Para entendermos e aceitarmos a pluralidade de perspectivas e experiências, que nos trazem aprendizados e novas possibilidades, é requerido de nós uma visão de mundo ampliada. Trata-se de ver o mundo pela perspectiva do outro e não pela nossa, demonstrando empatia. Da mesma forma, requer de nós sensibilidade para entender que a nossa realidade não necessariamente é a realidade do outro.
Diversidade e Inclusão (D&I), como disciplina, foi mencionada pela primeira vez em 1960 e, desde então, tem sido amplamente discutida. Quando falamos em Diversidade & Inclusão muitas vezes nos detemos na perspectiva humana que essas duas palavras nos trazem. Pensamos imediatamente em Direitos Humanos, igualdade de tratamento e liberdade.
Para muitos de nós, a promoção da Diversidade & Inclusão é o certo a se fazer moralmente falando e que pode nos levar a construção de um mundo melhor para todos, e esse pensamento se dá, pois sentimos empatia. Estudos demonstram que quando as pessoas sentem empatia, é mais provável que se envolvam em comportamentos e atividades sociais que beneficiam outras pessoas. A empatia é uma habilidade emocional muito importante e contribui para criar relações de trabalho saudáveis e positivas e nesse sentido, se constitui como ponto principal para construção de um ambiente de trabalho mais diversificado e inclusivo.
Ao discutir sobre Diversidade, é importante destacar que não se trata apenas de uma questão de igualdade de gênero. Equipes diversas adotam diferentes perspetivas, incluindo diferentes etnias, gerações, formações, nacionalidades, culturas e sexualidade, para listar algumas. Nesse sentido, quando pensamos no termo “culture fit”, amplamente usado em recrutamento e na gestão de talentos nas organizações, este está em total desalinho com relação aos princípios de D&I.
Atualmente fala-se da substituição do termo “culture fit”, que identifica a aderência do indivíduo aos valores da organização, pelo princípio de “culture add” visto como os valores que o indivíduo pode adicionar a cultura organizacional. Algumas organizações como o Facebook e Amazon já estão utilizando esse princípio durante o recrutamento, para melhorar seus processos e contratar perfis mais diversos.
Contudo é importante ressaltar, que nada adianta, ter um grupo de talentos diversos, se a cultura estabelecida na organização não é inclusiva. Pesquisas apontam que o ambiente de trabalho é identificado como inclusivo quando os funcionários percebem igualdade de tratamento e de oportunidades, quando se sentem incluídos nas decisões, o que gera um sentimento de pertencimento e quando sentem que tem abertura para se mostrarem como verdadeiramente são, sem nenhum receio de que suas atitudes, crenças ou opções possam repercutir negativamente em sua imagem como profissional ou em suas carreiras.
Organizações devem buscar ajustar suas práticas e políticas, para estar alinhadas aos princípios de D&I, não só por ser o certo a se fazer no que a tange a gestão de pessoas, mas também por ser o certo a se fazer no que tange a gestão do negócio. Muitos estudos demonstram uma conexão significativa entre D&I e desempenho da organização, mostrando que empresas com equipes diversas têm maior probabilidade de obter resultados financeiros positivos e desenvolver ideias inovadoras.
No último relatório da McKinsey & Company, publicado em maio de 2020, chamado “Diversity Wins”, eles esclarecem que, mesmo agora, no meio da crise gerada pela pandemia, Diversidade e Inclusão é mais importante do que nunca. Para algumas empresas, que já possuem D&I como parte de sua cultura e processos de RH, eles reconhecem que “Empresas cujos líderes acolhem talentos diversos e incluem múltiplas perspectivas, provavelmente surgirão da crise mais forte”.
Quando pensamos em equipes de alto desempenho, não se trata apenas de quantos talentos, temos, mas quantos têm um perfil diverso, sendo capazes de trazer um novo olhar, uma nova forma de pensar. As equipes de alto desempenho têm a capacidade de trabalhar juntas, de forma unida, concentrando-se no que é mais importante para a organização. Nessa linha de pensamento, o que mais importa é o trabalho em equipe, objetivos compartilhados, forte senso de colaboração e confiança entre os diversos membros.
Por fim, vale destacar que Diversidade & Inclusão não deve ser apenas um importante tópico dentro da agenda da área de RH, mas na agenda de todas as pessoas que formam a organização. Uma liderança forte é crucial para promoção de uma cultura inclusiva e aberta a diferentes perfis profissionais. Quando se trata de desenvolvimento e retenção de talentos diversos, os líderes que estão próximos de suas equipes, que são capazes de compartilhar uma visão e estabelecer um ambiente de confiança, têm mais chances de obter bons resultados e contribuir para o crescimento organizacional.
“As opiniões expressas neste artigo não representam necessariamente as opiniões do empregador da autora”
Gabrielle Botelho é Diretora de RH responsável pela América do Sul, na CGG, onde está liderando diversas iniciativas de RH, visando desenvolver uma cultura organizacional centrada em pessoas, que dá ênfase ao aprendizado contínuo e a inovação
Excelente reflexão! Acredito que trabalhar diversidade e inclusão é um grande desafio com o qual as empresas terão que lidar constantemente. Existe o “start”mas não tem uma linha de chegada pq passa por transformação cultural, compreensão da importância do assunto pela direção e mudança de mind set dos próprios colaboradores. É um trabalho contínuo de semeadura e a colheita é demorada. Mas perseverar é preciso. Go ahead, Gabrielle!!!