Wellington Silvério é diretor de Recursos Humanos da John Deere para a América Latina
Muito se tem falado sobre as mudanças causadas pela pandemia e os impactos gerados, seja no ambiente corporativo, em nossas relações cotidianas ou, de uma maneira geral, em nossas vidas. Diante da maior crise sanitária da história do planeta, tivemos que nos acostumar com uma nova realidade, que nos exigiu uma série de adaptações.
A começar pelas nossas rotinas no trabalho. Todos precisaram reavaliar a própria relação com a era digital e aceitar a nova realidade das conexões, das lives e das plataformas para que, dessa maneira, pudéssemos avançar e estabelecer novos formatos de ambientes de trabalho, seja no escritório ou na linha de produção, onde desde o início respeitamos cada orientação sobre o momento pandêmico.
E ainda para manter a tranquilidade e garantir a nossa excelência, foi necessário que cada liderança e cada integrante dos times incentivasse transformações. Precisamos aceitar o novo e olhar de frente para os novos mindsets para lidar do melhor jeito com as transformações que surgiram em cada área, departamento e unidade.
Uma das transformações, com certeza, se encontra na forma de liderança, em que a escuta se torna uma prioridade. E conseguimos fazer isso melhor se recorrermos à empatia, que nos foi despertada com a pandemia.
Nós brasileiros, creio, fomos beber da fonte da empatia, que é uma absoluta habilidade do ser humano de se colocar no lugar do outro e que, na seara profissional, pode propiciar um ambiente profícuo e harmonioso.
Agora, no início de nossa jornada de 2022, deixo a provocação: como as organizações e seus funcionários poderão ser exitosos nesta hora da retomada em um novo modelo?
Diante desse cenário, líderes precisam ter a empatia no radar, uma vez que as novas e as já habituadas gerações vêm com um driver importante e reformulado, que é a busca pelo real e novo propósito. E em nossa empresa, ter esse olhar tornou-se muito pertinente, uma vez que mais da metade dos admitidos na John Deere em meio à pandemia, no período de 2020 até o final de 2021, têm até 25 anos de idade, e ainda 79% desses novos funcionários têm até 30 anos. É importante dar espaço para que esses jovens possam se expressar, assim como aqueles que já estavam conosco e agora retornam com uma visão reformulada pela experiência vivida nos últimos quase dois anos. Cada geração tem seu modo de enxergar o mundo. Sempre temos muito a ensinar e a aprender uns com os outros.
Entre tantos aprendizados ao longo da recente era transformacional, um exemplo que podemos destacar é o pensamento ágil e sua metodologia Agile, que propõe a mudança de mentalidade e a utilização de formas de trabalho multifuncional e ferramentas digitais para aperfeiçoar o desenvolvimento de projetos. Muito se falou, antes do atual tsunami transformacional que vivemos, sobre inteligência artificial e seus benefícios e ameaças, a era digital como ameaça ao emprego. Mas ao final, o que constatamos de fato é que estamos falando mesmo de “ser humano”. A transformação digital e organizacional é sobre o ser humano e a real capacidade de elevar e consolidar a empatia entre seres e humanos, se me permitem o trocadilho, e a partir de seu efetivo exercício, assegurar a perpetuação de organizações cada vez mais transformadas e alicerçadas em relações de respeito mútuo e consideração, carinho e olhar as suas pessoas.
Para abraçar de vez a transformação empática nas organizações, é necessário propor soluções ágeis, inovativas e colaborativas e ter um ambiente diverso e inclusivo. A combinação de diferentes perfis de pessoas, culturas e experiências agrega valor, melhora a convivência, permite a troca e o aprendizado e também reflete em resultados positivos para o negócio. O ambiente empático é o ponto de partida para atrair e reter atuais e novos talentos na empresa e deve ser o principal motivador para o êxito das organizações.