De acordo com Carine Roos, ainda há barreiras de preconceito a serem quebradas
O tema “Mulheres no Poder” e “Igualdade entre Raças” tem sido um assunto debatido por anos, com poucos resultados positivos e ainda muitas barreiras impostas pelo preconceito a serem quebradas. Simone Tebet, candidata à presidência da República pelo MDB, confirmou a senadora Mara Gabrilli (PSDB), como sua vice na chapa que disputará as eleições de outubro, 100% feminina e inclusiva.
O que mostra que é possível ter chapas realmente engajadas e preocupadas com a antiga mentalidade machista que envolve a maioria esmagadora de candidatos. Segundo Carine Roos, CEO e fundadora da Newa, empresa de consultoria especializada em diversidade, inclusão e saúde emocional para as organizações, mesmo com esse avanço na política, ainda enxergamos obstáculos que podem parecer difíceis de serem derrubados.
“O cenário patriarcal de homens brancos heterossexuais se repete há tempos na política. A democracia num país se faz com um governo igualitário de gênero, raça, orientação sexual, idade, pessoas com deficiência e a população LGBTQIAPN+ no poder”, comenta Roos.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os números de candidatas femininas aumentou em pouco mais de 200 mulheres em comparação às eleições de 2018. Cerca de 9.415 mulheres foram registradas no tribunal. O aumento foi impulsionado a partir de uma reserva de 30% dos recursos do fundo eleitoral destinado às mulheres. Por outro lado, também temos um avanço de raça. Candidatos negros e pardos representam hoje cerca de 49,5% dos elegíveis, e os indígenas saltaram de 133 candidaturas em 2018, para 175 em 2022.
“O Brasil por si só possui raízes machistas, racistas, homofóbicas e capacitistas, e é na causa que devemos atuar. A inclusão é sobre a criação de um país que seja democrático, sustentável e próspero em todas as esferas para essas e as próximas gerações”, ressalta a CEO.
No dia 29 de agosto completou-se 10 anos de existência da lei de cotas raciais, além disso também foi comemorado o dia da visibilidade lésbica, o que levantou questões pertinentes sobre o primeiro debate dos políticos na TV, que aconteceu um dia antes. Após o ataque misógino à jornalista Vera Magalhães por parte do candidato à presidência Jair Bolsonaro, algumas jornalistas, entre elas, a senadora Simone Tebet, questionaram as ações de Bolsonaro referente ao tratamento de mulheres. Posteriormente, no feriado de 7 de setembro, dias após o debate, o candidato à presidência voltou a atacar verbalmente as mulheres em tom pejorativo.
“As questões em torno do feminismo aos candidatos são válidas, porém foi uma discussão em torno de um ponto de vista branco. A pauta negra sequer foi tocada, seja por candidatos e jornalistas. Se queremos realmente uma sociedade mais igualitária, precisamos incluir e ouvir todos”, finaliza a especialista em D&I.