Reconhecida pelo ecossistema de inovação como uma empresa que tem base de cultura e trabalho em equipe, ao jeito de ser da Netflix, a Fhinck, startup de tecnologia que utiliza dados para aumentar a performance e eficiência operacional no trabalho, acaba de anunciar a contratação de 10 profissionais, selecionadas na 1ª edição do programa “The Fhincker Way”, que visa formar talentos para atuarem em tecnologia, em análise de dados e indicadores.
Desde o anúncio da abertura das vagas nas redes sociais, até o fechamento e contratação, foram cerca de 74 dias. A startup recebeu mais de 1400 candidaturas para o processo que não seguiu os moldes tradicionais de R&S, ou seja, não contou com indicações de pessoas próximas ou avaliou currículos e habilidades técnicas. Do início ao fim, desde o primeiro “contato” e entrevistas em vídeo, foi às cegas.
O objetivo é ampliar a participação das mulheres no setor e trazer representatividade, contribuindo para redução das desigualdades entre homens e mulheres em tecnologia. “Foi a primeira vez que conduzi um processo afirmativo para um grupo com lente de gênero. Pensar em como definir os critérios de recrutamento, sem pré-requisitos, também foi algo muito desafiador. Foi necessário um olhar mais atento às nuances e detalhes, principalmente em etapas iniciais (questionários escritos e gravados)”, compartilha Sarah Hirota, líder de Pessoas e Cultura da Fhinck.
Para a gestora, desenhar o programa sem saber qual o nível de conhecimento das candidatas também foi algo extremamente novo, pois o fato de não serem necessários requisitos técnicos, não significa que algumas candidatas não tenham essa bagagem. “O jeito foi aplicar um formato que conseguisse atender às expectativas de alguém que já tenha algum conhecimento também. Ações afirmativas não são somente para as grandes corporações, é sim possível uma empresa de menos de 40 pessoas pensar fora da caixa para colocar em prática algo que acredita.”, diz Sarah.
O propósito é que, ao término do programa, elas possam se sentir seguras e preparadas a partir de uma boa bagagem teórica e possam, em pé de igualdade, competir e trabalhar em um mercado majoritariamente masculino. Atualmente, a Fhinck conta com 41 colaboradores, dentre os quais, 21 são mulheres. No último ano, triplicou o time.
Nesta primeira edição, que tem a temática “Mulheres na Tecnologia”, as contratadas transitarão entre as áreas de Tech, Data, X-People, Marketing, Finanças, Operações, Estratégia, bem como terão acesso a conteúdo e cursos técnicos teóricos, habilidades digitais, programação, ciência de dados, soft skills, negócios, curso de idioma e mentoria com mulheres que são referências das áreas de Tech e Data.
A Fhinck ainda não definiu as ações de 2022 e se haverá segunda edição, porém, o balanço dos resultados do processo foi bastante positivo. Entre os benefícios oferecidos pela startup estão: plano de saúde; auxílio home office; auxílio psicólogo; auxílio nutricional; plano de estudos, entre outros.
Quem são as mulheres
Entre as 10 profissionais contratadas está Bianca Tomie Yabiku, de 32 anos, engenheira civil. “O programa The Fhincker Way me chamou atenção por ser uma oportunidade de iniciar na área de dados com um grupo de mulheres. Antes disso, não tinha trabalhado com tantas profissionais e estou impressionada com a segurança que isso dá no trabalho cotidiano”, afirma.
Biomédica e farmacêutica de formação, Kátia Battistini tem 43 anos, é casada e mãe de dois filhos. Fez uma pausa na carreira profissional para rever a trajetória e enxergar novos horizontes. “Antes, a área da tecnologia parecia algo improvável, provavelmente reflexo do estigma nerd e da minha falta de conhecimento na área. Acostumada a trabalhar desde cedo, lidar com muitos desafios ao mesmo tempo e com muita sede por aprender coisas novas, experimentei a área de dados em um curso básico e me identifiquei de imediato: entender os dados de modo sistêmico permitiria diversos insights de melhorias e resolução de problemas”, comenta.
Conexão São Luís – São Paulo
Lorena Rejane tem 23 anos, é ludovicense. Natural de São Luís, no Maranhão, é mais uma das mulheres contratadas pela Fhinck. Estudante de Ciências Econômicas pela UFMA, soube do programa pelo LinkedIn e, de início, se encantou por ser uma proposta voltada para mulheres sem nenhum conhecimento técnico para serem desenvolvidas pela empresa. “Infelizmente, como mulher, nordestina, lésbica, sofri muita discriminação e palavras não seriam suficientes para descrever como foi libertador esse processo às cegas”, revela.