Empresas com forte presença feminina na liderança demonstram que a diversidade não é apenas uma questão de inclusão, mas um diferencial estratégico para inovação e crescimento sustentável no setor de tecnologia.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, não apenas reconhece as conquistas femininas ao longo da história, mas também evidencia os desafios ainda enfrentados por profissionais em diversas áreas. No setor de tecnologia, a presença feminina cresce a cada ano, mas barreiras como desigualdade salarial e dificuldades de ascensão a cargos de liderança ainda persistem.
De acordo com um estudo do IBGE, divulgado no Dia Internacional da Mulher em 2024, mesmo com maior nível de escolaridade, as mulheres ganham, em média, 21% a menos que os homens na mesma função. No setor de tecnologia, o cenário é ainda mais desafiador: uma pesquisa da Acronis (2024) revelou que 71% das mulheres que atuam na área de TI afirmam trabalhar horas extras regularmente na tentativa de crescer profissionalmente.
Regina Calil, vice-presidente da Bravo, empresa especializada em tecnologia para o setor financeiro, contábil e tributário, relata que enfrentou de perto esses desafios. “Comecei minha trajetória na tecnologia logo no final do ensino médio, e desde então pouca coisa mudou. As profissionais da área ainda são muito subestimadas em comparação aos homens”, afirma Calil, que hoje lidera equipes multidisciplinares na Bravo.
Transformando a equidade de gênero desde a base
Empresas de tecnologia, tradicionalmente reconhecidas por seu dinamismo e inovação, vêm adotando políticas de diversidade e inclusão, mas a falta de representatividade feminina no setor ainda é um obstáculo.
Segundo o relatório Women in Tech (2023), da International Data Corporation (IDC), apenas 20% dos profissionais de tecnologia no Brasil são mulheres, um número que ainda está longe da paridade de gênero. Diante desse cenário, iniciativas como programas de capacitação e desenvolvimento profissional são essenciais para transformar essa realidade.
A Bravo, por exemplo, criou o Programa Garra, que já beneficiou mais de 100 jovens em situação de vulnerabilidade social, sendo 69,1% mulheres. “Nosso objetivo é ampliar o acesso de mulheres a posições estratégicas no setor financeiro e tecnológico”, destaca Calil.
A liderança feminina e seu impacto no setor
Além de fortalecer a diversidade no ambiente corporativo, a presença feminina em cargos de liderança impacta positivamente no desempenho das empresas.
De acordo com um estudo da FIA Business School, 79% dos funcionários afirmam confiar totalmente em CEOs mulheres, um percentual superior aos 72% que relatam a mesma confiança em CEOs homens.
Na Bravo, 70% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Danielle Guerra, gerente de Marketing e líder de Diversidade e Inclusão da empresa, acredita que essa retenção de talentos femininos é um reflexo direto das políticas estruturadas da empresa.
“Nós enxergamos a diversidade como um diferencial estratégico. Equipes diversas geram mais inovação, refletem melhor as necessidades do mercado e criam um ambiente mais produtivo”, afirma Guerra.
Para Regina Calil, ampliar a participação feminina na liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência e inovação. “Quando há diversidade na tomada de decisões, as empresas se tornam mais competitivas e sustentáveis no longo prazo”, destaca.
Mesmo com avanços, Guerra ressalta que há muito a ser feito para garantir a equidade no setor de tecnologia. “O mercado precisa evoluir não apenas na contratação, mas também na retenção e promoção de talentos femininos. Somente com políticas estruturadas conseguiremos construir um futuro mais igualitário e justo para as próximas gerações de mulheres profissionais”, conclui.
Empreendedorismo feminino e impacto social
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, a Bravo lançou uma iniciativa para estimular o empreendedorismo feminino e valorizar profissionais dentro e fora da empresa. Durante a Semana da Mulher, a companhia ofereceu um espaço exclusivo para pequenas empresárias divulgarem seus produtos e serviços, incluindo itens afetivos, saúde e bem-estar.
“Nossa proposta é promover conhecimento, acesso e impacto, incentivando o empreendedorismo feminino e fortalecendo a economia criativa”, explica Danielle Guerra.
A ação está alinhada aos princípios de ESG (ambiental, social e governança) e ao conceito de capitalismo consciente, promovendo um modelo de negócios mais inclusivo e sustentável.
“Ao direcionarmos nosso poder de decisão para fortalecer pequenos negócios e iniciativas femininas, estamos contribuindo para um ciclo sustentável de crescimento e transformação”, finaliza Guerra.