Elas são maioria na população brasileira, mas ainda ocupam menos cargos de liderança nas empresas nacionais. Trabalham quase o dobro do que os homens por conta da jornada dupla nos afazeres de casa, mas recebem um salário até 53% menor. A luta das mulheres no mercado de trabalho por condições de igualdade segue importante em nosso país, mas algumas barreiras já estão sendo ultrapassadas. A principal delas é no aumento da participação feminina no empreendedorismo, constituindo suas próprias empresas e ocupando cargos de gestão em grandes corporações.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados em 2018 refletem esse cenário. As mulheres brasileiras têm maior escolarização do que os homens tanto no ensino médio quanto na universidade. Elas também trabalham 73% a mais do que os homens nos afazeres domésticos, mas ganham apenas 76,5% dos rendimentos que um homem ganha na mesma ocupação. Além disso, elas ocupam apena2 37,8% dos cargos de gestão nas empresas.
Contudo, a trajetória feminina para superar esses números (e continuar evoluindo) é cheia de percalços, com recompensas e desafios se intercalando no dia a dia.
Desafios
Cada segmento tem suas particularidades, evidentemente, mas, no geral, o principal desafio enfrentado pela mulher que deseja empreender é o julgamento de incapacidade ligado ao seu conhecimento, postura, estratégia, entre outros. Sempre vai haver desconfiança de suas decisões e dos mais variados públicos, como colaboradores, clientes, fornecedores e até familiares. Além disso, pela nossa cultura ainda machista, nós mesmas nos depreciamos e nos consideramos incapazes em diversas situações.
Para a mulher empreendedora que também é mãe chega a ser difícil ficar afastada dos filhos por conta das exigências do trabalho. A “jornada dupla” ainda é um problema que precisa ser resolvido.
Recompensas
Porém, neste novo mundo que está se formando, onde o propósito tem grande valor, as líderes mulheres têm a capacidade de transitar com mais fluidez no ambiente corporativo. Afinal, seu olhar está voltado mais para as pessoas e o clima organizacional. Uma líder com um time engajado, focado e com um propósito nobre pode alcançar resultados incríveis.
Além disso, a equidade de gênero só traz benefícios para a empresa. Com olhares diferentes é possível encontrar novas soluções para um determinado problema e, portanto, obter um crescimento sustentável. Nós temos muito a contribuir e as empresas têm muito a ganhar com nossa presença em cargos de liderança.
Para isso, é necessário ter um comprometimento da diretoria executiva com a causa para que esse cenário de igualdade possa se tornar cada vez mais comum no ambiente corporativo. O trabalho de aculturamento deve ser implementado por meio de palestras e cases, mas o mais importante é que o funcionário reconheça seus preconceitos e queira transformá-los. Ou seja, as empresas podem e devem trabalhar a favor da equidade de gêneros, porém, a mudança real deve partir dos indivíduos.
Claudia Lorenz é sócia fundadora da um.a #diversidadeCriativa, empresa especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade