Com a globalização dos mercados é possível dar um direcionamento internacional para a carreira sem se tornar um expatriado
Quando Roberto Almeida, diretor de e-commerce da Nike no Brasil, concluiu o MBA na IE Business School em Madri, sua intenção era continuar a viver fora do Brasil e construir uma carreira internacional. Contudo, a dificuldade de encontrar uma vaga no país o levou a atingir esse objetivo por outro caminho. “Aqui na Nike minhas metas fazem parte de um planejamento global, reporto diretamente ao meu diretor nos Estados Unidos, metade das minhas tarefas são realizadas em inglês e tenho contato com muitos expatriados”, aponta ele, que foi contratado como gerente de Operações Digitais e em oito meses passou a ocupar o cargo atual na multinacional – ascensão que ele credita ao curso realizado na Espanha.
“O MBA me deixou mais preparado e confiante para ser selecionado para a diretoria da empresa”, afirma Roberto, dizendo que procurava aprimorar soft skills e conceitos de finanças e negócios com abordagem globalizada.
Segundo Daniela Mendez, country manager da IE Business School no Brasil, a educação é a principal chave para o crescimento de carreira. “Cursos que promovam a troca de experiências entre pessoas de nacionalidades e formações acadêmicas diferentes, desafiem seus conhecimentos prévios e te coloquem fora da zona de conforto, abrindo novos caminhos para o pensamento crítico são os mais procurados por esse perfil de profissional”, explica a executiva.
Atualmente, a taxa de alunos que se mudam para um novo país após três meses de conclusão do International MBA é de 34% – entre as mais altas da Europa, afirma Daniela. “Mesmo que não estejam dentro dessa faixa, 89% dos graduados estão empregados dentro do mesmo espaço de tempo, sendo que a maioria assume cargos gerenciais em empresas cujos desafios exigem conhecimento globalizado”, defende a executiva.
Para Adriana Gattermayr, Head Coach da Gattermayr Coaching and Training, com a globalização dos mercados é possível dar um direcionamento internacional para a carreira sem se tornar um expatriado. “Essas oportunidades são mais frequentes em multinacionais.
Dependendo da área em que se trabalha, o uso do idioma de origem da empresa pode ser muito forte. Além disso, o funcionário com as habilidades necessárias pode ser envolvido em projetos internacionais, reuniões em outros idiomas e viagens para o exterior; sem contar no relacionamento diário com estrangeiros, que aportam em diversidade, tolerância, novos hábitos de trabalho”, afirma Adriana.
Na visão de Daniela, diretora da escola espanhola, batalhar por uma vaga em empresas globalizadas pode abrir portas para quem deseja, no futuro, pleitear por uma vaga definitiva fora do país. “Recrutadores de grandes empresas internacionais valorizam muito o perfil de pessoas com habilidades interculturais, que acabam sendo desenvolvidas ao trabalhar em uma multinacional. Acredito que essas empresas sejam o meio e não o fim do objetivo de internacionalização completa da carreira”, opina.
Nesse sentido, se o desejo é efetivamente deixar a vida no país de origem para lançar-se a uma nova vida, a paciência é uma grande aliada. “Profissionais que pensam em fazer esse movimento têm de ter em mente que o contexto global muda rapidamente. O mercado ou país que hoje está em alta, procurando inclusive estrangeiros para suprir uma demanda que internamente não é suficiente, mais tarde pode estar retraído”, alerta.