A construção de um ambiente corporativo saudável começa com relações claras e baseadas na confiança.
Ruth Rigatieri – diretora de Gente e Gestão da WDC Networks.
O avanço constante das soluções tecnológicas e a crescente demanda por inovação trazem desafios significativos, especialmente no desenvolvimento e retenção de talentos nas empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Segundo um estudo da Robert Half de 2023, 59% dos gestores brasileiros acreditam que a principal dificuldade no setor é encontrar profissionais qualificados e preparados para os novos modelos de negócio. Isso destaca a importância de criar ambientes que não apenas atraiam profissionais, mas também promovam seu crescimento e desenvolvimento.
Em um cenário onde a disputa por talentos é acirrada, como é o caso do segmento de Tecnologia, a cultura organizacional tem se mostrado uma peça-chave para o sucesso dessa busca. Empresas que priorizam o bem-estar, a inclusão e a transparência têm maior capacidade de engajar suas equipes e construir relacionamentos sólidos. Um exemplo disso é o estudo State of the Global Workplace, conduzido pela Gallup em 2022, que analisou dados de trabalhadores de diversas regiões do mundo. Os resultados indicam que equipes engajadas são 23% mais produtivas e apresentam índices significativamente maiores de retenção, reforçando a importância de um ambiente corporativo saudável e motivador.
Um ambiente que promove pertencimento e confiança
A construção de um ambiente corporativo saudável começa com relações claras e baseadas na confiança. Práticas como a liberdade de expressão, o diálogo aberto e a promoção de um senso de pertencimento ajudam a mitigar conflitos e fortalecer as relações dentro da empresa. Em muitas organizações, canais de ética funcionam como termômetros do ambiente corporativo, mas sua subutilização pode indicar que questões são resolvidas de maneira natural e transparente, o que fortalece a confiança interna.
Além disso, proporcionar caminhos claros de desenvolvimento e crescimento é essencial. Programas estruturados de carreira, investimentos em capacitação e o reconhecimento de talentos ajudam a manter os profissionais motivados e engajados. Histórias de promoção interna ilustram como o investimento nas pessoas pode gerar resultados tangíveis para colaboradores e empresas, mostrando que o crescimento individual está diretamente ligado ao crescimento organizacional.
Na minha experiência de mais de 20 anos como gestora de RH na WDC Networks acompanhei várias histórias assim. Algumas delas marcantes, como a de nosso diretor de Logística, um profissional qualificado que entrou na empresa como gerente e rapidamente construiu uma sólida carreira até ocupar a posição de líder, de abrangência nacional. Tudo isso sem sair do estado onde mora, a Bahia, onde estão instaladas as unidades fabris e de distribuição da companhia. Histórias como essa nos inspiram e nos fazem ter a certeza de que estamos trilhando o caminho certo. Uma prova concreta é a conquista do selo GPTW – Great Place to Work – como melhor empresa de tecnologia para se trabalhar no Brasil, por cinco anos consecutivos.
Isonomia entre diferentes filiais em liderança e de desenvolvimento humano
Isonomia. Este é outro aspecto importante ao lidar com equipes em empresas com mais de uma unidade, especialmente quando estão em diferentes cidades ou estados – como é o nosso caso, com escritórios na Bahia e em São Paulo. Deve-se respeitar as particularidades regionais, sem fazer distinção da “equipe daqui e a equipe de lá”. Programas de benefícios, por exemplo, podem e devem ser adaptados, de acordo com a realidade local, com o que fizer mais sentido para atender as necessidades das equipes com isonomia. Isso evita uma série de problemas como competições internas desnecessárias e até ressentimentos, fortalecendo o sentimento de unidade e propósito da companhia.
Isso também se reflete na relação com o ambiente externo. Organizações que se conectam com as comunidades onde estão inseridas também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico. Seja gerando empregos ou incentivando ações locais, essas empresas contribuem para um impacto que vai além dos resultados financeiros, ajudando a criar ecossistemas mais fortes e sustentáveis.
Trazendo mais uma vez o exemplo próprio, cito o nosso Centro de Distribuição em Ilhéus (BA), que conta com equipe recrutada na própria cidade, gerando emprego qualificado e perspectiva de carreira na região, evitando o êxodo para cidades maiores e contribuindo para o desenvolvimento local. A mesma prática foi utilizada na abertura do escritório em Simões Filho, também na Bahia. Essa conduta contribuiu para a construção da imagem corporativa, elevando a nossa reputação como uma marca empregadora, não só na Bahia, mas em todas as cidades onde mantemos operação, dentro ou fora do Brasil.
Preparar lideranças para o futuro
Lideranças desempenham um papel central na construção de ambientes de trabalho saudáveis e inspiradores. Investir no desenvolvimento de líderes significa garantir que os valores da organização se perpetuem em todas as suas ações e decisões. Programas voltados para capacitação e formação de líderes ajudam a preparar profissionais para lidar com os desafios do setor, garantindo que estejam alinhados aos objetivos da corporação e às necessidades de suas equipes.
A retenção de talentos no setor de tecnologia continua sendo um dos principais desafios exigindo das empresas e de seus gestores que se reinventem constantemente, oferecendo não apenas pacotes financeiros competitivos, mas também um propósito claro, um ambiente colaborativo e oportunidades reais de desenvolvimento profissional e humano.
Como uma profissional que trilhou uma trajetória no setor de tecnologia, vejo todos os dias como o investimento no capital humano pode transformar não apenas uma empresa, mas a vida de cada colaborador. Em um mercado em constante mudança, é com empatia, propósito e dedicação que construímos organizações mais resilientes e um futuro mais promissor para todos.