Geógrafos, contadores, bancários e estilistas veem suas rotinas se reinventarem com a chegada de novas ferramentas digitais. Especialistas defendem que o RH deve liderar esse movimento de adaptação nas empresas.
A revolução tecnológica que atravessa o mercado de trabalho brasileiro não se limita às áreas de TI ou inovação. Profissões tradicionais estão sendo reformuladas a partir da incorporação de novas ferramentas, inteligência artificial, plataformas digitais e modelos flexíveis de atuação. O impacto é profundo e exige que os setores de Recursos Humanos estejam atentos à requalificação de talentos, às mudanças de perfil profissional e à atualização das competências exigidas pelo mercado.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a tecnologia deve criar 78 milhões de novas vagas de trabalho até 2030, superando o número de empregos extintos por automação. O saldo é positivo, mas o recado é claro: quem não acompanhar a transformação digital corre o risco de se tornar obsoleto.
Profissões em transformação: do campo ao digital
A geógrafa Dafne Cavalheiro dos Santos é um exemplo desse novo cenário. Formada pela UFRGS, iniciou sua carreira com uma visão tradicional sobre a atuação em Geografia. Hoje, atua como analista GIS na Codex, empresa especializada em dados geoespaciais e mudanças climáticas. Trabalha com plataformas digitais, planejamento urbano e governança de dados. “A tecnologia me levou por um caminho que eu nem imaginava. Pensava que precisaria de um diploma em computação para fazer o que faço hoje”, diz.
Outro caso é o de Alexandre Guedert, ex-bancário de instituição tradicional. Em 2021, ele migrou para a carreira de bancário autônomo, com atendimento remoto e personalizado via a plataforma Franq. “Hoje tenho mais autonomia, escolho os produtos que ofereço e posso montar uma carteira de clientes com quem me identifico”, afirma. A mudança, além de ampliar a satisfação profissional, representa um novo modelo de atuação que foge dos padrões engessados dos bancos tradicionais.
No setor de suporte técnico, Otávio Alberto Rodrigues encontrou na plataforma FindUP uma alternativa ao modelo convencional de emprego. Como técnico autônomo, ele realiza atendimentos por demanda e administra sua própria rotina. A empresa já movimentou mais de R$ 5,7 milhões em pagamentos para profissionais independentes e aposta na capacitação contínua com a FindUP Academy. “Hoje atuo com mais autonomia e consigo escolher os projetos em que quero me envolver”, relata Otávio.
Moda e contabilidade também se reinventam
A moda, tradicionalmente associada à criatividade artesanal, também se rendeu à digitalização. A Audaces, referência em soluções para o setor têxtil, oferece ferramentas como o Fashion Studio e o Audaces Sofia, que simulam o caimento de tecidos, aplicam estampas digitalmente e automatizam o design de coleções. “A criação de modelagens em 3D e a redução de protótipos físicos tornaram o processo até 70% mais rápido”, afirma Wager Heckert, diretor de Marketing da Audaces.
Na contabilidade, a transformação é ainda mais visível. Escritórios investem em automação, e ferramentas como assinatura e certificação digital tornam processos antes presenciais, totalmente virtuais. “Hoje, o contador atua como consultor estratégico, com mais foco em análise do que em burocracia”, explica Heitor Pires, CEO da Certifica.
A revolução chega ao RH — e começa por ele
A área de Recursos Humanos não está imune a essa revolução — pelo contrário, é protagonista. A digitalização do RH, impulsionada por plataformas com inteligência artificial, está mudando a forma como empresas contratam, treinam, engajam e cuidam dos colaboradores.
Soluções como o RH Digital, que integra IA ao WhatsApp corporativo, automatizam processos como emissão de holerites, solicitação de férias, atualizações cadastrais e pesquisa de satisfação. Com isso, o RH economiza tempo, reduz custos e melhora a experiência dos funcionários. Entre os resultados obtidos estão:
71% menos tempo com tarefas manuais
63% menos chamados ao RH
52% mais eficiência no onboarding
43% de economia operacional
67% mais satisfação dos colaboradores
“É o RH que trabalha 24h, sem filas e sem burocracia”, resume o material institucional da plataforma. Além da automação, os dados gerados pela ferramenta oferecem insumos para decisões estratégicas, com painéis em tempo real, relatórios de desempenho e acompanhamento completo da saúde organizacional.
RH e liderança devem assumir a dianteira
À medida que profissões tradicionais ganham novas formas, cabe ao RH liderar a mudança dentro das organizações. Isso significa investir em requalificação, identificar novos perfis de talentos, atualizar as descrições de cargo e adotar ferramentas que aumentem a inteligência da gestão de pessoas.
A transformação digital não é mais uma tendência futura, mas uma realidade presente — e o profissional de RH que compreendê-la como uma oportunidade, e não uma ameaça, poderá conduzir sua organização com mais inovação, produtividade e sustentabilidade.