IV Fórum de Tendências de RH aconteceu em São Paulo e trouxe à tona o papel do novo RH sob a ótica da inovação
Engana-se quem pensa que o processo de transformação digital precisa ser liderado somente pelo departamento de TI das empresas. Claro que sem TI nada se consolida, mas essa transformação vai além das tecnologias. Ela envolve os profissionais, o que coloca o RH como departamento chave para o processo efetivo. Para discutir as últimas tendências em gestão de pessoas, sob a ótica da inovação e da construção de um RH moderno, a ABPRH (Associação Brasileira de Profissionais de RH) realizou o IV Fórum de Tendências de RH, em São Paulo, na última semana.
O evento teve como objetivo inspirar os participantes a fazer a diferença nas empresas onde atuam e destacar a importância do fator humano nas relações interpessoais e profissionais. Ao abrir o evento, Milva dos Santos Pagano, presidente da ABPRH, fez um paralelo com a história da associação ao dizer que é preciso que o departamento se adapte às demandas atuais. “Este ano foi especial para a associação, fizemos um reposicionamento. O mesmo está sendo requisitado ao RH, que deve atender às novas ideias, novos anseios e novas demandas.”
Segundo Milva, a tecnologia tem um papel importante, mas não é o ponto-chave dessa mudança de paradigma. “A tecnologia ajuda e nos agrega, mas é meio, é ferramenta. O ser humano não é substituível e o RH deve focar nas pessoas e nas transformações que essas pessoas provocam. O RH é o poder de transformação dentro das corporações.”
Responsável pelos momentos de interação nos eventos, o ilusionista moderno, Henry Vargas, deu início ao evento com uma mensagem que permeou as discussões. “Estamos aqui para pensar de maneira de diferente, mudar o mindset. Só alteramos os resultados se mudarmos a nossa maneira de pensar.”
Transformação digital do RH
O primeiro painel foi conduzido por Tania Moura, vice-presidente da ABPRH e diretora de RH, palestrante e mentora da RTM Consultancy, que levou a plateia a refletir sobre o impacto das novas tecnologias na sociedade e nas profissões. Com um papel essencial no processo de transformação digital, o RH precisa se preparar para esse novo tipo de profissional. que tem a tecnologia como aptidão nativa. “Não adianta investimento somente em programa ou treinamento. É preciso preparar e dar passos ousados. O RH é protagonista dessa transformação.”
Employee Experience
A ‘Experiência do colaborador, employer branding e tendências pró engajamento’ foi tema do painel conduzido por Lina Nakata, content manager da Great Place to Work Brasil. A User Experience (UX) é preocupação para 90% das empresas atualmente. O cliente passou a comandar e orientar as ações das corporações. Segundo Lina, há uma tendência de ampliação desse conceito para todos os que se relacionam com a empresa além do cliente, como o colaborador por exemplo. Assim como a UX, a Empolyee Experience (EX) coloca o funcionário no centro das atenções. Para o departamento de RH, vivenciar a experiência do colaborador é essencial. “Se pensarmos com cabeça de RH não vamos conseguir identificar situações diferente das nossas. Temos que pensar com cabeça de colaborador”, afirmou.
Ser compliance
Falar de compliance com descontração foi a missão dada a Leila Navarro, famosa palestrante motivacional responsável pelo Instituto Leila Navarro e conselheira na Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de São Paulo (BPW-SP). Para Leila, compliance é um conceito que não existe somente no mundo corporativo e que deve ser colocado em prática para ter um pleno entendimento. Nesse sentido, o RH tem papel determinante na implantação da nova cultura de confiança nas empresas. “Pessoas não são recursos e nem estruturas. É preciso mudar o modelo mental que dita que um ganha e todo o resto perde. Devemos nos programar a aceitar o modelo no qual todos ganham”, disse.
Impacto de tecnologias disruptivas
Mais que suportar os colaboradores com treinamento e iniciativas de motivação, o RH deve atuar como área de integração da inteligência. “Estamos em um momento de mudar a cultura das empresas brasileiras. O papel do RH é mostrar que cumprir regras não onera a empresa. É possível fazer negócio no Brasil de maneira ética”, afirmou Helio Ferreira Moraes, advogado especialista em Tecnologia e Inovação e sócio da PK Advogados. Gisele Dalan, contratada com o desafio de trazer cultura de ética e compliance para América Latina na Genesys, frisou que compliance não é são regras, e sim comportamento das pessoas no cumprimento delas.
As novas tecnologias não só proporcionaram a mudança no comportamento das pessoas como também contribuíram para a criação de novos perfis profissionais. Na era da Internet das Coisas, as máquinas deixam de apenas auxiliar e se unem às pessoas. Para Ligia Zotini Mazurkiewicz, pesquisadora e pensadora no ramo de transformação digital e futurismo, em um mundo onde a tecnologia pode aprender, o futuro é do mais sábio e do mais preparado e não necessariamente do hierárquico. “As empresas vão migrar de ego sistemas para ecossistemas. A liderança vai deixar de ser comando e controle para ser inspiração e realização.”
O novo comportamento do colaborador aliado ao advento das novas tecnologias e da mudança de ambiente de trabalho trouxe um profissional multifacetado. “O novo papel do RH é criar incentivos e benefícios para os colaboradores que forem embaixadores da marca. O RH precisa estimular a integração de conhecimentos. Um dos grandes papéis do RH será ser hub de informação e conhecimento”, disse Joseph Teperman, sócio-fundador, diretor e headhunter na INNITI.
RH e Design Thinking
Surgindo como uma tendência para o RH, a metodologia de Design Thinking ajuda o gestor a modernizar o ambiente de trabalho ao pensar as ações com base na experiência dos funcionários. Eduardo Carmello, CEO da Entheusiasmos, explicou que essência do design é de inteligência, de engajamento, de busca de desenvolvimento. “É de criar, entender experiências para literalmente agir completamente diferente”.
Para que adote a metodologia, Carmello sugere à área de RH ir a campo, praticar o princípio da compreensão, identificar problemas e criar empatia com o seu público. “Isso muda o jogo e define o que é realmente importante na experiência do funcionário. Pegar uma área de recrutamento, desenvolvimento, seleção, liderança, capacitação e aprender como o funcionário está se sentindo em cada etapa que ele passa.”