Evento apresentou aos mais de 800 congressistas que a Diversidade aumenta a lucratividade e dá sustentabilidade aos negócios
Investir em diversidade dentro das organizações é muito mais do que apoiar a inclusão social. É garantir a lucratividade, a inovação e a sustentabilidade do negócio. Segundo pesquisa divulgada em maio deste ano pelo Instituto McKinsey, empresas que valorizam e adotam a diversidade dentro de suas estruturas apresentam melhores resultados: as que possuem diversidade de gêneros e étnica têm performances financeira 15% e 35% maior do que as demais.
Traduzindo e exemplificando: pessoas e empresas que discriminam a população LGBT, empresas que empregam pessoas com deficiência apenas para cumprir com a legislação de cotas, empresas que contratam e promovem levando em consideração requisitos outros que não a competência profissional para o desempenho das funções são empresas que estão perdendo dinheiro. Ou, como definiu o gestor executivo da ABRH Brasil, Ricardo Mota, “são empresas que podem não vir a contar a sua história, num futuro próximo”.
Ricardo Mota foi o moderador da palestra-magna “Diversidade inclusiva: respeito, engajamento e resultado”, realizada hoje no Congresso Catarinense de Recursos Humanos (Concarh) 2017, que reúne mais de 800 congressistas e visitantes no Centrosul, em Florianópolis, até o fim da tarde desta sexta-feira, dia 14.
Profissionais, líderes e gestores de Recursos Humanos de empresas de todo o país foram sensibilizados pelo palestrante sobre como inserir e enfrentar os desafios da inclusão dentro do contexto empresarial. “A grande oportunidade que as empresas possuem de inserir a diversidade dentro de seus contextos é justamente quando se fala em Sustentabilidade”, destacou.
Na avaliação de Mota, apesar de as pesquisas apontarem a importância da inclusão para a lucratividade dos negócios, a maioria das empresas ainda não compreendeu como incluir, efetivamente. “A maioria ainda trata tudo como números ou cotas. Ainda falta atitude. As empresas precisam levar a diversidade para dentro das suas culturas e adotá-las em seu DNA. Tem que praticar, tem que mostrar que é possível, que é viável, que traz inteligência. A diversidade aumenta a produtividade e o retorno financeiro para a empresa”, complementou.
A prática da Atento e da Unimed Blumenau
O exemplo é sempre melhor do que a teoria. A palestra magna trouxe aos congressistas as experiências da Atento e da Unimed Blumenau em conhecer, reconhecer, respeitar, empoderar e em agregar a diversidade de gêneros, gerações, culturas, raças e orientação sexual em seus ambientes corporativos. Os cases foram apresentados pela diretora de RH da Atento, Majo Martinez Campos, e pelo Jauro Soares.
A Atento possui reconhecimento mundial quando o assunto é inclusão e igualdade de gênero e se destaca por possuir mais de 75% do seu quadro funcional preenchido por mulheres, sendo que mais de 2,4 mil delas ocupam cargos de lideranças. “Quando fui convidada para atuar na Atento, minha primeira visão foi como uma empresa com 90 mil funcionários pode não tratar esse tema de maneira séria e não entender que nós somos um extrato da população brasileira? Eu já tinha essa convicção, mas pude trabalhar mais pesadamente em uma empresa em que adotou isso como parte do negócio”, pontuou Majo.
A palestrante trouxe quais as primeiras etapas para que a diversidade e a inclusão caminhassem e se tornassem parte da estratégia de negócio da Atento. “Primeiro você precisa trabalhar com o setor de recursos humanos, que precisa entender a importância do tema, e depois trabalhar com as bases, com grupos de trabalho, com a ouvidoria, comitê de ética, dados, projetos em cima dos dados. Foi um trabalho prévio de dois anos. Apenas depois de perceber que as pessoas estavam sentindo a diferença foi que eu levei todo esse assunto ao comitê e ai ele foi aprovado”, ensinou Majo. “Usar a linguagem dos negócios, fazer tabelas, planilhas, mostrar em números quanto a empresa está perdendo em retorno financeiro em relação à concorrência também é importante”, concluiu.
A ousadia da Unimed, em 2005
Em 2005, a Unimed de Blumenau chocou o Estado de Santa Catarina ao distribuir outdoors pelo município informando que os planos de saúde familiares da cooperativa atendiam a todos os tipos de família: homoafetivas, uniparentais, formadas por avós e netos ou por apenas um dos avós. Segundo o Jauro Soares, diretor-superintendente da Unimed, a campanha recebeu mais de dois milhões de compartilhamentos ele acabou excomungado pelo padre da paróquia local.
“O que fizemos foi dar a todos o acesso ao plano e a demanda surgiu a partir de um funcionário nosso, que desejou inserir o companheiro no benefício. Ali estendemos isso para todos os outros funcionários da Unimed e entendemos que deveríamos estender a todos os usuários. Veio a repercussão negativa e positiva, a Unimed Brasil nos puniu. Vieram várias entrevistas e depois de todo esse deslize, hoje a Unimed, com mais de 348 unidades, é reconhecida como uma das empresas que mais investe em Responsabilidade Social no Brasil”, detalhou Jauro.