A pandemia provocada pelo corona vírus exigiu adaptação de todos: trabalhar em casa, acompanhar o estudo dos filhos, manter o networking e também estar atualizado profissionalmente. Como um profissional autônomo pode fazer a gestão de sua carreira? Como administrar uma corretora de seguros? Como vender pelo whatsapp? Como cuidar da sua rede social? São muitas coisas para administrar.
Uma das profissões que, talvez, tenha sido mais demandada nesse sentido é a do corretor de seguros. O corretor é o principal canal de distribuição do produto seguro e precisa estar bem informado sobre as transformações do mercado para dar suporte aos clientes e, também, atualizado sobre as práticas profissionais e de gestão já que boa parte deles trabalha por conta própria.
O corretor Arley Boullosa, fundador da Kuantta Consultoria, e sócio da Moby Corretora de Seguros, no Rio de Janeiro, também é professor e dá aulas para corretores de seguros há 25 anos. Para ele, os corretores estão percebendo a necessidade de se adaptar. “Houve a necessidade de se reinventar nos negócios e, também, para entregar algo diferente para os corretores quando o assunto é ensino”, diz ele. Para ele, o melhor modelo é o que combina aulas gravadas com aulas on-line ao vivo. “É preciso haver troca e isso acontece justamente quando acontecem as aulas ao vivo para reforçar conteúdos e tirar dúvidas”, diz ele.
O Brasil tem cerca de 50 mil corretores de seguros profissionais. Para exercer a profissão é preciso fazer um curso de habilitação que é oferecido exclusivamente pela Escola de Negócios e Seguros (ENS) há 50 anos que oferece além dos cursos de formação de corretores, cursos de especialização e graduação. O curso é a porta de entrada para obter o registro profissional junto à Superintendência Nacional de Seguros (Susep).
No caso da ENS, a instituição já oferecia o curso de habilitação na modalidade à distância para poder atender todo o país. Reconhecida também pela qualidade de seus cursos de ensino superior, a instituição desenvolveu no primeiro semestre o projeto da Sala do Futuro, um espaço para interação entre professores e alunos, de forma presencial e digital, ao mesmo tempo. “Esta é a primeira sala do tipo da América Latina, que alia os melhores modelos do ensino presencial e a distância, integrando professores e alunos como se estivessem no mesmo local”, explicou Tarcisio Godoy, diretor executivo da ENS.
Carlos Cunha, diretor executivo responsável pela Universidade Corporativa Sincor, entidade criada em 1994 pelo Sincor-SP (Sindicato de Empresários e Profissionais Autônomos da Corretagem e da Distribuição de Seguros do Estado de São Paulo), diz que a instituição promove cursos e treinamentos relacionados ao mercado e busca levar aos profissionais o que há de mais atualizado em relação às atividades do setor para capacitação e atualização técnica dos profissionais que atuam ou desejam ingressar no mercado e também para os funcionários das corretoras. “Sabemos a deficiência desde a contratação e o tempo de investimento na formação deste colaborador, desta forma a Unisincor surge como oportunidade segura e eficiente na qualificação desta mão de obra”, ressalta.
O futuro é EAD
O aumento na procura por EAD é crescente, como já apontou o Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep/MEC em 2018, quando, pela primeira vez, houve mais vagas ofertadas a distância (7,1 milhões) do que em cursos presenciais (6,3 milhões).
A expectativa é que, em 2023, mais alunos se matricularão em cursos da modalidade de Educação a Distância do que nos presenciais, segundo projeção da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Flexibilidade para estudar e economia são as vantagens apontadas por estudantes que optaram por essa modalidade de ensino. Isso porque para uma instituição manter um curso EAD não tem os mesmos gastos que teria se as aulas fossem presenciais. Além disso, o aluno economiza com deslocamentos, alimentação fora de casa e cópias de apostilas.
Cunha diz que no caso do corretor de seguros, aqueles que têm entre 35 e 50 anos preferem o modelo antigo. “Professor, apostila e sala de aula, mas a covid-19 foi um acelerador para nos adaptarmos”, disse. Ele explica que na Unisincor os cursos mais procurados e que tiveram matrícula até agosto foram os relacionados a divulgação e que de alguma forma oferecem apoio ao corretor (73%), cursos online (14%); cursos online ao vivo (10,4%) e cursos presenciais (2,6%).
Boullosa diz que os cursos mais procurados hoje na Kuantta são os de “Transformação e marketing digital”, “Geração de leads no Google Ads” e cursos voltados para estratégia, planejamento e gestão de negócios. “Os corretores estão entendendo que tão importante quanto entender do negócio (os produtos que comercializam), precisam entender de negócio e serem realmente empresários focados em ter operações mais estruturadas, produtivas, eficientes e rentáveis”, pontua.
Para ele, no formato EAD, o grande desafio é ter um curso com um conteúdo que desperte o interesse e agregue valor para quem está assistindo. “O professor não está ali cara a cara com o aluno. Se não tivermos temas relevantes e interessantes, ele desliga você sem qualquer tipo de feedback”, alerta. Ele acrescenta também que o formato é importante: “As pessoas não querem apenas assistir vídeos e se não houver pontos de contatos com os alunos durante o curso EAD, fica mais difícil a retenção”, afirma.
De acordo com ele, os professores também precisam se adaptar ao novo modelo. Ele ressalta que o país tem um problema sério de educação porque o brasileiro ainda acha que estudar é um castigo. “É muito importante entendermos que tudo muda de um dia para outro e precisamos nos atualizar constantemente.
Pagar por ensino é investimento, não despesa. Somente o conhecimento e a qualificação profissional ampla do corretor de seguros podem diferenciar ele de novos entrantes no nosso mercado. O futuro será cada vez mais difícil para quem não for qualificado e agregar valor para o novo consumidor. Muitos profissionais ficarão pelo caminho e com formação e qualificação essa possibilidade diminui. Não podemos nos tornar uma Kodak ou Blockbuster que não enxergaram as mudanças e desapareceram”, pontua.
Por Sueli dos Santos, jornalista especializada na área de Seguros