Uma pesquisa da YPO, comunidade de liderança global composta por mais de 29 mil diretores executivos em 130 países, aponta que 95% dos diretores executivos precisaram tomar medidas em resposta à Covid-19, como comunicação mais regular com os funcionários (68%) e adoção de novos procedimentos de saúde e segurança dentro de suas empresas para manter a saúde dos colaboradores (67%), entre outras. Mas, nessa nova forma de se relacionar com o trabalho, houve a preocupação em criar ambientes saudáveis que acolhessem emoções e que levassem em consideração as ansiedades e preocupações?
O novo coronavírus trouxe uma nova onda de inseguranças dentro das organizações e isso não se restringe apenas à equipe, mas também dos líderes, afinal ninguém foi preparado para lidar com uma pandemia na proporção que vivemos hoje no mundo. “As incertezas, crises de ansiedade, preocupações excessivas já eram comuns antes da pandemia, mas eram colocadas para debaixo do tapete. Com a Covid-19 potencializou-se. Hoje é preciso realizar mudanças nas organizações e não estou falando de ações pontuais, mas de mudanças estruturais, que levem em consideração aquilo que as pessoas sentem, a maneira como as pessoas se expressam dentro de um determinado ambiente, ou seja, trabalhar a cultura emocional dentro das empresas”, revela Marina Trindade, Diretora de Negócios do Instituto Zero, primeira empresa do Brasil a trabalhar a Cultura Emocional de Crescimento nas corporações.
A cultura emocional é um assunto novo no mundo e, principalmente, no Brasil. Surgiu com o crescimento do setor de serviços no mercado e dos setores administrativos das empresas, com trabalhos menos padronizados e aumento da competitividade. Foi necessário pensar em formas de incentivar comportamentos esperados para oferecer boas experiências de serviços aos clientes. Porém, nem sempre eles estão sendo desempenhados alinhados com as crenças e emoções sentidas pelas pessoas que trabalham nas empresas.
“Foi aí que o tema cultura emocional começou a ganhar notoriedade. Ela envolve não apenas olhar para os elementos culturais conhecidos (regras, comportamentos, sistemas de comunicação, relações de poder, etc.), mas entender os impactos destes na expressão das emoções e os desafios de lidar com elas no dia a dia do trabalho. A emoção é o start da ação. O que sentimos está diretamente conectado com as nossas motivações e orienta nossos comportamentos”, detalha Marcela Zucherato, Diretora de Desenvolvimento Humano do Instituto Zero, que já realizou trabalhos para grandes empresas no país, como Natura, Uber, Toyota, TOTVS, Construtora Tenda, entre outras.
Cultura emocional no contexto do coronavírus
Mais do que nunca, as emoções estão à flor da pele. Se antes já eram baixos os índices de engajamento das empresas – só para se ter ideia, segundo pesquisa realizada em nove países pelo ISMA, o Brasil ocupa o segundo lugar em casos de síndrome de burnout (distúrbio caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastante), afetando 33 milhões de brasileiros –, agora as pessoas estão distantes e buscando uma salvação. Nesses tempos de pandemia, nunca foi tão necessário começar um movimento profundo de transformação da cultura emocional das empresas. “No cenário atual, temos visto que os líderes que, declaradamente, estão trabalhando a cultura emocional por meio de diálogos transparentes com as equipes (comunicação), promoção de rituais de acolhimento das
emoções (autoconhecimento e inteligência emocional), abertura para o desenvolvimento de soluções colaborativas (colaboração) e para as tentativas e erros (ação, reformulação de problemas e consciência) estão desenvolvendo as competências de inovação a partir da abertura emocional para o novo, ao mesmo tempo que estão apoiando as equipes a vivenciarem os desafios da crise com mais tranquilidade e, consequentemente, conseguindo criar mais soluções inovadoras dentro e fora da empresa para seus clientes. Vejo que isso terá não apenas em curto prazo, apoiando na sustentabilidade dos negócios, mas em longo prazo, gerando maior engajamento e motivação das pessoas”, conta Marcela Zucherato.
Inteligência emocional X cultura emocional
Segundo as fundadoras do Instituto Zero, ainda há confusão quando se fala em inteligência emocional e cultura emocional. “O que precisa ficar claro é que inteligência emocional é a forma como eu lido com as minhas emoções individualmente e com as minhas relações com os outros. Já a cultura emocional é como eu lido com a inteligência do grupo, é a soma das inteligências emocionais de cada indivíduo”, explica Marina Trindade.
Para trabalhar o tema nas empresas, o Instituto Zero possui um método exclusivo, o Método de Aprendizagem Zero (MAZ®). “Ele prevê o processo de transformação da cultura emocional para inovação por meio de quatro etapas. Começamos pelo diagnóstico para entender quais competências de inovação estão mais desenvolvidas, quais são ponto de atenção, e quais crenças e emoções do grupo estão gerando limitações nas ações da empresa. Assim, começamos o processo de experimentação já sabendo qual é o principal desafio emocional do grupo. E por meio do processo de experimentação vamos entendendo quais ações de desenvolvimento funcionam e quais não funcionam, compreendendo qual é o melhor programa de desenvolvimento para as equipes envolvidas”, finaliza Marcela Zucherato.