Os desafios na atração de talentos tornam-se cada vez mais evidentes
Roberta Saragiotto, Diretora de People e Strategy da Start Carreiras
O Brasil, com sua ampla e diversificada população, enfrenta desafios consideráveis no que diz respeito à empregabilidade dos jovens. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, existem cerca de 35 milhões de pessoas com idades entre 14 e 24 anos no país. No entanto, apenas 14 milhões delas têm alguma forma de ocupação, o que reflete uma realidade complexa envolvendo estudo, trabalho e formas informais de emprego.
Ao explorar essas estatísticas, observamos um panorama diversificado que reflete não apenas a busca por ocupações, mas também as disparidades de gênero e etnia que permeiam a realidade. O resumo é: temos jovens que dedicam-se integralmente aos estudos, outros que já trilham os caminhos do mercado de trabalho e, infelizmente, um contingente expressivo que se encontra sem ocupação.
Em paralelo a isso, temos o cenário empresarial, que busca uma solução eficiente para equilibrar essa busca por oportunidades em uma realidade de constante transformação. A contratação de estagiários torna-se não apenas uma estratégia, mas uma necessidade crescente para as organizações que buscam se manter ágeis e inovadoras. Em 2024, observamos uma evolução nas práticas de recrutamento, onde as empresas começam a enxergar os estagiários não apenas como mão de obra temporária, mas como investimentos fundamentais para a construção do futuro profissional da empresa.
O mercado de trabalho está em constante metamorfose, com novas tecnologias, demandas e competências emergindo a cada dia. Oferecer oportunidade ao estudante vai além da simples busca por suporte operacional – na verdade, é um investimento estratégico na formação de profissionais que darão forma ao futuro da organização. Ao iniciar pela base, as empresas garantem que os futuros líderes e especialistas possuam uma compreensão profunda da cultura organizacional e estejam alinhados com as metas a longo prazo – mas também é fundamental entender o perfil: estamos falando da Geração Z, mais antenada, tecnológica, com novas perspectivas e ideais.
Desafios e oportunidades na atração de talentos emergentes
Os desafios na atração de talentos tornam-se cada vez mais evidentes. A competição por estagiários qualificados aumenta, e as empresas buscam estratégias inovadoras para atrair os melhores candidatos. No entanto, a visão de longo prazo prevalece, com organizações reconhecendo que o investimento em universitários não é apenas sobre preenchimento de vagas temporárias, mas sobre construir um conjunto de habilidades e uma mentalidade que contribuirá para o crescimento sustentável.
A abordagem proativa de muitas empresas para este ano consiste em estabelecer parcerias estratégicas com instituições educacionais, criando programas de estágio mais robustos e oferecendo experiências de aprendizado significativas ao proporcionar oportunidades de desenvolvimento profissional e mentorias eficazes.
Estratégias para investir no potencial futuro dos estagiários
As estratégias de contratação de estudantes evoluíram para além da simples seleção com base em habilidades técnicas. As empresas agora reconhecem a importância de avaliar as soft skills, a adaptabilidade e o potencial de crescimento dos estagiários. Iniciar pela base não é apenas sobre preencher posições de nível inicial, mas construir uma força de trabalho resiliente e preparada para enfrentar os desafios futuros.
Um aspecto crucial dessas estratégias é a personalização. As empresas estão abandonando abordagens genéricas de recrutamento e adotando processos seletivos que levam em consideração as aspirações individuais dos estagiários. Isso não apenas atrai os candidatos certos, mas também cria um ambiente onde o desenvolvimento pessoal e profissional é priorizado desde o início – o que, inclusive, reduz a taxa de turnover (causada, muitas vezes, porque o candidato não tem fit cultural com o negócio).
Fica cada vez mais claro que o foco no futuro é a essência dessa evolução. Iniciar pela base não é apenas uma estratégia inteligente para preencher posições de nível inicial, mas uma abordagem que constrói alicerces sólidos para o crescimento organizacional. Ao investir no potencial dos estagiários, as empresas estão moldando não apenas suas equipes, mas o futuro da própria empresa.