Flexibilidade como estratégia: como empresas podem reter talentos e manter a produtividade em um cenário onde o modelo 100% presencial enfrenta resistência crescente.
A resistência ao modelo 100% presencial está se tornando um dos principais desafios para as empresas no pós-pandemia. Segundo o 8º relatório anual “State of Hybrid Work”, da Owl Labs, 27% dos profissionais nos Estados Unidos estão buscando novas oportunidades, muitas vezes devido à insatisfação com políticas de retorno ao escritório. Entre os trabalhadores, 50% acreditam que a presença física é exigida apenas para justificar o uso de imóveis corporativos.
A nova realidade do trabalho: o impacto nas empresas
Durante a pandemia, o trabalho remoto tornou-se uma necessidade e, para muitos, revelou-se um modelo mais eficiente e satisfatório. Hoje, cinco anos após o início da pandemia, o retorno total ao presencial está enfrentando resistência. O relatório aponta que 62% dos gerentes acreditam que as equipes são mais produtivas em modelos híbridos ou remotos.
Para Carolina Valle Schrubbe, fundadora da QUARE e especialista em desenvolvimento de pessoas, o cenário atual exige uma avaliação cuidadosa das políticas corporativas. “A flexibilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade. Empresas que ignoram essa realidade podem enfrentar alta rotatividade e queda no engajamento”, afirma Carolina.
A insatisfação do colaborador e as novas prioridades
Entre os trabalhadores, a insatisfação com o retorno ao presencial vai além da logística. Aumento salarial (41%), trajetos mais curtos (28%) e ambientes mais privativos são algumas das condições que poderiam atrair 91% dos profissionais para o modelo presencial, segundo o estudo.
Além disso, o custo financeiro de trabalhar presencialmente pesa para os profissionais. Dados do relatório mostram que um trabalhador híbrido gasta, em média, US$61 por dia no escritório, enquanto o home office custa apenas US$19. Essa disparidade tem levado muitos a buscar compensações financeiras ou optar por maior flexibilidade.
Por outro lado, cerca de 20% dos trabalhadores têm estabelecido limites claros para evitar a cultura de disponibilidade constante. Isso inclui não responder a comunicações corporativas fora do horário de trabalho, um reflexo do desejo por equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Soluções para o RH: retenção e engajamento na era da flexibilidade
Carolina Valle destaca que as empresas precisam ir além de benefícios superficiais para convencer seus colaboradores a permanecerem engajados. “Se a presença física for indispensável, oferecer condições atraentes, como salários competitivos, oportunidades de desenvolvimento e boas condições de trabalho, é essencial para reter talentos.”
A flexibilidade também se tornou crucial para o sucesso organizacional. Modelos híbridos permitem que os colaboradores adaptem seu trabalho ao estilo de vida, aumentando a satisfação e a produtividade. “O escritório tradicional não é mais a única solução. O foco deve ser na dedicação e no engajamento, independentemente de onde o colaborador esteja”, reforça a especialista.
O custo do turnover e a lição para o futuro
A alta rotatividade, alimentada por políticas inflexíveis, representa um custo significativo para as empresas. Desde o recrutamento e treinamento até a perda de produtividade, o impacto financeiro e operacional é elevado.
Para prosperar, as organizações precisam adotar políticas de trabalho que atendam às expectativas dos profissionais. “A flexibilidade não é apenas uma questão de conveniência, mas um elemento estratégico para atrair e reter talentos. Empresas que investirem em um ambiente de trabalho adaptável estarão mais preparadas para os desafios do futuro”, conclui Carolina.
Adaptar-se à nova realidade do trabalho é uma questão de sobrevivência no mercado. O foco no equilíbrio entre flexibilidade, produtividade e engajamento é o caminho para criar um ambiente corporativo sustentável e competitivo.