Por Luiz Alberto Ferla, fundador e CEO do DOT Digital Group
A pandemia acentuou a percepção da importância da capacitação pelos executivos brasileiros. Um levantamento feito pela empresa de auditoria e consultoria Grant Thornton, no primeiro semestre de 2021, identificou que os gestores estão mais dispostos a investir em qualificação de suas equipes nos próximos 12 meses. Entre os 253 executivos brasileiros entrevistados, 74% consideram aumentar os investimentos para desenvolver novas habilidades em seus times.
Investir em educação corporativa é importante para elevar as habilidades, técnicas e competências da equipe, obter níveis mais altos de engajamento do colaborador, aumentar a retenção de profissionais e, claro, melhorar a produtividade. Hoje, o desenvolvimento e o aprendizado são apontados como principais motivadores para a permanência numa empresa. O investimento em capacitação também se faz necessário porque a pandemia passou a exigir maior desenvolvimento de habilidades comportamentais.
As soft skills já eram consideradas tão importantes quanto as hard skills antes mesmo destes novos tempos. Com a chegada da pandemia e com a necessidade de nos mantermos produtivos, veio a exigência de uma nova organização da rotina, respostas mais rápidas às mudanças, adaptabilidade em um cenário incerto, comunicação 100% a distância, tolerância com os imprevistos, saber trabalhar de forma autônoma e estabelecer relações de confiança, entre outros desafios.
Para o desenvolvimento destes comportamentos são necessárias habilidades como organização, flexibilidade, foco, empatia, priorização, inteligência emocional e, sem dúvida, a criatividade para lidar com as surpresas de cada dia com um olhar otimista, gerando novas ideias e soluções em um cenário complexo e em constante mudança.
Algumas empresas já despertaram para essa nova realidade e passaram a investir em soluções de desenvolvimento contínuo, entendendo que as habilidades que hoje são necessárias, amanhã poderão se tornar obsoletas.
O aumento da demanda por estruturação de programas de treinamento e capacitação ou por migração de programas do presencial para o digital vem sendo sentida desde meados do ano passado. Isto ocorreu, principalmente, nas Universidades Corporativas e em programas de treinamento permanentes. Atualmente, a maior parcela dos orçamentos de treinamentos das grandes corporações é destinada à capacitação online ou ao sistema híbrido de treinamento. Essa é uma nova realidade, que deve se consolidar, pelos ganhos de escala, redução de custos e melhores resultados.
Uma das grandes vantagens da modalidade a distância é a economia de recursos, pois elimina os custos com estrutura física e permite um ganho de tempo no ensino. A ideia de que o aprendizado somente se adquire por meio de uma educação formal, como uma graduação ou formação superior, não é mais verdadeira. Esse formato de ensino já não dá conta do conteúdo exigido quando migramos da escola para o ambiente de trabalho.
A educação a distância irá democratizar o ensino e quebrar fronteiras tradicionais na educação. A tendência será o compartilhamento de conteúdos de forma aberta para toda a rede mundial de computadores. Os serviços de banda larga, especialmente o 5G, deverão receber mais investimentos, proporcionar e permitir a criação de ambientes totalmente virtuais e online para o aprendizado na prática. A educação formal perderá importância à medida que o ensino digital conquistar mais adeptos, já que é mais escalável, mensurável e econômico. Novas profissões surgirão todos os anos e o EaD acompanhará esta evolução, oferecendo cursos de “especialização”, em vários formatos e de menor duração, que vão muito além do que as universidades oferecem e focados nas necessidades desse novo mercado em transformação.
As primeiras décadas de evolução da educação a distância (de 1990 e de 2000) foram importantes para a adequação das novas metodologias de ensino e aprendizado. No entanto, esse avanço é contínuo e deve influenciar mudanças significativas para o futuro da educação nos próximos anos.