Autossabotagem no trabalho é deixar de agir, de executar tarefas necessárias e que trariam resultados para si e para a empresa. É um mecanismo psicológico, onde o comportamento de não fazer o que precisa ser feito ou não se abrir para o merecimento se torna um hábito repetido. Muitas vezes é imperceptível para quem está passando por isto.
Se analisarmos friamente os comportamentos de quem se autossabota, podemos julgar a pessoa como preguiçosa, infantil, insatisfeita com o trabalho ou fracassada.
Geralmente, as empresas tendem a pensar desta forma porque focam na estrutura abaixo…
Comportamentos >>> Ações >>> Resultados
Porém, na maioria das vezes este processo é inconsciente. Quem se autossabota não gostaria de ser assim ou nem percebe como tal.
Vários gatilhos e motivadores envolvem o processo de autossabotagem, entre eles, o medo do fracasso, o medo do novo, o não merecimento, o não se sentir capaz, o perfeccionismo.
Existe uma estrutura que pode explicar melhor como a autossabotagem se reedita na vida da pessoa. Fatos >>> Emoções >>> Crenças >>> Comportamentos >>> Ações >>> Resultados
Estes dilemas costumam se originar na infância e na fase adulta apenas se tornam reeditados. Por exemplo, a criança que sofreu um constrangimento de um professor enquanto estava conversando na sala de aula, pode se tornar o adulto que se autossabota para falar em público. Seguindo a estrutura acima, podemos exemplificar assim…
Fatos >>> O professor constrange a criança.
Emoções >>> Medo de se expor.
Crenças >>> Eu não posso me expressar, pois serei punido(a)
Comportamentos >>> Timidez e não expressão em público.
Ações >>> No momento de uma reunião, a apresentação é ruim.
Resultados >>> A comunicação falha e as suas ideias pela empresa não são defendidas.
Assim, conseguimos ver sob um novo prisma o modelo de autossabotagem. De forma prática, o gestor, muitas vezes, não compreende esta estrutura e a velocidade das empresas pouco permite esta visão mais humana. No entanto, quando líderes conseguem identificar as emoções que bloqueiam as pessoas, fica mais fácil lidar com as metas e resultados.
Para isso, podemos identificar uma fórmula criada pelo americano Timoty Gallwey
POTENCIAL – INTERFERÊNCIAS = RESULTADOS
Todos nós temos um grande POTENCIAL (habilidades e talentos), mas nossas INTERFERÊNCIAS (perfeccionismo, medos, baixa autoestima) nos impedem de alcançar RESULTADOS.
Fica então 3 passos que um LÍDER pode ajudar seus liderados ou até mesmo você que está lendo pode aplicar em si mesmo para lidar com a autossabotagem.
A primeira é colocar um alarme para 5 momentos do dia. Quando tocar, faça uma tabela e responda se você está ocupado ou produzindo. Assim, terá consciência de quando está se autossabotando ou performando.
A segunda é quando o colaborador recebe uma meta muito desafiadora, que julga que será difícil demais de atingir, então pode dividir essas metas corporativas em pequenas atividades. Assim, dia após dia, a pessoa vai cumprindo um passo a passo e tem a sensação de que está em movimento e obtendo pequenas vitórias.
A terceira é utilizar uma ferramenta simples, criando um quadro desta forma…
ATIVIDADES | FAZER | FAZENDO | FEITO
Você pode utilizar post its e organizar suas atividades arrastando-os para direita e entendendo como elas estão sendo finalizadas.
Por fim, sempre é importante buscar a ajuda terapêutica porque o indivíduo sozinho não consegue identificar seus pontos cegos e a origem dos comportamentos de autossabotagem, geralmente está na infância. São questões muito profundas que podem ser trabalhadas em terapia.
Diogo Hudson, Psicólogo e especialista em Gestão de Conflitos Profissionais