O isolamento social – consequência da pandemia do coronavírus – transformou o modo como vivemos, os hábitos sociais e profissionais, nos fazendo passar por uma grande adaptação de rotina. Esse novo cenário tem afetado diversas áreas da vida, inclusive a saúde mental.
O dia a dia da mulher, que antes era considerado corrido, com trabalho, manutenção da casa e criação dos filhos, ficou ainda mais intenso. Conciliar todas essas funções e ainda se dedicar ao bem-estar e autocuidado tornou-se mais desafiador.
Uma pesquisa feita em 2020 pela Ipsos (empresa referência em pesquisa de mercado), envolvendo pessoas de sete países, comprovou que a saúde mental das mulheres na pandemia foi afetada, sendo, de fato, o gênero que mais sentiu impacto psicológico.
No estudo, 59% delas afirmaram estar com ansiedade, depressão, estresse e medo, contra 46% dos homens. Já em relação às incertezas do futuro, 73% demonstraram preocupação, enquanto 63% dos homens sentiram tal impacto.
Mesmo com avanços significativos na sociedade, as mulheres ainda desempenham papéis diferentes dos homens. O sexo feminino é bastante associado à dependência econômica e emocional da figura masculina e às responsabilidades ligadas ao lar e aos filhos, enquanto que o homem tem como principal função o sustento da família.
A pandemia descortinou qualquer dúvida que ainda restava a esse respeito. Apesar da desigualdade milenar que as mulheres vivem, oprimidas de diferentes formas em cada momento da história, o modelo da “rainha do lar” é recente, com referência aos anos 1950, mas que ainda vigora neste início do século XXI.
A estrutura patriarcal é muito cristalizada, a responsabilidade continua atrelada às mulheres. Desde o comparecimento em reuniões escolares até os cuidados com o ambiente doméstico, com os filhos e idosos, todos são majoritariamente feitos pelo sexo feminino. De fato, as mulheres tendem a trabalhar mais porque as tarefas ainda não são distribuídas igualmente no ambiente doméstico. A tripla jornada é uma realidade que ganhou evidência durante a pandemia.
Somada ao estresse diário, as mulheres ainda precisam lidar com o medo de contrair o coronavírus, assim como seus filhos, marido e parentes próximos. Gerenciar inúmeras funções em casa – incluindo o estresse – pode causar impactos significativos na saúde mental delas.
O fato de não haver mais separação entre espaço de trabalho e vida pessoal gera, naturalmente, uma sobrecarga nas mulheres de uma forma muito forte. Então, lidar com isso, nesse momento, pode culminar numa estafa e potencializar transtornos psicológicos.
Um aspecto que pode evitar ou amenizar impactos negativos na saúde mental das mulheres durante a pandemia é a organização de funções com pessoas próximas, seja o companheiro, companheira ou outro familiar. A divisão de tarefas entre casais é a solução mais sensata quando se tem filhos, reuniões de trabalho, planejamento de refeições e organização da casa.
Porém, pode ser que essa opção não seja viável para todas as mulheres. Um levantamento do Colégio Notarial do Brasil (CNB), feito no segundo semestre de 2020, afirma que o Brasil registrou o maior número de divórcios da história. No total, foram 43,8 mil processos contabilizados, 15% maior em relação ao ano de 2019.
A alta também foi confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicando que só em julho de 2020 o total de divórcios saltou para 7,4 mil. Já, em relação às buscas do Google, o termo “como dar entrada em divórcio” teve um aumento de 82% desde o início da pandemia.
Em caso de necessidade, devido a sobrecarga mental e emocional, o ideal é que a mulher busque ajuda psicológica. Hoje, já temos meios de consulta online, sem a necessidade de correr riscos se expondo fora de casa. Além de procurar um profissional, outra maneira de amenizar os sintomas, que pode ter um papel fundamental no bem-estar, é a prática de atividade física. Um corpo ativo evita problemas psicológicos graves, como ansiedade e depressão, além de manter sob controle – e evitar – diversas doenças. Os exercícios trazem de brinde ganhos pessoais e estéticos que fazem bem para a autoestima, incluindo os aspectos hormonais que conversam com diferentes partes do corpo, promovendo bem-estar e qualidade de vida.
Sendo assim, pode ser uma boa alternativa para as mulheres propor um desafio a um familiar ou amigo para se exercitarem juntos. Esse é um jeito divertido de se motivar e se abrir para experimentar novas atividades, que terão influência direta na saúde mental.
Francine Costanti atua como colaboradora na área de pesquisa de mercado da TotalPass, plataforma que reúne e oferece as melhores academias do País a colaboradores de empresas parceiras, por valores especiais