Combatendo a síndrome da impostora no ambiente corporativo
Com a chegada do Dia Internacional da Mulher, corporações de diversos segmentos intensificam o debate sobre a síndrome da impostora, um fenômeno cada vez mais reconhecido como um desafio à igualdade de gênero no ambiente de trabalho. Mariana Deperon, advogada e especialista em diversidade, inclusão e estudos de gênero, tornou-se voz ativa neste diálogo através de seu livro “Eu, impostora”, e sua agenda para março já está repleta de compromissos com empresas ansiosas por promover a conscientização.
Deperon, sócia da Travessia Inclusão, acredita que discutir abertamente sobre a síndrome não só esclarece um problema complexo enfrentado por muitas mulheres mas também promove uma cultura corporativa mais solidária. A especialista destaca a importância de substituir a denominação “síndrome” por “fenômeno” para despatologizar a experiência e destacar sua origem sistêmica, ligada ao patriarcado.
O “fenômeno da impostora”, identificado pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Immes no fim dos anos 70, descreve a dificuldade que algumas mulheres têm em internalizar suas conquistas, atribuindo-as a fatores externos em vez de reconhecerem suas próprias competências.
No Brasil, a representatividade feminina em cargos de liderança é alarmantemente baixa, com apenas 17% das posições ocupadas por mulheres, segundo o Panorama Mulheres 2023, do Talenses Group em colaboração com o Insper. Esse cenário contribui para o fortalecimento do fenômeno, especialmente em ambientes onde a presença feminina é escassa em posições de poder.
Deperon ressalta a necessidade de abordar o fenômeno sob uma perspectiva que visa mudar os ambientes corporativos, e não “consertar” as mulheres. Reconhecer que a síndrome da impostora também pode afetar pessoas de diferentes identidades de gênero é crucial; entretanto, seu estudo foca nas experiências femininas, evidenciando a necessidade de ações mais inclusivas por parte das organizações para promover a equidade de gênero.
A especialista aponta o longo caminho que o Brasil ainda tem a percorrer para alcançar a igualdade de gênero nos locais de trabalho. Ela enfatiza a importância de as empresas adotarem práticas e programas que garantam uma maior inclusão e equidade, destacando o papel crucial das corporações na luta contra a desigualdade de gênero e na promoção do bem-estar e produtividade feminina