam o custo dos negócios em várias cidades ao redor do mundo.
A pesquisa da Mercer mostra que Hong Kong ultrapassou Luanda e assumiu o posto de cidade mais cara do mundo para expatriados. Tóquio e Zurique vêm na segunda e na terceira posições, respectivamente, com Singapura em quarto, uma posição acima em relação a 2017, e Seul, na Coreia do Sul, em quinto. Isso significa que quatro das cinco cidades mais caras do mundo para expatriados agora se encontram na Ásia.
Segundo a Líder de Mobilidade da Mercer Brasil, Indre Medeiros, as mudanças no topo do ranking se devem principalmente às flutuações cambiais, como a queda do dólar norte-americano frente a outras moedas importantes no mundo. “As medidas do governo chinês para fortalecer o yuan também levou as cidades chinesas ao topo do ranking, a exemplo de Xangai, que ficou em 7º e Beijing, em 9º”, explica Indre.
“Com os avanços tecnológicos e a importância de uma força de trabalho conectada globalmente, o envio de talentos para outros mercados continua sendo um dos componentes-chave da estratégia de negócios das multinacionais,” diz Ilya Bonic, Presidente do Negócio de Carreiras da Mercer. “Utilizar os melhores talentos e obter eficácia em termos de custo, com mercados voláteis e crescimento econômico decrescente em muitas partes do mundo, porém, exigem que as empresas avaliem cuidadosamente os pacotes de remuneração para expatriados.”
A pesquisa da Mercer é desenhada para ajudar empresas multinacionais e governos a estabelecerem estratégias de remuneração para funcionários expatriados. Nova York é a cidade-base para as comparações, e as variações cambiais são medidas em relação ao dólar americano. O estudo inclui mais de 375 cidades de todo o mundo e o ranking de 2018 tem 209 cidades nos cinco continentes, considerando o custo comparado de mais de 200 itens, incluindo habitação, transporte, alimentação, vestuário e lazer.
Brasil
Entre as 209 cidades do ranking, estão 3 brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A capital paulista, que ocupava a 26ª posição no ranking do ano passado, caiu para a 58ª colocação neste ano. Apesar do recuo, a cidade continua sendo a mais cara da América Latina para expatriados, seguida por Santiago, em 69ª e pelo Rio de Janeiro, em 99ª.
Assim como São Paulo, o Rio de Janeiro e Brasília também caíram no ranking. A capital fluminense caiu 43 posições e a capital federal, 32.
“Essa variação é reflexo do que aconteceu nas cidades que estão no topo do ranking, além da depreciação do real frente às moedas estrangeiras. A boa notícia é que elas se tornaram mais baratas para expatriados e podem se tornar mais atrativas para as empresas”, afirma Indre.
Américas
Cidades nos EUA caíram no ranking devido a uma contínua recuperação da economia europeia, o que levou à queda do dólar americano. Nova York recuou 4 posições para a 13ª colocação, ocupando a posição mais alta no ranking da região. São Francisco (28) e Los Angeles (35) caíram sete e doze posições respectivamente, em relação ao ano passado, enquanto Chicago (51) caiu vinte posições. Washington DC (56) recuou dezessete posições e tanto Miami (60) como Boston (70) caíram dezenove posições. Portland (130), no Oregon, e Winston Salem (161), na Carolina do Norte, continuam sendo as cidades americanas menos caras para expatriados dentre as pesquisadas.
Na América do Sul, a maioria das cidades caiu no ranking, apesar dos aumentos de bens e serviços em países como o Brasil, Argentina e Uruguai. Lima (132) caiu vinte e oito posições, e Bogotá (168) caiu quinze posições. Tegucigalpa (201) é a cidade menos cara na América do Sul. Caracas, na Venezuela, foi excluída do ranking em decorrência da complexidade da situação da moeda local; sua classificação apresentaria grandes variações, dependendo da taxa de câmbio oficial escolhida.
Embora a maioria das cidades canadenses tenha caído no ranking, a cidade com a posição mais alta no país, Toronto (109), subiu dez posições em consequência do aumento no custo dos aluguéis para expatriados. Vancouver (109) caiu duas posições, enquanto Montreal (147) e Calgary (154) caíram, respectivamente, dezoito e onze posições.
Europa, Oriente Médio e África
Duas cidades europeias estão entre as 10 mais caras. Número três no ranking global, Zurique continua sendo a mais cara da Europa, seguida por Berna (10). Genebra (11) caiu quatro posições em relação ao ano passado, como consequência, principalmente, de uma tendência de baixa no mercado habitacional da cidade.
De uma forma geral, todas as cidades na Europa Ocidental subiram de posições, resultado das taxas de câmbio locais fortes em relação ao dólar americano e do custo de bens e serviços. Particularmente, as cidades alemãs mostraram algumas das maiores elevações no ranking, com Frankfurt (68) e Berlim (71) saltando quarenta e nove posições e Munique (57) quarenta e uma posições. No Reino Unido, Londres saltou dez postos, para a 19ª posição.
Outras cidades que ascenderam no ranking incluem Paris (34), vinte e oito lugares acima em relação ao ano passad; Roma (46), trinta e quatro posições acima; Madri (64), quarenta e sete acima; e Viena (39), trinta e nove lugares acima. Enquanto isso, algumas poucas cidades na Europa Oriental e Central, incluindo Moscou (17), São Petersburgo (49) e Kiev (173), caíram, respectivamente, quatro, catorze e dez posições, em decorrência da perda de valor de suas moedas locais em relação ao dólar americano.
Tel Aviv (16) continua sendo a cidade mais cara para expatriados no Oriente Médio, seguida por Dubai (26), Abu Dhabi (40) e Riad (45). Cairo (188) permanece a cidade menos cara na região. “De uma forma geral, as cidades do Oriente Médio caíram no ranking, em função da queda no custo dos aluguéis habitacionais em toda a região,” explica Yvonne Traber, Líder Global de Soluções para Produtos de Mobilidade da Mercer.
Mesmo caindo 5 posições, diante da queda dos preços dos aluguéis e da depreciação da moeda local, a cidade angolana de Luanda (6) permanece como a mais cara da África. N’Djamena (8) vem em seguida, subindo sete posições. Deslocando-se para cima catorze posições, Libreville (18), no Gabão, é a terceira cidade africana do ranking, seguida por Brazzaville (19), no Congo, que subiu onze lugares.
Ásia Pacífico
Esse ano, Hong Kong (1) surgiu como a cidade mais cara para expatriados, tanto na Ásia quanto mundialmente, com a queda de Luanda no ranking. Hong Kong é seguida por Tóquio (2), Singapura (4), Seul (5), Xangai (7) e Beijing (9).
Mumbai (55) é a cidade mais cara na Índia, seguida por Nova Deli (103) e Chennai (144). Calcutá (182) e Bangalore (170) são as cidades indianas menos caras no ranking. Em outros lugares na Ásia, Bangkok (52) saltou quinze posições em relação ao ano passado e Kuala Lumpur (145) subiu no ranking 20 posições. Por outro lado, Hanói (137) despencou trinta e sete posições. Bisqueque (207) e Tasquente (209) continuam sendo as cidades menos caras para expatriados na região.
As cidades australianas caíram no ranking neste ano. Brisbane (84) e Perth (61) caíram treze e onze posições, respectivamente, enquanto Sydney (29), a cidade ranqueada como a mais cara para expatriados na Austrália, apresentou uma moderada queda de cinco posições. Melbourne caiu 12 posições, para 58ª.