O equilíbrio ainda é a melhor forma de se conviver, o bom senso, uma boa equipe de líderes, aliada à sensibilidade e muita conversa
Falar em autoestima é falar em segurança, em confiança. Mas, nem sempre as palavras acompanham as ações. Muitas vezes dominamos a teoria, mas, na hora de executá-la, de nos expor, travamos ou simplesmente não sabemos mais como agir. Os motivos podem ser muitos: vergonha, insegurança ou a tão falada baixa autoestima. E é sobre este último motivo que quero conversar hoje com você.
Os padrões sociais e culturais nos acompanham desde muito cedo. Desde o nosso nascimento, a criança ideal é aquela que não dá muito trabalho e que come bem. Se for menina, tem que ser vaidosa e, se for menino, tem que ser forte, e por aí vai. Porém, muitos não se encaixam nestes padrões pré-estabelecidos. Alguns são mais rebeldes, mais contestadores. Outros estão fora dos padrões estéticos estipulados. E esses sentimentos nos acompanham sempre em nossas vidas e, consequentemente, em nossos trabalhos.
Um ambiente organizacional é sinônimo de pressão, metas, prazos e líderes. Lidar com tudo isso não é tarefa fácil, e se a segurança e a confiança em si mesmo não estiverem em ordem, o sofrimento pode ser intenso.
O julgamento acerca do nosso trabalho, das nossas condutas, da forma como nos relacionamos e até da nossa aparência são inevitáveis, sempre irão acontecer de forma mais leve ou mais pesada, dependendo de como a empresa lida com isso. Logo, se a pessoa estiver vulnerável, insegura consigo mesma, todos esses problemas terão uma dimensão muito maior do que realmente têm.
A baixa autoestima, se não resolvida ou amenizada, pode levar a vários tipos de comportamentos no ambiente de trabalho, como depressão, isolamento, irritação, faltas ou até mesmo demissão. Uma empresa consciente e moderna sabe que esses problemas podem ocorrer e, mais ainda, sabe como amenizá-los, seja conversando com a equipe ou contratando um profissional habilitado para lidar com isso. O problema de baixa autoestima é do funcionário, porém, a solução pode vir de todos.
A princípio, a melhor forma de se conseguir uma solução é conscientizando a equipe de como ela pode funcionar melhor se todos se unirem e usarem as diferenças um dos outros para se ajudar, afinal, cada um tem uma forma de ser e todas podem ser úteis para alguma função. Outra forma é a própria pessoa que sofre de baixa autoestima procurar ajuda profissional fora da empresa para conseguir lidar com seus medos e inseguranças. Essa opção, apesar de mais cara, acaba sendo muito mais fácil e rápida de ser resolvida.
Mas, se a baixa autoestima tem consequências sérias para uma pessoa e equipe, o contrário também é verdadeiro. Quem nunca conheceu alguém de autoestima exagerada, com “síndrome de super-herói”, tão autoconfiante que acredita não existir ninguém superior a ela, seja na inteligência, na aparência ou nos relacionamentos interpessoais? Devido a essas atitudes, elas acabam inibindo seus colegas e outras formas de pensamento, o que pode causar a desunião da equipe de trabalho.
Todos os extremos são prejudiciais, inclusive quando se trata de autoestima. Por isso, o equilíbrio ainda é a melhor forma de se conviver, o bom senso, uma boa equipe de líderes, aliada à sensibilidade e muita conversa. Somente assim é possível alcançar bons resultados, tanto da equipe quanto individualmente, seja para equilibrar a autoestima ou para lidar com qualquer outro sentimento.
Carla Verna é Psicóloga e palestrante especialista em qualidade de vida, gestão de equipes, inteligência emocional e motivação. www.carlaverna.com.br