Presidente da Valmont no Brasil fala sobre ascensão profissional e carreira
Carreira, trabalho, família e saúde. Equilibrar todos esses fatores é um objetivo que por si só nos faz evoluir, mas como traçar um plano pessoal e de carreira que viabilize isso? Para inspirar e orientar jovens que sonham em desempenhar esse papel, João Rebequi, presidente da americana Valmont no Brasil, tem dedicado parte do seu tempo à realização de palestras, nas quais conta sua própria trajetória para exemplificar a importância das escolhas, do investimento em conhecimento, construção de parcerias e inovação, sempre em nome da verdadeira satisfação interior.
Nas palestras em que realiza em faculdades de agronomia e colégios técnicos, o executivo conta como chegou ao posto de CEO aos 32, saindo da periferia de Porto Alegre para a presidência de uma multinacional – a Valmont Industries no Brasil, empresa com sede em Omaha, Estados Unidos, presente em 23 países e dona de um faturamento global de US 3,1 bi no ano passado.
O caminho, ele destaca, não foi assim tão direto. O curso técnico de contabilidade, ao qual Rebequi se refere, foi feito em 1995, quando ele tinha 15 anos. Na época, ele começou a trabalhar como Jovem Aprendiz, por meio de um projeto social chamado Guri Trabalhar, de Porto Alegre, em uma grande empresa de agronegócio, a John Deere. “Foi trabalhando lá que consegui uma bolsa de estudos para cursar a faculdade de direito”, conta.
Após conquistar o diploma e passar na OAB, no entanto, ele enxergou oportunidades dentro do agronegócio e preferiu seguir por esse caminho. “Fui convidado para ser coordenador de vendas na John Deere e, apesar de fugir à lógica após a conclusão da faculdade de direito, resolvi aceitar, mesmo com o agronegócio passando por um momento turbulento naquele ano de 2004”.
Em 2008, novos desafios se apresentaram e, mais uma vez, foram aceitos. Já na New Holland, também na área agro, Rebequi migrou para a área de marketing. “Associada à passagem pela área de vendas num momento de crise, essa experiência me preparou muito para conquistar a posição na Valmont ”, afirma.

O número de profissionais que chegam à presidência antes dos 40 anos ainda é pequeno. João Rebequi, 35 anos, presidente da americana Valmont há três, é um dos exemplos de jovens líderes com rápida trajetória até o topo. Entre os fatores que contribuíram nesse caminho, Rebequi destaca a importância do início precoce no mercado de trabalho, a ousadia para transições necessárias e busca constante por aprendizado e compartilha alguns acontecimentos que o ajudaram nas conquistas. Acompanhe a entrevista:
MUNDO RH – Você destaca as transições como fatores decisivos em sua trajetória. Como saber que é hora de fazer essa transição profissional?
JOÃO REBEQUI – Em primeiro lugar, acredito que, ao exercer um emprego, o profissional deve almejar enfrentar desafios e contribuir de maneira significativa para a companhia da qual faz parte. Além de ser reconhecido, gostar do ambiente de trabalho e ter um bom salário, é essencial ter motivação para acrescentar e produzir algo novo. Uma vez que o profissional perceba que sua contribuição para a empresa chegou ao seu máximo, um ciclo de fecha e é o momento de partir para novas empreitadas. Comigo, particularmente, foi assim. Quando olhava para meu ciclo profissional e entendia que tinha deixado uma marca e implementado mudanças consistentes, partia para novos caminhos.
MUNDO RH – Há alguma decisão em sua carreira que considere como momento-chave?
JOÃO REBEQUI – Quando sai da John Deere e fui para a CNH foi um momento difícil e ao mesmo tempo chave para meu crescimento. Estava há 11 anos em uma empresa na qual me formei como profissional e com a qual tinha uma grande identificação de valores. Por isso, quando tive a oportunidade de mudar para a CNH, o desafio era maior do que me ajustar a um novo time. Era preciso me adaptar a uma nova cultura (uma empresa é americana e a outra italiana). A escolha foi acertada, pois me permitiu ampliar minha área de atuação, ao reformular a estratégia da marca New Holland no país.
MUNDO RH – O que muda na vida do profissional ao se tornar presidente da empresa?
JOÃO REBEQUI – Na minha, particularmente, não mudou muita coisa, pois sempre busquei grandes responsabilidades dentro das companhias. O que vem junto com o posto de liderança é a preocupação com as pessoas. Como líder, minha função é inspirar e otimizar a atividade dos demais.
MUNDO RH – Qual a influência da geração Y no modelo de liderança atual?
JOÃO REBEQUI – Acredito que a gestão sofre influência direta na necessidade de atualização constante dos líderes, para não perdermos talentos. É preciso reconhecer que as habilidades dos jovens podem ser diferentes daquelas dos profissionais tradicionais, e entender que os novos talentos são nossos aliados.
MUNDO RH – Como contorna a falta de repertório por ser um presidente tão jovem?
JOÃO REBEQUI – Minha trajetória é um pouco distinta da maioria dos CEOs e líderes, pois comecei a trabalhar bem cedo. Aos 14 anos, ingressei no mercado de trabalho por meio do Projeto Guri Trabalhador, do RS, e não parei mais. Quando cheguei à presidência da Valmont, tinha 32 anos, ou seja, novo em idade, mas com 18 anos de experiência profissional, o que considero um tempo razoável para amadurecimento e para se conquistar o posto principal em uma organização. O que, eventualmente, faltar pela pouca idade, conforme disse anteriormente, é compensado na troca com profissionais mais velhos, lembrando que um líder nunca age sozinho, mas em sinergia com sua equipe. O que citei como importante para os demais gestores vale também para mim.