Líderes que ignoram as opiniões de seus colaboradores jamais compreenderão completamente os eventos que ocorrem nos bastidores.
Gustavo Mota – CEO do Grupo Mola
Recentemente, uma pesquisa liderada por Victor Bennet, professor e co-autor de um estudo abrangente com mais de 13 mil empresas em 32 países, revelou uma constatação surpreendente: CEOs fundadores tendem a ser os piores líderes para suas próprias empresas. Embora nomes como Jeff Bezos, Bill Gates e Richard Branson sejam exemplos de fundadores bem-sucedidos, os dados indicam que, em geral, empresas lideradas por seus criadores apresentam resultados financeiros inferiores. Quando esses CEOs são substituídos por líderes externos, a performance das empresas melhora de forma significativa.
Esse fenômeno pode ser explicado pela diferença entre gestão e produtividade, que são essenciais para o sucesso de qualquer organização. A pesquisa sugere ainda que o apego emocional dos fundadores às suas criações muitas vezes prejudica importantes decisões estratégicas. Neste sentido, a transição para um CEO externo pode trazer uma nova perspectiva, mais foco nos resultados e uma liderança menos emocionalmente vinculada ao passado da empresa, o que se traduz em melhor desempenho.
No entanto, a reflexão sobre o papel do CEO fundador ganha uma camada adicional quando se ouve a voz de quem está do outro lado da mesa. Como CEO fundador de uma das startups mais conhecidas do Brasil, a We Do Logos, com mais de uma década de experiência e uma trajetória que inclui a fundação, venda e compra de várias empresas, posso confirmar que ser um gestor eficaz não é uma habilidade automática que vem com a criação de uma empresa. É um processo que exige método, ferramentas e, principalmente, direcionamento.
A conclusão dessa jornada é que o papel de um CEO vai muito além da fundação de um negócio. A liderança eficaz requer a criação, comunicação e implementação de uma visão e missão claras, garantindo que a cultura organizacional se mantenha intacta ao longo do crescimento da empresa. O CEO deve liderar o desenvolvimento e a execução do planejamento estratégico, que serve como um verdadeiro GPS para o futuro da organização. Além disso, cabe a ele guiar, direcionar e avaliar o trabalho de outros líderes dentro da empresa, como o CFO, COO e CMO, sempre com um olhar atento aos objetivos de longo prazo.
Mas há uma habilidade que, por mais que pareça simples, muitas vezes é negligenciada: a capacidade de ouvir. Muitos líderes têm a tendência de cobrar, falar e querer ser ouvidos, mas poucos se dedicam a ouvir seus times de verdade. No entanto, essa é uma habilidade essencial para uma comunicação eficaz e para entender o que realmente se passa na empresa.
Líderes que não se preocupam em ouvir o que seus colaboradores têm a dizer nunca entenderão plenamente o que está acontecendo nos bastidores. Ouvir com empatia, estar presente nas conversas e evitar interrupções são práticas simples, mas poderosas, que podem transformar a comunicação dentro de uma empresa. Essas ações fortalecem o relacionamento entre líderes e colaboradores, criando um ambiente mais colaborativo e inovador.
Ser um CEO fundador é um desafio que vai muito além da paixão e da visão inicial. É preciso estudar, se capacitar para desenvolver habilidades de gestão, aprender a ouvir e estar disposto a se adaptar para garantir o sucesso a longo prazo. Com o método certo e o direcionamento adequado, é possível se tornar um líder eficaz e escalar o negócio, sem precisar passar por anos de experiência ou cometer grandes erros. Esse é o caminho que todo empreendedor deve buscar, para que a empresa não apenas sobreviva, mas prospere em um mercado cada vez mais competitivo.