Por Gerson Cespi, diretor geral da CooperVision no Brasil
Dentro do mercado de saúde, a oftalmologia é pioneira quando o assunto é evolução tecnológica, e isso impacta positivamente tanto os pacientes quanto os profissionais da área. Temos acompanhado uma grande transformação desse setor, que cada vez mais se apoia em inovações, seja nos exames, nas indicações de tratamento, nos produtos ou até mesmo na forma de atendimento. Essa é uma área da medicina que se reinventa a cada dia e novidades não param de surgir.
Termos como big data, inteligência artificial (IA), realidade virtual e realidade aumentada passaram a fazer parte do vocabulário de quem trabalha na área. Recentemente, por exemplo, pesquisadores da Universidade de Stanford desenvolveram uma ferramenta baseada em IA que possibilita que pessoas com doenças oculares façam o teste de acuidade visual em casa. Dessa forma, ao identificar uma alteração, a pessoa pode buscar atendimento com um especialista.
Também temos acompanhado a evolução tecnológica dos tratamentos. Um exemplo é o programa de controle de miopia infantil por meio de lentes de contato, algo que até bem pouco tempo atrás não era possível. Além de corrigir o grau, as lentes reduzem em média 59% a progressão da miopia em crianças, evitando que elas se tornem adultos com problemas mais sérios de visão. Temos também lentes criadas para quem passa longos períodos em frente as telas de smartphones, computadores etc. Elas possuem uma tecnologia que ajuda a reduzir a tensão no músculo ciliar ao possibilitar que as pessoas alternem o foco para perto (na tela) e para longe (fora da tela) com menor esforço.
O setor ainda foi pioneiro nas cirurgias a laser, que já são rotina nos consultórios há muitos anos, com um índice de sucesso que ultrapassa 95% no caso das cirurgias refrativas. A cada ano, os métodos são aprimorados, e hoje os procedimentos a laser são utilizados inclusive para tratamento do glaucoma. Outra novidade foi a introdução da tecnologia 3D nas cirurgias, por meio da qual o cirurgião tem uma melhor visão do olho que está operando e consegue desenvolver um trabalho ainda mais preciso.
E não para por aí: por conta da pandemia, o processo de evolução do setor foi acelerado, trazendo inclusive novas tendências, como a telemedicina. Em um país como o Brasil, onde 34% dos adultos nunca se consultaram com um oftalmologista, criar uma ferramenta que possibilite o atendimento a distância se tornou imprescindível durante o isolamento social. Apesar de a prática ter sido aprovada em caráter emergencial em meio à crise que estamos enfrentando, ao que tudo indica, ela deverá ser regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
É fantástico acompanhar como o setor tem se transformado tão rapidamente. Contudo, mesmo que essas inovações estejam revolucionando a saúde ocular, não devemos nos esquecer da necessidade de profissionais qualificados para extrair todos os benefícios que essas ferramentas podem trazer. Hoje, quem trabalha ou sonha em atuar no segmento deve estar atento às novidades que surgem, buscando sempre se manter atualizado e capacitado para que possa utilizar todas as tecnologias disponíveis a seu favor.
Quando conseguimos associar o avanço tecnológico ao aperfeiçoamento profissional, todos saem ganhando: conquistamos mais agilidade, diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes. Agora, o melhor caminho é promover a cultura de uso de soluções digitais, acompanhar de perto o que ainda está por vir e abraçar as transformações que chegam para proporcionar melhor qualidade de vida e bem-estar para milhões de pessoas que sofrem com doenças oculares mundo afora.