O coaching é um processo no qual o cliente é instigado, por meio das perguntas corretas, a encontrar suas respostas, caminhos e soluções
Em 12 de novembro, celebramos o “Dia do Coach”, data que foi institucionalizada em alguns estados brasileiros, como São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul. Trata-se, simbolicamente, de reconhecimento da profissão, que se faz tão importante não apenas para o desenvolvimento profissional em inúmeros segmentos, como também para o âmbito pessoal. Embora a atuação seja relevante para a sociedade, o coaching já enfrenta uma série de desafios, como banalização da profissão e, no âmbito legal, a iminência da regulamentação da profissão no País. Diante disso, será que temos realmente algo para comemorar?
Por se tratar de uma disciplina autônoma e relativamente recente, o coaching profissional, em sua essência, é pouco conhecido pelo público em geral e, por isso, uma onda de dúvidas surge. Há quem acredite que seja uma espécie de aconselhamento profissional, treinamento, mentoria e até mesmo uma terapia. No entanto, não é nada disso. O coaching é um processo no qual o cliente é instigado, por meio das perguntas corretas, a encontrar suas respostas, caminhos e soluções.
Ainda assim, não acredito que a popularização do coaching deva ser vista como algo negativo. É bem verdade que as redes sociais contribuíram bastante para que qualquer pessoa se intitule coach, sobretudo para alcançar a fama na internet, por meio de promessas fáceis – e muitas vezes vazias – que transitam entre os mais variados temas: desde aumento de ganhos, emprego dos sonhos, sucesso nos negócios, e até na vida amorosa.
Há, no entanto, uma necessidade muito grande de separarmos o joio do trigo. Os profissionais do coaching devem, invariavelmente, ter formação certificada, horas de atuação devidamente comprovadas e muita seriedade na sua atuação. É nesse sentido que a International Coaching Federation Brasil (ICF), maior credenciadora independente global de coaches, presente em 140 países, com mais de 50 mil membros, vem trabalhando. Por acreditar na importância da certificação e validação da formação profissional.
Para reforçar a ideia de que esses profissionais estão ganhando cada vez mais espaço no mercado, uma pesquisa realizada pela ICF, em mais de 30 países, com 30 mil entrevistados, mostrou que, para 42% do público, recorrer ao coaching, foi essencial para alcançar melhorias nas habilidades de comunicação. 38% creditaram ao coaching o melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Outra grande fundamentação de que o mercado já está bastante consolidado é que, mesmo em meio à pandemia, a indústria – em escala global – chegou a movimentar US$ 2,8 bilhões em 2020, valor 21% superior aos montantes alcançados em 4 anos anteriores ao período. Na América Latina, também segundo a ICF, o resultado financeiro corresponde a 6,7%. E o Brasil, diante desse cenário de crescimento, já discute até mesmo a regulamentação da profissão.
Sem dúvida, discutir o tema é fundamental e necessário para impor limites sobre a prática da profissão em nosso País. É fundamental fazermos a distinção entre o verdadeiro papel do coach – que é fundamentado por padrões éticos e de competências técnicas -, e de palestrantes motivacionais e influenciadores digitais, que não possuem a formação necessária e podem tumultuar tanto a atuação de profissionais sérios.
Por outro lado, também acredito que o assunto demande muita cautela, atenção e mais que a criação de órgãos que regulamentem a profissão, crie-se a noção de que o coaching pode ser autorregulamentado, como é o caso de outras ocupações, como jornalistas e psicanalistas. Em ambos os casos, a profissão é bastante respeitada e todas as credenciais e formação necessárias, são levadas a sério.
Analisando todos esses cenários, acredito que haja, sem dúvidas, motivos para celebrarmos nossa profissão, que vem, cada vez mais, ganhando o espaço merecido. Além do reconhecimento da sociedade, que entende os ganhos possíveis por meio do coaching. Mas que precisa, ainda, da conscientização de que ser coach é muito mais que postar frases de efeito nas redes sociais. E que, assim como em toda e qualquer profissão, estudo, dedicação e seriedade devem vir antes de qualquer coisa.
Marcus Baptista é vice-presidente do Conselho Deliberativo da International Coaching Federation (ICF) no Brasil, organização global sem fins lucrativos e principal organização global dedicada ao avanço da profissão de coaching.
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