É preciso realizar análises frequentes do clima organizacional, a fim de obter dados que indiquem se o ambiente está de fato saudável e como as pessoas se sentem em relação a ele
A saúde mental impacta diretamente na produtividade e rentabilidade das empresas, sendo, portanto, um tema de extrema seriedade que demanda prioridade e deve integrar o planejamento anual das corporações, com definição de planos de ação, prevenção e manutenção que irão colaborar com a saúde das equipes e um clima positivo na atmosfera laboral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que anualmente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, custando à economia global quase 1 trilhão de dólares. Neste contexto é de vital importância compreender a maneira como a cultura organizacional influencia esse ambiente e as pessoas.
A cultura, como fenômeno social, pode ser descrita como um conjunto de comportamentos e modos de agir de um grupo. Assim, quando falamos de povos, comunidades e agrupamentos sociais, os hábitos, regras, valores, são compartilhados.
Trazendo a cultura para o âmbito corporativo, alguns pesquisadores da área de psicologia afirmam que “a cultura é a chave para a eficácia e o sucesso de qualquer organização” e o modo de agir, pensar e compartilhar os princípios e convicções são frequentemente moldados, pois cada companhia, em sua gestão, agrega na construção do significado, dando à cultura organizacional seus próprios conceitos e ideologias. Dessa forma, desenhados em sua missão, visão e valores, e reverberando em seu modo de atuação, produto e/ou serviço final. Para que o sucesso de determinada organização empresarial se concretize, é necessário que exista conexão de propósito entre a gestão e as pessoas que colaboram com a companhia.
Por isso, é fundamental a construção de uma cultura transparente e, seguramente, não tóxica para a saúde mental dos colaboradores, respeitando a diversidade, educando constantemente seus gestores para que desenvolvam e mantenham uma comunicação não violenta, desenvolvam uma escuta ativa e tenham uma liderança autêntica, proporcionando um ambiente de bem-estar, que promove o alinhamento e a adesão à cultura por parte dos profissionais, podendo, desta forma, atingir uma qualidade cada vez mais alta e consistente nas escalas de segurança psicológica.
Para tanto, algumas dicas podem ajudar a identificar e rastrear pontos cruciais na cultura das empresas, são elas:
É preciso realizar análises frequentes do clima organizacional, a fim de obter dados que indiquem se o ambiente está de fato saudável e como as pessoas se sentem em relação a ele. Existem ferramentas que podem apoiar esse diagnóstico, como o Climor (Escala de Avaliação do Clima Organizacional), que avalia o clima organizacional, definido por meio de um conjunto de características estáveis, resultantes da interação entre o colaborador, seus colegas e a organização.
Desenvolver e aprimorar a liderança deve ser um trabalho contínuo. Atualmente, a liderança autêntica está em alta e preza pela transparência, coerência e pelo exemplo. O líder autêntico é aquele que não somente fala, mas também age conforme planejado. O instrumento EALA, pode apoiar a organização na hora de mensurar o quanto o comportamento dos seus gestores se aproxima da liderança autêntica, a partir da observação de quatro fatores: Autoconsciência, Processamento balanceado, Perspectiva moral internalizada e Transparência de relacionamento.
Ambos são instrumentos on-line que facilitam a aplicação e a correção, garantindo mais agilidade e precisão nos diagnósticos que podem beneficiar a cultura organizacional como um todo.
Estas são apenas algumas dicas de uma enorme gama de intervenções que podem apoiar as instituições na construção e manutenção de uma cultura organizacional saudável e comprometida em garantir a segurança psicológica dos seus colaboradores.
Adriana Isidio é Gerente de Marketing e Comunicação na Vetor Editora. Graduada em Comunicação Social, pós-graduada em Gestão Empresarial pela ESPM e em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela USP, onde defendeu a tese “A importância da comunicação interna no apoio à prevenção e manutenção da saúde mental das pessoas nas organizações”.