Segundo a consultoria em diversidade Ethos existem apenas 4,7% de pessoas negras em cargos de chefia nas 500 empresas brasileiras pesquisadas. Além disso, mais de 60% das companhias não possuem políticas para impulsionar a presença de mulheres em posições de liderança, de acordo com um estudo realizado pela consultoria Robert Half. Se olharmos para segmentos específicos, como é o caso da tecnologia, os números são ainda mais alarmantes.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20% dos trabalhadores brasileiros de TI são mulheres. Já um levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom) mostrou que apenas 30% dos colaboradores são negros, pardos e indígenas. Algumas empresas do setor têm buscado alternativas para combater as desigualdades. A Feedz, por exemplo, uma plataforma completa para engajamento e desempenho de colaboradores, tem buscado oferecer vagas para pessoas pretas, mulheres e LGBTQIA+.
A empresa que hoje possui uma política de inclusão e diversidade bastante atuante com processos de seleção específicos para mulheres, pessoas trans e negras, também tem fomentado o debate no time. Segundo Camila Bonetti, Head de People & Cultura da startup, os colaboradores passam por uma imersão para que o ambiente esteja preparado pra pessoa que vai chegar daqui uns 2 ou 3 meses. “Atualmente, temos 31% de colaboradores negros, 60% de mulheres e 30% LGBTQIA+, e buscamos aumentar ainda mais estes números até 2022”, explica a executiva.
De acordo com a pesquisa global da Diversity Matters, funcionários de empresas que adotam a diversidade relatam níveis muito mais altos de inovação e colaboração do que seus pares de outras empresas. Eles têm chances 152% maiores de propor novas ideias e tentar novas formas de fazer. Para o Boston Consulting Group, 19% a mais de receita é gerada por equipes de gestão diversificadas devido à capacidade de inovação.
Com mais de 12 anos trabalhando com tecnologia, Paula Soares passou dez anos tentando, sem sucesso, sair da área de suporte para a de desenvolvimento. “Enquanto mulher preta, eu me sentia silenciada constantemente, vi muitos colegas serem promovidos, ou conseguirem empregos em cargos superiores ao meu, apesar de terem menos conhecimento técnico. Há nove meses tudo mudou! Participei do processo seletivo para mulheres pretas na Feedz, para o cargo que eu tanto sonhei, e, mais que isso, com menos de um ano fui promovida”, conta.
Juliana Barbosa mora no Rio Grande do Norte e foi a primeira mulher na área de tecnologia da Feedz. “Sempre fui muito bem acolhida, e quando as outras mulheres, LGBTQIA+ e pretos começaram a chegar por meio dos processos seletivos direcionados, nós tratamos de criar grupos no Discord e no Whatsapp para acolher todos que chegavam. Em nenhum momento deixamos de ser quem somos, muitas vezes nossas ideias saem fora da caixa e nos destacamos dos nossos concorrentes também por isso”, pontua.