Contando os dias: como encontrar leveza no trabalho enquanto esperamos pelo merecido descanso de fim de ano.
Dezembro já começa com aquele gostinho de alívio misturado à exaustão acumulada do ano inteiro. A agenda está repleta de compromissos – relatórios para fechar, metas para bater, confraternizações para participar e, é claro, as intermináveis listas de presentes para comprar. Tudo parece se arrastar, enquanto o relógio, teimoso, não colabora. Cada dia parece mais longo do que o anterior, e ainda assim, a sensação de que o tão sonhado recesso está logo ali mantém a gente de pé.
Não é apenas o cansaço físico que pesa – é a soma de um ano cheio de altos e baixos, de correrias e pausas insuficientes. É o peso de promessas feitas no Réveillon anterior que não conseguimos cumprir, das cobranças que vieram de fora e de dentro, e daquela vozinha insistente que pergunta: “Será que fiz o suficiente este ano?”
Falta pouco, mas a espera parece eterna. O trabalho vira uma espécie de campo de batalha silencioso, em que o objetivo é sobreviver a cada dia e cruzar a linha de chegada.
Viver um dia de cada vez
E é justamente aí que está a chave: viver um dia de cada vez. Por mais clichê que possa soar, encarar cada jornada como um pequeno passo rumo ao descanso pode transformar o que parece ser um fardo insuportável em algo, digamos, administrável. É como se cada tarefa cumprida fosse um tijolinho que ajudamos a colocar na construção da nossa tão merecida folga.
Ao invés de olhar para a montanha de pendências, que tal focar em uma coisa de cada vez? Um e-mail respondido, uma reunião concluída, um relatório enviado. Pequenas vitórias que, somadas, nos empurram para o destino final: a liberdade de desligar o despertador por alguns dias.
O poder do “já, já acaba”
Existe algo quase mágico em repetir para si mesmo: “Já, já acaba”. É como um mantra que ajuda a aliviar a pressão. Não é sobre escapar das responsabilidades, mas sobre lembrar que elas têm um prazo de validade. Dezembro é o mês das últimas voltas na pista, e mesmo que o motor esteja engasgando, já dá para ver a bandeira quadriculada lá na frente.
E quando a mente começar a tropeçar no “eu não vou dar conta”, talvez seja hora de olhar para trás e perceber o quanto já foi feito. Afinal, não chegamos até dezembro à toa. Sobrevivemos aos desafios, superamos os imprevistos e ainda estamos aqui, firmes, mesmo que um pouco mais cansados do que gostaríamos.
O esperado dia da folga
E então ele chega. Aquele dia que você marcou com um círculo no calendário, cheio de estrelas e exclamações. O primeiro dia de folga é sempre um evento. Não importa se você vai viajar, descansar em casa ou apenas aproveitar para fazer nada – o que importa é que, finalmente, o mundo desacelera. O telefone para de tocar, os e-mails ficam para depois e, pela primeira vez em muito tempo, você se sente no controle do seu tempo.
Há algo quase terapêutico em desligar o computador, fechar a porta do escritório e sair para o recesso com aquela sensação de “missão cumprida”. E, durante alguns dias, o mundo do trabalho deixa de existir. As únicas preocupações passam a ser qual sobremesa levar para a ceia ou se dá tempo de ver aquele filme de Natal que você adora.
Férias, um presente para a alma
Para quem tem a sorte de emendar com férias coletivas ou individuais, o período é ainda mais especial. São semanas em que o corpo e a mente podem, finalmente, se alinhar. Não é só sobre descansar fisicamente, mas sobre recarregar a alma. É no ócio que as melhores ideias surgem, que as decisões mais importantes amadurecem e que, muitas vezes, conseguimos enxergar o que realmente importa.
É um tempo para nos reconectar com quem somos fora do crachá, para lembrar que há vida além dos prazos e das reuniões. É quando percebemos que o trabalho é uma parte importante da nossa jornada, mas não pode ser o todo.
Um novo começo
E então, como num piscar de olhos, janeiro chega. O ano novo traz aquela sensação de páginas em branco, prontas para serem preenchidas com novos planos, desafios e, por que não, novas pausas. Voltamos ao trabalho renovados, com um olhar diferente para as mesmas rotinas. É como se as festas de final de ano fossem um ritual necessário para nos lembrarmos de que, apesar de tudo, o mundo não vai parar – e isso não é algo ruim.
Voltamos com a certeza de que, no final das contas, todo esforço vale a pena. E já começamos a planejar as próximas férias, porque, afinal, quem trabalha duro merece descansar com ainda mais intensidade.
Que venha o descanso, a ceia, os abraços e as promessas de um ano novo melhor. Mas, até lá, seguimos firmes – um dia de cada vez, porque já, já acaba.