As dores pós COVID têm preocupado médicos de toda parte do mundo e traz em discussão as sequelas que ainda estão por vir em pacientes que adquiriram o coronavírus nos últimos anos na pandemia. “A pessoa que teve o Covid passou por uma infecção generalizada causada pelos vírus. Estão surgindo no consultório dores estranhas, dores crônicas e discutimos isso durante o congresso Pain Brazil, com especialistas da Europa, América Latina e América Central”, explica o médico intervencionista da dor Dr. Fabrício Dias Assis.
Mas não são só as dores causadas pela COVID que estão preocupando os médicos brasileiros. Segundo um estudo mais recente feito pelo Sinpain, com 400 entrevistados em Campinas-SP, mais de 50% das pessoas sofrem com algum tipo de dor crônica, as principais dores são de cabeça e coluna. Seja por algum problema de saúde, esforço físico exagerado ou outro motivo do dia a dia. No estudo 59% apresentaram dores nas costas nos últimos dozes meses e 48,7% apresentaram dor nas costas várias vezes há mais de um ano; das dores mais relatadas pelos entrevistados são 33% dores de cabeça, 33% dores nas costas e 8,5% dores nas juntas e 10% queimação de estômago. “A dor crônica é definida pela Organização Mundial de Saúde pela dor que dura mais de três meses. Tem pessoas que chegam ao consultório que convivem com a dor há 20 ou 30 anos e nunca procurou um tratamento, porque não sabe que existe uma intervenção para isso”, explica Dr. Fabrício.
Entre os tratamentos mais inovadores na intervenção da dor estão a medicina regenerativa feita através da células troncos e da neuromodulação pelo implante de eletrodos no gânglio da raiz dorsal que libera estímulos nos nervos afetados. “Às vezes alguma doença não tem cura, mas existem tratamentos que podemos realizar para proporcionar uma qualidade de vida melhor para aquele paciente, sem nenhuma dor”, concluiu o médico intervencionista da dor.
Congresso Pain Brazil 2022 é o maior da América Latina
Todos esses estudos foram apresentados, de 22 a 25 de junho, em Campinas-SP no Congresso Internacional Multidisciplinar de Dor – Pain Brazil 2022, realizado pela faculdade Sinpain, com mais de 30 médicos internacionais intervencionistas da dor convidados e 600 congressistas da área da saúde.
Segundo o presidente do congresso, Dr. Fabrício Dias Assis, esse foi o maior encontro presencial do ano. “Esse congresso é de suma importância não só para o Brasil, mas para América Latina, esse é o maior congresso de 2022. Hoje, nós temos aqui os melhores médicos de dor do mundo discutindo sobre todos os tipos de dores”, afirmou Dr. Fabricio.
O primeiro dia foi marcado pela realização de intervenções em 11 pacientes que sofrem com dores na coluna, cabeça, artrose, câncer e outras comorbidades, transmitido ao vivo para o congresso. Foram realizados tratamentos de radiofrequência e implantes de eletrodos medulares e no gânglio da raiz dorsal, cada procedimento teve um custo médio de 50 mil reais, entre equipe médica e materiais utilizados, todos realizados de forma gratuita.
A agenda do congresso estava bem completa com diversas aulas, palestras e debates com informações sobre o cenário da dor em pacientes da Europa, América Latina e América Central. Para o Dr. Tolu Alugo do Canadá, a cooperação entre médicos é primordial “É necessário ter mais comitês e encontros como esse sobre a dor. Eu participo desses congressos para ouvir sobre as novidades que possam ajudar meus pacientes. Os médicos precisam entender até onde pode ajudar aquele paciente e quando é necessário encaminhá-lo para outro médico especialista. Pensar no bem estar do paciente. Essa é a beleza da cooperação entre médicos”, ponderou o Dr. Alugo.
O tema dores pós COVID foi discutido no dia 25, através da aula “Covid and Pain: Up to Date”, ministrado pelo Dr. Manuel Herrero, da Espanha. Trouxe informações sobre os vários tipos de dores que aparecem nos consultórios médicos e que ainda estão em estudo. “Nós, que estamos na linha de frente dos pacientes da dor, presenciamos muitas dores estranhas que têm surgido em pacientes que contraíram o coronavírus nos últimos anos de pandemia”, comenta o Dr. Herrero.
Segundo o presidente do Pain Brazil 2022, Dr. Fabrício Dias Assis o evento é um marco para a medicina intervencionista da dor na América Latina e surpreende os participantes pela educação de alto nível. “O congresso está atingindo minhas expectativas, é ótimo poder ter acesso a esse nível de conteúdo sem a necessidade de ir para fora do Brasil”, contou a fisioterapeuta Dra. Camila Araujo de Paula, de Pindamonhangaba – SP.
Durante o evento foi entregue uma homenagem chamada “Pain Giants Award” para os médicos Dr. Sudhir Diwan e a Dra. Andrea Trescot, ambos dos EUA, em reconhecimento pelo trabalho desenvolvido no tratamento intervencionista da dor no mundo. O Brasil é referência mundial no tratamento intervencionista de dor e possui o título internacional Fellow in Interventional Pain Practice, concedido pelo World Institute of Pain, sendo o 5º colocado em número de certificações, ficando atrás dos EUA, Holanda, Inglaterra e Índia.