A importância da educação financeira para colaboradores: Melhor equilíbrio, maior produtividade
Douglas Barrochelo, CEO da Biz
Em fevereiro, o Brasil atingiu a marca de 70,5 milhões de inadimplentes. Foram registradas 433 mil novas pessoas negativadas no país durante o mês, de acordo com dados do Serasa. Segundo o levantamento, o valor de todas as dívidas somadas em fevereiro alcançou R$ 326 bilhões, 24% maior na comparação anual.
Reportando a 2022, a cada 100 famílias brasileiras, 78 estavam endividadas. Este patamar é o mais elevado da série histórica produzida pela Confederação Nacional do Comércio, iniciada em 2010. De acordo com pesquisa realizada pela fintech Leve, no início de 2023, cerca de 55% dos trabalhadores gastavam tudo ou mais do que recebiam. Além disso, 25% possuíam mais dívidas do que podiam pagar. O levantamento ouviu 700 colaboradores de 16 empresas de todo o país. “O estresse financeiro é o precursor de vários problemas”, pontua o CEO da Leve, Gustavo Raposo.
O significado destes números para você é que muitos dos colaboradores de sua empresa – e de qualquer outra – estão com problemas para equilibrar os seus gastos. As causas podem ser questões pontuais, como tratamentos médicos sem cobertura de seguros, desemprego de um membro da família, custos elevados com moradia ou educação, mas o resultado será o mesmo: colaboradores mais estressados, menos produtivos, mais propensos a erros e acidentes e com maior abstinência ao trabalho por questões de saúde.
Esse quadro de endividamento afeta diretamente a saúde mental e física dos colaboradores, segundo fortes evidências de pesquisa da Kantar Ibope, que apontou que 74% das pessoas sentem que a situação financeira impacta sua saúde mental e 81% relatam sintomas físicos decorrentes de preocupações com endividamento, sofrendo ainda com ansiedade e depressão. Se o corpo cobra um preço pelo endividamento, parte dele será “pago” no ambiente corporativo, impactando de forma relevante o ambiente de trabalho e até mesmo afetando a cultura da organização.
Para auxiliar neste cenário, os gestores podem tomar ações para corrigir o quadro e apoiar seus colaboradores. Uma opção é negociar com entidades financeiras linhas de crédito e refinanciamento para o quadro de colaboradores. Além disso, por meio do fornecimento de conteúdo sobre educação financeira, a empresa pode aprimorar a capacidade dos colaboradores na administração de seus próprios recursos.
Segundo a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), educação financeira é um processo no qual os indivíduos melhoram a sua compreensão em relação ao dinheiro e produtos financeiros por meio de informação, formação e orientação, aprendendo a utilizar ferramentas que permitam um controle preciso de gastos e de receitas – incluindo os perigosos “parcelamentos sem juros”, onde
é fácil perder a noção das obrigações futuras. A educação financeira vai além de apenas aprender a cortar gastos, economizar e juntar dinheiro. Ela serve como um mecanismo para se autoconhecer, perceber quais são suas prioridades e manter suas finanças equilibradas. Ao aprender a analisar riscos e benefícios do uso do dinheiro, aumenta-se a consciência sobre o seu uso racional, o que permite pensar no futuro e planejar como gastar.
Ao oferecer educação financeira aos colaboradores, a empresa passa a fornecer subsídios para o colaborador não cair no mau endividamento. Adicionalmente, isso pode aumentar e complementar o pacote de benefícios da empresa, tornando-a mais atraente para o mercado. Por aqui, investimos esforços em proporcionar benefícios flexíveis – e personalizados – não apenas para a nossa equipe, mas para o mercado também. Ouvimos diversos gestores de RH em nosso processo de discovery e a resposta foi unânime: é necessário oferecer algo que realmente faça sentido para o time.
O uso de cartões de benefícios múltiplos e flexíveis, por exemplo, pode ser uma excelente maneira de seus colaboradores aplicarem em suas despesas pessoais o conhecimento adquirido nos treinamentos e cursos de educação financeira. Desta forma, ao fornecer essa oportunidade aos colaboradores, a empresa oferece a expertise para evitar dívidas não administráveis pela renda familiar. Ao fazer isso, a empresa não só melhora a qualidade de vida de seus colaboradores, como também se torna mais atrativa para o mercado.