Quando iniciou a carreira como publicitária em 2007, Patricia Rechtman, 35 anos, não imaginava que seria no mercado financeiro que encontraria um grande desafio: unir a democratização do crédito ao desafio de construir uma equipe diversa em um mercado conservador, como é o mercado financeiro. Desde 2018, Patricia é co-fundadora e head de marketing da Finplace, fintech que conecta empresas a instituições financeiras, com o objetivo de facilitar o acesso às linhas de crédito.
No Brasil, apenas 15,7% das startups contam com iniciativas lideradas por mulheres, contra 84,3% dos homens, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que realizou pesquisa com mais de 12 mil empresas. O segmento que possui o maior número de lideranças femininas é o jurídico (25%), ao passo que as fintechs são as que menos têm presença feminina (11%).
“Sou uma pessoa privilegiada, pois tive ótimas oportunidades na minha carreira. Hoje, enquanto co-fundadora da Finplace e mulher, tenho o dever de também ser provedora de oportunidades às minorias, junto ao Comitê de Diversidade e Empatia que temos desde nossa inauguração”, afirma a executiva.
“Apesar de ser um mercado majoritariamente masculino, vejo as empresas se abrindo e buscando mudar este cenário. Claro que as mudanças acontecem por uma estratégia do mercado, mas principalmente pelas mudanças da sociedade. Acredito que investir na diversidade é trazer novas vivências e experiências que contribuem para a concepção de soluções e serviços focados na democratização do acesso às linhas de crédito, bem como para o modo de agir e pensar do negócio”, diz Patricia.
Atualmente, a Finplace conta com uma equipe com 25% dos cargos representados por alguma minoria. A equipe como um todo é responsável pelo crescimento meteórico da empresa no último ano, de 1.319%. Mesmo com a crise instaurada pela pandemia de coronavírus, a fintech, que possuía uma carteira com 185 clientes em março de 2020, contabilizou 1.443 clientes em dezembro, garantindo um crescimento de 680% neste departamento e a movimentação de R$ 350 milhões em créditos para os empreendedores.
“Já conseguimos implantar uma cultura plural. Acredito que para continuar desta forma, é preciso esquecer padrões que antes eram convencionais no mundo corporativo. Precisamos promover debates e políticas empresariais de inclusão, atreladas a bônus dos altos executivos. E buscar trazer diversidade para os cargos de liderança, não apenas para os cargos de base”, explica Patricia, que está no sétimo mês de gestação e aguarda a chegada de seu primeiro filho.
Embora tenha pouco mais de um ano de história, a Finplace já atingiu resultados gigantescos. A fintech prova que unir um propósito com uma cultura corporativa diversa traz grandes conquistas. Com uma mulher compondo a linha de frente dos negócios, a startup financeira está entre uma das mais promissoras do Brasil.