Por Tatiana Pimenta, CEO da Vittude
A pandemia mudou muitos aspectos da nossa vida, principalmente a forma como trabalhamos. Agora, com a volta aos escritórios mais próxima, é necessário se adaptar a um novo modelo de negócio e corresponder às expectativas do mercado, que também mudou nestes últimos anos.
De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA), 46% das empresas adotaram o home office durante a pandemia. A Vittude, inclusive, foi uma delas. Todos trabalhando em casa, a distância e com total segurança, pelo menos até estarmos vacinados.
Ainda segundo a pesquisa, 29% das organizações pretendem manter esse regime para pelo menos metade dos colaboradores. Eu e nossa equipe decidimos apostar no híbrido (parte do tempo em casa, parte no escritório).
Sabemos que essa mudança será um desafio e que todos terão que passar por esse período de adaptação. Muitas pessoas da equipe nem se conhecem pessoalmente, então imagine a ideia de compartilhar um ambiente! Estamos todos animados, mas é importante ter cuidado e se preparar para acolher todos os medos, dúvidas e preocupações que virão com o retorno à rotina “normal”.
Como fazer isso? Tudo começa colocando os colaboradores no centro. Eles devem ser o foco de todas as decisões.
Qual é o papel da empresa?
Os gestores devem entender as necessidades dos colaboradores e verificar qual a opinião e as preferências deles em relação aos modelos de trabalho. Não há como criar um ambiente confortável se não houver respeito e compreensão, principalmente quando o assunto são as novas perspectivas e a saúde mental de todos
É difícil organizar tudo até um ponto totalmente satisfatório, ainda mais em empresas maiores. Porém, é importante que os colaboradores sintam confiança suficiente para voltar ao escritório.
Uma boa ideia é conduzir pesquisas internas. O RH pode fazer questionários e descobrir o que a equipe espera. De nada adianta todos os times chegarem para trabalhar ansiosos, estressados e sem equilíbrio emocional para executar suas tarefas. Mesmo o que parece mais simples pode se tornar complicado depois de 2 anos praticamente sem sair de casa.
Precisamos lembrar sempre que os casos de ansiedade e depressão se multiplicaram durante o isolamento social. O mais provável é que muitos trabalhadores estejam lidando com questões emocionais que antes não eram tão latentes.
Às vezes, na hora de planejar todas as mudanças, pode ser que falte o cuidado com alguns pontos que parecem “certos”, por isso antes de tudo devem ser avaliados os principais pilares do fluxo de trabalho. Separei alguns abaixo!
Comunicação
Percebemos, durante o período de isolamento, que conversar por vídeochamada é uma ótima saída. A comunicação funciona, cumpre seu papel e quebra barreiras de tempo e localização. Diante dos benefícios, essa prática provavelmente será comum mesmo após a volta aos escritórios, e deve estar no radar do RH!
Existem pessoas que não conseguem lidar com as famosas “calls”. Há quem fique, inclusive, mais ansioso com esse tipo de chamada do que com o contato pessoal.
Nem todo mundo é obrigado a saber trabalhar bem com a videoconferência. A dificuldade pode ser uma questão complexa e fazer com que os colaboradores tenham ainda mais desgosto pela comunicação a distância.
Capacitação e compreensão são palavras de ordem aqui. Precisamos entender as dificuldades, abraçá-las junto aos colaboradores e, então, treiná-los no que for necessário para que se adaptem tanto psicologicamente quanto operacionalmente.
Mudanças de regime
Todos os regimes terão seus problemas. Enquanto o híbrido pode agradar por permitir que o colaborador passe algum tempo em casa, mas não isolado, pode desagradar aqueles que não gostaram da experiência do home office forçado pela pandemia.
Se muitos estiverem em casa no mesmo dia, por exemplo, pode haver uma sensação de vazio no escritório. A melhor saída aqui é a flexibilidade. Testes são válidos! Experimente manter o modelo híbrido por alguns meses, pedindo sugestões para cada trabalhador. Depois, verifique a possibilidade da operação ser totalmente remota ou presencial.
Não dá para levar em conta somente os resultados ou metas aqui. O equilíbrio é necessário, até mesmo porque o modelo influenciará as ações internas da empresa.
Já são dois anos com os colaboradores da Vittude “isolados”, e se tem algo que eu aprendi nesse tempo, e até vendo como nossos clientes evoluíram, é que o apoio é o mais importante.
Muito acima de como todos irão performar e se um ou outro cliente poderá ser atendido presencialmente ou não, está a questão emocional de cada um. Todos estão preocupados, todos têm medos e precisam ser acolhidos e compreendidos.
O RH e a Gestão de Pessoas precisam estar preparados para lidar com condições que, talvez, nunca tenham presenciado. Há quem esteja com medo do transporte público, ou que passará por momentos de preocupação excessiva ao deixar alguém sem cuidado em casa, como mães e pais solteiros, por exemplo.
Mostre que essas áreas estão lá para apoiá-los e ajudá-los. Que cada pequena atitude foi pensada neles, e em mais ninguém. Isso é o melhor a se fazer. Assim, a volta aos escritórios será eficiente e tranquila, e a transição será, acima de tudo, saudável para todos.