Fabiano Cruz, CEO da Alot, um exemplo de superação e sucesso
Em meio às celebrações do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro, emerge a reflexão sobre as persistentes desigualdades enfrentadas pela população negra no Brasil, inclusive no mercado de trabalho. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad, 2022), a disparidade salarial é evidente: enquanto a renda média mensal dos negros é de R$ 1.715 para mulheres e R$ 2.142 para homens, para os não-negros, os valores sobem para R$ 2.774 e R$ 3.708, respectivamente.
Um relatório do Instituto Ethos revela que, apesar de representarem cerca de 57% dos aprendizes e trainees nas 500 maiores empresas do Brasil, os negros ocupam apenas 6,3% dos cargos gerenciais e 4,7% dos postos executivos. Um exemplo de superação e sucesso neste cenário é Fabiano Cruz, CEO da Alot, uma consultoria de negócios focada em inovação e experiência do usuário, e spin-off da Deal Technologies.
Fabiano se destaca como uma das poucas lideranças negras no cenário brasileiro de empreendedorismo e inovação. Confrontado com o racismo estrutural do país, ele prefere focar em seus negócios e resultados, embora reconheça a importância da sua trajetória como fonte de inspiração para outros jovens negros. “Sou negro e periférico, e se for para inspirar outros jovens negros a trilharem o caminho do sucesso, vou sempre contar minha história, os altos e baixos. Considero importante ter essa visibilidade”, afirma Fabiano.
Com início de carreira aos 12 anos, Fabiano enfrentou preconceitos, mas se dedicou ao aprendizado autodidata, inclusive em programação. Sua jornada inclui experiências em grandes empresas como Walmart e Elocc, e desafios como o fracasso de dois negócios anteriores e uma dívida substancial. Sua persistência o levou ao sucesso com a Alot, após um aprofundamento em ciência de dados.
O CEO observa que, apesar de o racismo se tornar mais sutil com a ascensão corporativa, ele continua presente, especialmente em níveis hierárquicos mais baixos. “Quanto mais ascensão corporativa você tem, mais ‘velado’ o racismo fica. Infelizmente, o preconceito ainda é aflorado em cargos inferiores. Costumo dizer que eu ‘não milito, eu resisto’”, relata.