Os sete pecados capitais da liderança – orgulho, ganância, luxúria (ou excesso), ira, gula, inveja e preguiça – representam um espectro das falhas habituais enfrentadas por líderes.
Por *Alessandra Canuto e *Valéria Oliveira
A liderança é um campo repleto de desafios e responsabilidades. No entanto, mesmo os líderes mais competentes podem cair em armadilhas que comprometem a eficácia de suas equipes e o sucesso organizacional.
Os 7 pecados capitais da liderança – soberba, avareza, luxúria (ou excesso), ira, gula, inveja e preguiça – oferecem um panorama das falhas comuns que líderes enfrentam.
Conheça cada um deles e seus antídotos. Assim, é possível fazer uma reflexão profunda sobre práticas de liderança autêntica e eficaz.
Soberba
Pecado: Líderes excessivamente orgulhosos tendem a ignorar as contribuições e o feedback de suas equipes, resultando em uma falta de colaboração e comunicação. A soberba pode criar um ambiente onde apenas as ideias do líder são valorizadas, sufocando a inovação e a diversidade de pensamento.
Uma pesquisa da Robert Half revelou que 26,4% dos entrevistados apontaram o desequilíbrio emocional como o maior defeito de um líder. Além disso, um estudo realizado pela Harvard Business Review, quase metade dos funcionários que experimentaram um ambiente tóxico no local de trabalho reduzem seus esforços em dar o melhor à empresa, sendo que 38% diminuíram intencionalmente a qualidade de suas atividades.
Antídoto: Cultive a humildade, reconhecendo as contribuições de sua equipe e valorizando suas opiniões. Pratique a escuta ativa e esteja aberto a aprender com os outros. Líderes humildes não apenas promovem um ambiente colaborativo, mas também inspiram confiança e respeito.
Avareza
Pecado: Líderes avarentos focam excessivamente em metas financeiras ou objetivos individuais, negligenciando o desenvolvimento e bem-estar de sua equipe. Isso pode levar a um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sentem desvalorizados e explorados.
Uma pesquisa da Universidade da Califórnia já identificou que um trabalhador feliz é, em média, 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% a mais em comparação com outros.
Antídoto: Priorize o desenvolvimento pessoal e profissional de sua equipe, investindo em treinamentos e oportunidades de crescimento. Reconheça e recompense o bom desempenho de maneira justa. Um líder generoso cria uma cultura de lealdade e motivação, onde os funcionários se sentem valorizados e comprometidos.
Luxúria (ou Excesso)
Pecado: Líderes que buscam constantemente poder, status ou reconhecimento podem se tornar insaciáveis e negligenciar as necessidades e aspirações de suas equipes. Essa busca incessante pode criar um ambiente competitivo e tóxico.
Inclusive, de acordo uma pesquisa da Korn Ferry, 32% das pessoas deixam seus empregos devido a culturas tóxicas.
Antídoto: Cultive a empatia e a compaixão, entendendo as necessidades e preocupações de sua equipe. Construa relações sólidas e baseadas na confiança, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo e inclusivo. Um líder empático reconhece que o verdadeiro sucesso vem do sucesso coletivo.
Ira
Pecado: Líderes propensos à ira podem criar um ambiente de trabalho tóxico, onde a comunicação é prejudicada e a produtividade diminui. Explosões de raiva e críticas severas podem gerar medo e desmotivação entre os colaboradores.
Uma pesquisa da Society for Human Resource Management mostrou que 3 a cada 10 trabalhadores ficam irritados em suas casas por conta do ambiente de trabalho.
Antídoto: Pratique a inteligência emocional, controlando suas reações impulsivas e lidando com conflitos de forma construtiva. Promova um ambiente de trabalho onde o respeito mútuo e a resolução de problemas são valorizados. A inteligência emocional é a chave para manter a harmonia e a eficiência dentro da equipe.
Gula
Pecado: Líderes que buscam constantemente mais poder, responsabilidades ou projetos podem sobrecarregar sua equipe, levando ao esgotamento e à falta de eficácia. A busca incessante por mais pode diluir o foco e a qualidade do trabalho.
Não é por acaso, que o estudo Panorama do bem-estar corporativo, realizado pela Gympass mostrou que o estresse dos colaboradores está em alta histórica. 60% dos colaboradores afirmaram que estão desconectados emocionalmente do trabalho, e 19% estão infelizes. Outro dado que chamou atenção no nosso estudo é que 83% dos colaboradores consideram o bem-estar tão importante quanto o salário.
Antídoto: Desenvolva habilidades de delegação eficazes, distribuindo tarefas de forma justa e equilibrada. Priorize a qualidade sobre a quantidade e promova um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Líderes que sabem delegar criam equipes mais autônomas e resilientes.
Inveja
Pecado: Líderes invejosos podem sentir ressentimento em relação aos sucessos de seus colegas ou subordinados, prejudicando o trabalho em equipe e a colaboração. A inveja pode gerar um ambiente competitivo e desfavorável ao crescimento coletivo.
De acordo com um estudo publicado no Journal of Applied Psychology, a inveja no local de trabalho está associada a uma redução de 10% na satisfação no trabalho e uma diminuição de 5% na produtividade geral dos funcionários .
Antídoto: Cultive uma mentalidade de abundância, reconhecendo e celebrando os sucessos individuais e coletivos. Incentive a colaboração e o compartilhamento de conhecimento entre os membros da equipe. A celebração das conquistas alheias fortalece os laços e a cooperação dentro da equipe.
Preguiça
Pecado: Líderes preguiçosos podem evitar tomar decisões difíceis ou assumir responsabilidades, prejudicando o progresso e o crescimento de sua equipe. A falta de iniciativa e proatividade pode levar à estagnação e à frustração.
Um relatório da Gallup, que levou em consideração dados de abril de 2022 a março de 2023 de mais de 160 países, mostrou que 77% dos trabalhadores não estão engajados
Antídoto: Demonstre comprometimento e responsabilidade, liderando pelo exemplo e assumindo a iniciativa quando necessário. Encoraje uma cultura de proatividade e melhoria contínua dentro da equipe. Líderes proativos inspiram suas equipes a buscar constantemente a excelência e a inovação.
Reconhecer e superar os pecados capitais da liderança é importante para o desenvolvimento pessoal e profissional. Cada pecado oferece uma oportunidade de crescimento, e os antídotos apresentados são ferramentas valiosas para cultivar uma liderança autêntica e eficaz.
Líderes que praticam humildade, generosidade, empatia, inteligência emocional, delegação, reconhecimento e proatividade estão melhor equipados para criar ambientes de trabalho positivos e produtivos. É hora de transformar a liderança e construir um futuro onde o bem-estar humano é a prioridade.
*Allessandra Canuto é especialista em temas comportamentais e gestão da cultura
* Valéria Oliveira é especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura